sexta-feira, 3 de abril de 2009

Cortina de fumaça


03/04/2009

Gilberto Nascimento

Uma farta documentação apreendida por policiais comprova a prática de crimes financeiros e lavagem de dinheiro pelos diretores da Construtora Camargo Corrêa. Várias mensagens de fax e e-mails interceptadas na Operação Castelo de Areia se constituíram em provas “incontestáveis” e os acusados já podem até ser denunciados, no entendimento do Ministério Público Federal.

As doações ilegais feitas pela empreiteira ainda precisam ser investigadas, segundo a procuradora da República Karen Louise Kahn. Essa apuração cabe ao Ministério Público Eleitoral, para onde serão enviados os documentos apreendidos.

Quatro diretores da Camargo Corrêa, duas secretárias e três doleiros responsáveis por remessas irregulares de dinheiro ao exterior foram presos pela PF na quarta-feira 25, e soltos três dias depois, por decisão da desembargadora Cecília Mello, da 2ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região. Na divisão de forças na Justiça, a desembargadora milita nas hostes contrárias à do juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Criminal, autor do pedido de prisão.

A exploração política do caso em razão da denúncia de doações ilegais foi vista por integrantes do MP como uma tentativa de desviar o foco da denúncia principal, de evasão de divisas. Para os procuradores, a mudança beneficia apenas os acusados.

“O viés político conferido a essa operação gerou ao Ministério Público a impressão de que poderia haver interesse no deslocamento do procedimento para instâncias superiores”, diz a procuradora Karen Kahn.

Durante as investigações, a Polícia Federal constatou as remessas irregulares de dinheiro pela empreiteira a políticos e a sete partidos: PSDB, DEM, PMDB, PPS, PSB, PDT e PP. A oposição chiou pelo fato de o PT não aparecer na relação. Segundo a PF, o partido foi citado numa gravação, mas em um contexto em que se falava sobre recibos de doações, o que faz imaginar que seriam legais. Assim, oposicionistas denunciaram um suposto objetivo político da PF.

*Confira a íntegra desta reportagem na edição impressa de CartaCapital.

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