terça-feira, 11 de novembro de 2008

UMA OPINIÃO SENSATA



Barak Hussein Obama Jr.

Ricardo Giuliani Neto

“O que me preocupa não é o grito dos violentos. É o silêncio dos bons.” Martin Luther King Jr.
A luta pelos direitos civis nos Estados Unidos merece ser revisitada sempre e sempre. Mais agora quando o Império elege para o seu topo institucional um negro de descendência muçulmana. A eleição de Barak Obama, em certa medida, é a coroação de uma luta centenária contra a discriminação e a segregação racial nos Estados Unidos.

Malcolm X e Martin Luther King Jr., entre tantos outros negros e brancos, devem ser celebrados nesse momento.

Malcolm X —negro pobre— passou a infância e a adolescência no Harlem em Nova Iorque. Diante de todo tipo de privações conviveu num mundo de crimes e preconceitos. Preso, sai da cadeia como um dos mais carismáticos líderes negros americanos. Defende o separatismo racial, chegando a sustentar a criação de um Estado autônomo negro. Após 1964, depois de uma viagem a Meca, assume a defesa de posições conciliatórias, onde afirma a necessidade do reconhecimento dos direitos civis dos negros. À BALA, é assassinado em 1965. O movimento Black Power, nos anos 70, é referência da sua luta.

Matin Luther King Jr., pastor da Igreja Batista, formado em teologia, dedicou-se ao protesto não violento. Entra na luta pelos direitos civis quando se envolve em manifestação para assegurar o acesso de negros ao transporte público na sua cidade. Em função disso teve sua casa bombardeada. É preso sob a acusação de desordem pública. E, durante a vida —inúmeras vezes— estará na cadeia por defender os direitos dos negros (lembremo-nos de Nelson Mandela).

Da “marcha para Washington” pelos direitos civis faz eliminar os subterfúgios que impediam os negros de votarem; nasce a “Lei dos Direitos de Voto”. Falo em 1965, portanto, segunda metade do século passado!!!

O mundo reconheceu a luta pelos direitos civis nos EUA agraciando-o, em 1964, com o Nobel da PAZ. À BALA, é assassinado, em 1968, em Menphis.

Barak Obama, negro —pai Queniano e mãe Americana— está eleito Presidente dos Estados Unidos, onde a população negra representa não mais que 12% do eleitorado. O Império tem um novo Presidente e o mundo, um montão de expectativas. Há uma quebra de paradigmas do tamanho da máquina de guerra americana.

O principal cabo eleitoral de Obama foi a estupidez de Bush. Quero dizer, a quebra de paradigmas ocorre por uma combinação de fatores que são próprios da política. Os fatores da conjuntura indicam que, se por um lado, há uma afirmação de uma postura civilizada que não encolhe as pessoas em vista de sua raça, há também uma crise monumental no Império que retirou as possibilidades de vitória do Herói de guerra McCain. Se o tema da campanha fosse a guerra do Iraque, é possível que as coisas fossem diferentes. Mas a quebra de gigantes financeiros e a bancarrota da “credibilidade” frente às famílias da classe média americana modificaram a pauta da campanha e Obama conseguiu não só a vitória, mas uma vitória retumbante, capaz de galvanizar apoios ao redor do mundo e mais do que isso, o apoio do eleitor branco dos Estados Unidos.

No Mississippi, Lousiana, Geórgia e na Carolina do Sul, Obama foi derrotado. Detalhe: são Estados com a maior população negra. Já no distrito de Colúmbia, onde 56% da população é negra, deu Obama. Isso quer dizer que há um sem número de paradoxos a serem resolvidos dentro da nação americana e entre os americanos.

As análises políticas surgem de todas as formas. Algumas tão rasas que não cobririam as canelas de uma formiga. A mídia, pra variar, é ufanista ao ponto de agregar certo messianismo na figura de Obama. Acreditem! Obama não é o salvador da pátria!

Todavia, se os paradoxos americanos estão aí, eles devem se prestar, pelo menos, para que o mundo melhore. Reconhecer a questão racial nos Estados Unidos é dar um passo a frente em termos de humanidade; e a eleição de Barak Obama se presta para marcar a essa superação simbólica. Guantánamo precisa ruir. O Iraque deve ser libertado. Cuba deve voltar a respirar. Etc. etc. etc.

Se é verdade que Obama não salvará o mundo, verdade é que assumiu, frente a esse mesmo mundo, grandes responsabilidades políticas. As políticas meramente externas devem ceder espaço ao direito internacional. O unilateralismo deve perecer frente ao multilateralismo.

Mas a institucionalidade americana é riquíssima e não permite que um homem só possa fazer o que bem entender dentro da Presidência da República, mesmo detendo o controle do Congresso, hoje, com maioria folgadamente Democrata.

O que interessa por enquanto é afirmar esse marco histórico. Vale a pena celebrar. Vale a pena ter um sonho e “Eu tenho um sonho”, disse o Luther King Pastor, “nós acreditamos que esta verdade seja evidente, que todos os homens são criados iguais”. Celebremos!!!

Mas celebrar não nos pode fazer esquecer que não há nada mais parecido com um Republicano que um Democrata no poder.

Sugestão de Leitura: A Revolução dos Bichos. George Orwell.

Segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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