Mão Santa acusa Polícia Federal de 'Estupidez'
O senador Mão Santa (PMDB-PI) admitiu nesta segunda-feira que doa parte da cota mensal de passagens aéreas que recebe do Senado para eleitores do Piauí que realizam tratamento de saúde em Brasília. O senador disse que, por ser uma "pessoa de bem", não vê como irregularidade repassar aos seus correligionários passagens aéreas que deveriam ser utilizadas pelo próprio parlamentar.
"Obedecendo o limite [da cota de passagens aéreas] eu dou passagens sim. Sou do bem, só faço o bem", afirmou.
Como terceiro-secretário da Mesa Diretora do Senado, Mão Santa tem direito à cota mensal da ordem de R$ 21 mil para a compra de passagens aéreas.
O senador disse que, por ser bem relacionado com diretores do Hospital Sarah Kubistchek, em Brasília, tem por hábito solicitar atendimento para eleitores do Piauí que lhe pedem ajuda para a realização de tratamento médico. Mão Santa disse que repassa aos eleitores parte da cota que não é utilizada por ele para o retorno ao seu Estado de origem. "Eu peço no gabinete, eles [seus funcionários] solicitam ao Senado que emite as passagens", explicou.
Reportagem da Folha publicada nesta segunda-feira afirma que os deputados e senadores recebem, como cota mensal para passagens aéreas, valores que permitem a aquisição de mais de 30 bilhetes no final do mês.
Na Câmara, a verba fixa varia de R$ 4.700 a R$ 18,7 mil. No Senado, de R$ 13 mil a R$ 25 mil. As duas Casas remuneram os parlamentares do Distrito Federal -que não precisam voar para suas bases.
O grupo de 54 congressistas-integrantes da Mesa, seus suplentes e os líderes partidários, como Mão Santa, tem direito a um repasse adicional, que pode chegar a R$ 13 mil. A cota aérea é paga conforme o Estado do parlamentar e se ele ocupa ou não posto de destaque nas duas Casas. Na atual legislatura, o valor varia de R$ 4.700 a R$ 33 mil.
Em 2008, a Câmara desembolsou R$ 80 milhões sob essa rubrica. O Senado, bombardeado nas últimas semanas por denúncias de mau uso dessa e de outras verbas de apoio ao trabalho parlamentar, se recusou a fornecer o dado.
A Folha consultou as tarifas médias das principais companhias aéreas do país, TAM e Gol, usando como critério valores médios da tarifa para compra com um dia de antecedência, e constatou que, em média, os deputados conseguiriam adquirir 13 passagens ida e volta/ mês, e os senadores, 17.
Camargo Correa
Sobre a denúncia de que um dos seus assessores teria cobrado depósitos feitos pela construtora Camargo Correa para a utilização em campanha política, o senador classificou a denúncia de "estupidez" por considerar que as doações são legítimas quando declaradas ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral).
"Isso foi uma estupidez, uma falta do que fazer da Polícia Federal. Um assessor meu pode pedir dinheiro e ele pediu", afirmou.
Mão Santa disse que os recursos recebidos pelo assessor foram declarados à Justiça Eleitoral.
A Polícia Federal, no entanto, suspeita que a doação seja ilegal depois de interceptar conversa do assessor parlamentar com o representante da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) em Brasília --que supostamente intermediava as relações com a Camargo Correa.
Folha Online
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