quarta-feira, 27 de maio de 2009

CPI DO PSDB:Uma CPI na contramão


27/05/2009


A popularidade do presidente Lula e a sua credibilidade mundial parecem estar levando a oposição ao desespero. A julgar por sua iniciativa de criar a CPI da Petrobras no Senado, demonstra que não aprendeu com a história recente. A oposição, à frente o PSDB, não poderia escolher pior momento e o mais insensato alvo para atacar o presidente Lula e tentar enfraquecer a ministra Dilma Rousseff para a sua sucessão.

O alvo Petrobras atinge o imaginário popular que tem a empresa estatal do petróleo como símbolo e orgulho nacionais. Além disso, antecipa a agenda política eleitoral recolocando o debate sobre a privatização da empresa e a política de estado mínimo – neoliberal - enterrada pela crise financeira e econômica internacional e que, no Brasil, foi levada ao extremo pelo governo liderado pelos tucanos, na década de 90.

Além de precipitar a agenda, ingenuamente de forma açodada, o faz sob o impacto da doença da ministra da Casa Civil, que, à frente do Ministério das Minas e Energia, comandou o soerguimento da Petrobras internacionalmente como símbolo da produção de energia, das novas descobertas, de eficiência econômica e responsabilidade social.

Em 2006, no segundo turno da eleição presidencial, a disputa que inicialmente parecia difícil, tornou-se relativamente fácil por duas razões principais, muito além do Bolsa Família e da economia estável: a ideologização da campanha (Estado versus mercado) e o engajamento dos movimentos sociais no pleito.

Como Collor, no processo de impeachment, ao chamar o povo às ruas de verde e amarelo mobilizou-o de preto contra o seu mandato, a oposição ao governo Lula, involuntariamente, consegue iniciar a mobilização da população, através do movimento sindical e dos movimentos sociais, para a defesa da Petrobras, contra a CPI e por um novo marco regulatório nacional do petróleo, na qual cinco mil pessoas manifestaram-se, no Rio de Janeiro, conclamadas pela FUP, CUT, MST e outras organizações.

A CPI da Petrobras está na contramão do enfrentamento da crise mundial. Se não houver surpresas, até o final deste ano, o efeito virá nas pesquisas de opinião, que poderão confirmar o crescimento ainda maior da ministra Dilma junto à população.

Osvaldo Russo, estatístico, é coordenador do Núcleo Agrário Nacional do PT

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