quarta-feira, 10 de junho de 2009

Fica Lula, fica!



Mais um idiota a sugerir que Lula quer, sim, o terceiro mandato.Tem jeito não, por mais que Lula insista que não quer um terceiro mandato, mas esses jornalistas estúpidos insistem em dizer que sim. Falam que os passos de Lula levam a isso, mas não apontam nem sequer um passo, é tudo na base do chutômetro, como diz o sabujo que assina este artigo: "se colar, colou".A propósito, o PIG vive dizendo que Lula, que o PT não prestam, mas dá como certa uma vitória de Lula, caso seja aprovado o referendo(veja que a PEC não para manter Lula no cargo, mas para consultar a população sobre esta possibilidade) do terceiro mandato. Ora, onde já se viu chutar cachorro morto?As opiniões desses sabujos do imprensalão são tão idiotas que sinto vontade de gritar:Fica Lula, fica!

O ''se colar, colou'' de Lula e Dilma

José Nêumanne

O Estado de S. Paulo - 10/06/2009

"O governo pode continuar sem ter terceiro mandato", pontificou a chefe da Casa Civil e candidata lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à própria sucessão, Dilma Rousseff, num almoço sábado, na casa da ex-prefeita petista de São Paulo Marta Suplicy, com apresentadoras de programas de televisão. A frase é significativa, porque justifica esta nova onda de queremismo que assalta o noticiário político nacional desde que o deputado Jackson Barreto (PMDB-SE) obteve o número suficiente de assinaturas para seu projeto de emenda constitucional para permitir a nova reeleição de Lula em 2010. A frase expõe a evidência que o chefe dela tem feito o possível para ocultar nas declarações dúbias que faz a respeito do delicado tema: a tática eleitoral sucessória do governo petista é ficar no poder. Se a manobra golpista der certo, ele aceitará, constrangido, o dever de permanecer no posto. Se o calendário não a permitir, o jeito será transferir o voto para ela. "Se colar, colou."

Há obviamente um ventríloquo atrás da retórica da ministra. Quando disse, por exemplo, que o terceiro mandato de Lula não é um projeto de governo, mas não há como impedir que as pessoas tomem iniciativas, ela reproduziu o álibi que parece conduzir as palavras e obras presidenciais quando se trata de sua permanência. Ele não quer ficar, mas muita gente quer. Muita gente significa o quê? O eleitorado, que celebra o atual ocupante no poder com uma popularidade consagradora e inusitada? Ou a corte palaciana, constituída pelos dirigentes partidários da base situacionista, pelos dirigentes sindicais que ocupam os bons empregos da burocracia estatal, seus parentes e companheiros? Ou as duas coisas?

João Santana, o letrista Patinhas, parceiro de Gereba no grupo musical Bendegó, desembarcado no planeta musical do Sudeste nos anos 70, e substituto de outro baiano, Duda Mendonça, que caiu em desgraça por causa dos pagamentos que recebeu por fora e fora do País, foi, na certa, encarregado de colar neste continuísmo a garantia do apoio popular. Ele sabe que é forçar a barra, como se diz na gíria, considerar como iguais o apoio ao presidente e a aceitação da quebra do preceito constitucional para mantê-lo no poder. O Datafolha deixou clara essa distinção ao constatar um apoio de 47% dos eleitores brasileiros ao projeto queremista versus 49% contra. Dilma, Patinhas e Lula podem não ser gênios da aritmética, mas sabem que 49 é mais que 47. Embora também estejam escolados o suficiente para saber que, em termos de pesquisa, isso representa um empate técnico. Seja como for, o citado levantamento não registra uma vontade política (para usar uma expressão da linguagem petista pré-governo) maciça da sociedade brasileira que justifique uma intervenção golpista na ordem institucional vigente.

Apoio inquestionável à permanência do chefe à frente do governo depois de 2011 é, sim, dos chefões dos partidos para cujos quadros o presidente duas vezes eleito abriu vagas na burocracia e alguns forrados cofres da viúva. Isso não basta para subverter o preceito constitucional da única reeleição e Lula, Patinhas e Dilma não o ignoram. Muito menos para alterar o calendário da possibilidade da mudança. Daí, o "se colar, colou": "se não der para que tudo fique como está com Lula, é possível deixar tudo como está com Dilma." Não importa esclarecer se o "plano B" é Lula de novo ou Dilma no lugar. Como todo "criador", noço guia deve ter a ilusão de que sua candidata permitirá que ele próprio continue pilotando o barco com a desenvoltura de hoje. Talvez por isso repita tanto que não quer ficar no poder, embora deixe muitas pistas de que não pensa em outra coisa.

