Senado paga R$ 1 milhão a empresas de táxi aéreo em 4 anos
O Senado Federal pagou pouco mais de R$ 1 milhão a diversas empresas de táxi aéreo desde 2005. As ordens bancárias emitidas pela Casa referem-se a “fretamento de aeronave”, “fretamento de táxi aéreo”, “transporte aéreo”, entre outras descrições. Em algumas ocasiões, essas ordens bancárias mencionam nomes de senadores, mas na maioria os beneficiados não são identificados.Na pesquisa realizada pelo Contas Abertas foram encontrados apenas os nomes dos senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Heráclito Fortes (DEM-PI), Mão Santa (PMDB-PI) e do ex-senador Maguito Vilela (PMDB-GO), hoje prefeito de Aparecida de Goiânia. Tasso, conforme mostrou reportagem do jornal Folha de S.Paulo de ontem, recebeu cerca R$ 470 mil. Heráclito recebeu R$ 48 mil, Mão Santa - R$ 18,5 mil e Maguito Vilela - R$ 62,5 mil. Entre 2005 e 2009, ordens bancárias emitidas para empresas de táxi aéreo, sem informar os usuários, somam R$ 574,1 mil, ou seja, a maioria do montante pago no período. Clique aqui para ver a tabela com os valores.
Por isso, a menção desses nomes não significa necessariamente que apenas esses parlamentares usaram os serviços de táxi aéreo, pois em diversas oportunidades as ordens bancárias mencionam “fretamento de aeronaves”, sem indicar o beneficiado. Prova disso é que dois outros senadores admitiram, ontem, que alugaram aviões para se deslocarem em atividades parlamentares – o senador Mário Couto (PSDB-PA) e Jefferson Praia (PDT-AM), que afirmou ter alugado um jatinho para viajar ao interior do Amazonas, onde não há rotas de aviões de carreira.Outro detalhe curioso é que o nível de detalhamento das ordens bancárias (OBs) lançadas no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira) se altera em período de meses.
Pessoas responsáveis pelo lançamento das OBs citam o nome do senador beneficiado em algumas ocasiões e deixa de apontar em outras. É o caso, por exemplo, da lançadora de OBs do Senado no Siafi “Talitha”, que em maio de 2005 lançou uma ordem bancária de R$ 24,7 mil “referente ao serviço de táxi aéreo”, sem identificar o beneficiado, e que em setembro do mesmo ano emitiu R$ 18,1 mil para “pagamento de uma aeronave para o senador Tasso Jereissati no trecho São Paulo/Rio/São Paulo”. O lançador de OBs no Siafi – função desenvolvida por pessoas em órgãos públicos federais e entidades vinculadas – apenas recebe a documentação pronta, entregue por superiores, para lançar no sistema.O levantamento do Contas Abertas, com dados atualizados até o dia 1º de abril de 2009, identificou ainda 11 empresas de táxi aéreo que realizaram serviços pagos pelo Senado entre 2005 e 2009. São elas: Voetur Táxi Aéreo, TAM Táxi Aéreo Marília, Aerotec Táxi Aéreo, Ceara Táxi Aéreo, Sociedade de Táxi Aéreo Weston, Líder Táxi Aérea – Air Brasil, JK Táxi Aéreo, Mato Grosso do Sul Táxi Aéreo, Sete Táxi Aéreo, Icaro Táxi Aéreo e Amapil Táxi Aéreo.
Clique aqui para ver quanto cada uma recebeu.“Não há irregularidades”O corregedor-geral do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), disse que o fretamento de vôos por parlamentares não é caso de investigação porque não há irregularidades. “É um problema pessoal; questão ética e pessoal. Se não há impedimento, o cidadão que decide se pode ou não”, afirmou.
A assessoria de imprensa do senador Mão Santa confirmou o uso de jatinhos e informou que os gastos são amparados pela Mesa do Senado e que constam dentro da sua cota de passagens. Segundo a assessoria, as viagens foram realizadas para atividades exclusivas no cumprimento de sua atividade parlamentar, no Piauí, “estado com extremidades territoriais que ultrapassam 1,4 mil quilômetros”, ressalta.Já o senador Heráclito Fortes afirmou ontem à Globo News que é comum parlamentares fretarem vôos para lugares de difícil acesso e que a prática não é ilegal. A assessoria de imprensa do parlamentar informou que solicitou ao gabinete levantamento desses gastos para aprofundar o assunto. Até o fechamento da matéria, o ex-senador Maguito Vilela não se manifestou sobre o tema.
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