segunda-feira, 25 de maio de 2009

Conexão Walna indica por que aliados de Yeda não querem CPI

25 DE MAIO DE 2009


“Misteriosa”, “toda-poderosa”, “braço-direito da governadora”: essas são algumas das expressões utilizadas para definir o papel de Walna Villarins Meneses, atual coordenadora de ações administrativas do gabinete de Yeda Crusius (PSDB) (na foto, atrás da governadora). Neste sábado (23), o nome de Walna voltou ao noticiário com a matéria de Adriana Irion, publicada em Zero Hora.

Por Marco Aurélio Weissheimer, no RS Urgente*



Yeda e a ''poderosa'' Walna Villarins Segundo a matéria, nas investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, na Operação Solidária, há gravações de conversas entre Walna Villarins e Neide Viana Bernardes, indiciada por crimes como formação de quadrilha, corrupção e crimes previstos na lei de licitações. Neide Bernardes é apontada como responsável pelo repasse de dinheiro da Magna Engenharia, também investigada na Solidária, para Chico Fraga (PTB), ex-secretário-geral do governo Marcos Ronchetti (PSDB) em Canoas.

Ainda segundo a matéria, nestas conversas, Walna e Neide utilizam termos como “flores”, “arranjos”, “bonsai” e projeto de jardim” para ocultar negociação ilícita de valores. Além disso, falam sobre idas a banco e complicações para fazer uma transação envolvendo uma conta bancária. Um dos trechos publicados na matéria revela a seguinte conversa:

– Walna: Você vai a algum banco hoje?

– Neide: Não.

– Walna: Aquele lá numa conta seria complicado né?

– Walna: E eu vou ter a tempo?

– Neide: Eu te ligo em seguidinha, tá bem?

Nas investigações da Solidária, Neide é apontada como responsável por tratar de interesses da Magna em supostas fraudes. Walna Vilarins seria o elo de ligação entre o governo do Estado e investigados por crime de fraude em licitações, entre outros. Estão sendo investigados, entre outros, os peemedebistas Eliseu Padilha, Alceu Moreira e Marco Alba.

O esquema montado para fraudar licitações nas áreas de pavimentação, saneamento e irrigação teria desviado cerca de R$ 400 milhões. As investigações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal apontam ainda para a participação de pessoas muito próximas à governadora.

Além de Walna Villarins, também estão sendo investigados Delson Martini, ex-tesoureiro do PSDB e ex-secretário-geral do governo, a ex-secretária estadual adjunta de Obras, Rosi Guedes Bernardes e Chico Fraga, que foi coordenador de transição do governo.

O nome de Walna Villarins também aparece no caso da morte do ex-chefe do Escritório de Representação do Rio Grande do Sul em Brasília, Marcelo Cavalcante. Entre 2002 e 2006, Marcelo e Walna trabalharam juntos no gabinete da então deputada federal Yeda Crusius. Ambos trabalharam na campanha eleitoral de 2006 e, com a vitória de Yeda, passaram a integrar o governo, ele em Brasília e ela em Porto Alegre, no Palácio Piratini.

A viúva de Marcelo Cavalcante, Magda Koenigkan, disse ao Jornal Já que, no final de 2008, Walna Villarins esteve em Brasília onde conversou com Marcelo. “Em novembro ou dezembro eles tiveram encontros. Mas não sei se foi sobre política”, declarou Magda. Walna voltou a Brasília no dia 17 de fevereiro, quando o corpo do ex-assessor foi encontrado no lago Paranoá.

Nas denúncias feitas pelo PSOL, em fevereiro deste ano, o nome de Walna Villarins aparece mais uma vez. Ela apareceria, junto com Delson Martini, em gravações de áudio e vídeo, distribuindo pacotes de dinheiro, apelidados de “mensalinho”. Marcelo Cavalcante e Lair Ferst seriam testemunhas do fato.

O foco do requerimento de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, apresentado pela bancada do PT na Assembléia Legislativa propõe a investigação dessas denúncias levantadas a partir da Operação Solidária e suas possíveis conexões com a Operação Rodin, que denunciou a fraude no Detran. Há indícios de que os personagens nas duas fraudes são os mesmos.

Essa é a razão central pela qual PSDB, PMDB e seus aliados trabalham para evitar a CPI. A governadora Yeda Crusius chama a tudo isso de “denúncias requentadas”. O líder do PMDB no Rio Grande do Sul, senador Pedro Simon, prefere a expressão “briguinha interna”. O fato é que não param de aparecer indícios de uma fraude milionária contra o Estado patrocinada por agentes públicos e empresas privadas. Uma fraude que pode se transformar no maior escândalo político da história do RS.

* Fonte: http://rsurgente.opsblog.org

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