Tolo é pensar que a confusão que Sua Excelência faz entre parlamentarismo e presidencialismo, ao reclamar da falta para presidentes da boa vontade gozada pelos primeiros-ministros, resulta de seu desconhecimento do funcionamento dos sistemas políticos. Lula tem consciência de que comparar a longevidade no poder de Margaret Thatcher ou Helmut Kohl com o dispositivo constitucional que só lhe permite uma reeleição se assemelha a comprar uma penca de bananas e levar uma bacia de laranjas. Proposital, tal confusão não resulta da ignorância do líder, mas na aposta que ele faz na ignorância do liderado.

Da mesma forma, quando faz troça da oposição, acusando-a de temer o referendo popular que autorizaria o golpe continuísta, o presidente investe na falácia de que seguir os preceitos institucionais da Constituição de 1988 é menos democrático que rompê-los para atender aos clamores "queremistas" da sociedade. As aspas são usadas para lembrar que tais clamores não são majoritários, apesar de ser a popularidade dele indiscutível.

Ao defender a proposta de seu amigo Hugo Chávez, autorizado pelo Congresso venezuelano a disputar mandatos sucessivos e ilimitados, Lula deixa explícito que é blague a condenação que faz ao terceiro governo aqui, quando diz que quem o obtiver poderá tentar o quarto, o quinto, o sexto e daí por diante. A coerência não é seu forte, mas seria um exagero imaginar que ele não tenha percebido o absurdo de rejeitar para si próprio o que aceita para o vizinho. É o caso de pensar que o chefe do governo brasileiro aposta seu cacife na tática adotada pelo "Velho Guerreiro" Chacrinha: "confundir para comunicar."

O debate sobre terceiro mandato é um achincalhe à democracia e a estratégia de comunicação de atribuir à candidatura Dilma o condão de continuar sem ruptura institucional, um lance legítimo do jogo de xadrez da disputa correta pelo poder no Estado Democrático de Direito. Talvez tenha o condão de operar o milagre da transposição do apoio a Lula para votos em Dilma. Só que, para tanto, Lula precisa esclarecer, de uma vez, que não há "plano B" em seu projeto para 2010.

José Nêumanne, jornalista e escritor, é editorialista

2 comentários:

Anônimo disse...

É muita desfaçatez! O golpe do terceiro mandato segue em marcha batida, e eles - o desgovernante da República Sindicalista do Grotão e sua fiel timoneira - fingem que não têm nada a ver com o peixe. Na verdade, ao que tudo parece indicar, não há escândalo que tenha sido parido pelo PT depois que foi sequestrado pela dupla Lula-Dirceu e sua turminha brava - desde os desvios do FAT e o do consórcio CPEM- prefeituras petistas, passando pelos assombrosos delitos do financiamento ilícito de campanhas, do valerioduto, do mensalão, dos dossiês, dos cartões corporativos, e de outros que tais, até à PEC do terceiro mandato -, que não tenha a participação dessa “tchurma”. Ou o PT não é, desde o sequestro, mais do que um capacho do Lula e de seus aloprados? No entanto, como na época do famigerado golpe do mensalão, há forte evidência de que ele, Lula, finge que não vê, não ouve, nem sabe de nada, enquanto, pelo sim ou pelo não, vai tirando polpudos dividendos políticos da farsa golpista ensaiada pelos seus cãezinhos amestrados.
Isso é coisa dessa nova e sórdida classe de políticos brasileiros - a dos "lulo-petucanos” -, que combina o pior dos petistas com o pior dos tucanos. Pode ser que o país dos trouxas engula mais esse sapo, mas sempre haverá alguém como eu que, com a candura de um menino, vai apontar para o rei - ou para o sapo? - e dizer que ele está miseravelmente nu!

Gilvan disse...

Felizmente, nobre comentarista, quem tem 80% de aprovação popular não precisa do voto seu.