sexta-feira, 19 de junho de 2009

O enterro de um factoide



Mas esse Genoíno é uma mensaleiro ingrato, viu. Logo agora, que ele poderia enricar dando um parecer favorável a PEC do Terceiro Mandato, o cara vota contra a pretensão de Lula concorrer a um terceiro mandato.Daqui a pouco vai haver fila no STF de gente querendo depor em defesa de Genoíno, até o anônimo que perambula por estas paragens vai se habilitar a tanto, com direito a tirar foto.


19/06/2009

Mauricio Dias, CartaCapital



Coube ao deputado José Genoino, um petista histórico, acabar com a conversa que, ultimamente, só interessava à oposição: a possibilidade de um terceiro mandato para o presidente. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 367/09, com a permissão para duas reeleições continuadas do presidente, dos governadores e dos prefeitos, apresentada por um deputado da base de apoio do governo, virou um factoide da oposição para atacar um suposto apego de Lula ao poder. Para isso foi calculadamente batizada de “PEC do terceiro mandato”. Isso deixava de considerar que ela precisava ser aprovada, que Lula se candidatasse e que, por fim, vencesse a eleição.

Hipocrisia. O coro oposicionista era puxado pelo PSDB, que, em 1995, aprovou a continuidade do presidente Fernando Henrique Cardoso por mais quatro anos. Valeram-se de uma situação de circunstância para quebrar a regra do jogo. Montaram na farsa do dólar artificialmente barato diante do real, que foi desvalorizado logo após a eleição de FHC.

Mas é verdade também que havia uma ala do PT que iniciou um movimento queremista inflado mais pela resistência à candidatura de Dilma do que pela vontade de manter Lula no poder.

A histórica popularidade do presidente também dava fôlego ao factoide. Há uma referência a isso na descrição do funeral da emenda, escrita por Genoino em onze páginas. Para sustentar a inadmissibilidade da PEC, que, segundo ele, fere princípios caros à democracia, buscou inspiração no pensador italiano Norberto Bobbio. Mais exatamente quando fala, em O Futuro da Democracia – em defesa das regras do jogo, no conjunto de normas mínimas e fundamentais para esse regime, como, por exemplo, a vontade da maioria. É fundamental, mas não é a única. É preciso respeitar a vontade da minoria. Genoino era deputado do PT, em 1995, quando o partido, minoritário na Comissão de Constituição e Justiça, votou contra a ampliação do mandato de FHC. Agora manteve a regra quando podia alterá-la.

Além desse “princípio democrático”, Genoino invocou, também, o “princípio republicano” da periodicidade, temporalidade e rotatividade do poder.

“A democracia é a certeza das regras e a incerteza dos resultados. A quebra de regras, como sabemos, tem sempre como vítima a esquerda”, diz.

Isso significa, também, um freio ao uso do plebiscito previsto na emenda. Não se pode prevalecer de circunstâncias conjunturais, como a enorme popularidade do presidente e a aprovação do governo por grande maioria da população, para mexer nas regras do jogo, principalmente em causa própria.

A oposição sempre soube que Lula tinha força para arrastar apoio nas ruas e no Congresso. As pesquisas mostram a disposição da população. No meio político, a prova foi dada pela rapidez com que a PEC conseguiu apoio para tramitar.

Que os políticos, diplomados e ambiciosos, anotem a bela lição deixada por um operário metalúrgico que, em circunstâncias especiais, chegou ao poder no Brasil e, se quisesse, poderia esticar a permanência nele.

3 comentários:

Anônimo disse...

A PEC do terceiro mandato não passou, desde o início, de uma farsa grotesca, tramada nos porões do Palácio do Planalto com várias finalidades, todas elas tendo por objetivo a glorificação da figura patética do desgovernante e a obtenção de polpudos dividendos políticos para ele, para o seu partido político e para a candidata-botox. Se o custo de semelhante atentado à Contituição não fosse tão alto quanto certamente seria, o "Coronel" Lula da Silva, fiel às suas inclinações absolutistas, não hesitaria em pagar para ver. No entanto, ciente das graves consequências políticas que o golpe acarretaria, simplesmente permitiu que seus aloprados seguissem adiante com a manobra para que ele pudesse posar de democrata, negando, a todo momento, que apoiava a medida e, também, que admitiria ficar, mesmo que fosse essa a vontade de todos. Já no final, embargada a PEC pelo mensaleiro-relator, ele - que, renunciou, democraticamente, à possibilidade de um terceiro mandato-, o PT - que, de golpista, posou de partido fiel à Constituição -, o mensaleiro-relator - que voltou à cena política com um gesto magistral -, a candidata-botox - que vai ter uma acréscimo de transferância de votos com esse ato promocional -, todos eles, enfim, vão auferir os dividendos políticos do factóide que eles mesmos criaram para depois enterrar.
Pensaram em tudo, mas se esqueceram de uma coisa que faz muita diferença: nem todos são tolos no "país dos tolos"!

O TERROR DO NORDESTE disse...

Quem inventou essa história de terceiro mandato não foi o estadista Lula, ao contrário, ele, como o bom democrata sempre rechaçou essa hipótese. Quem criou esse factóide de terceiro mandato foi o PIG e seus fiéis leitores imbecilizados e encabrestados e a oposição corrupta que, numa época não muito distante, pagou R$ 300 mil reais por cabeça a cada deputado federal para aprovar a reeleição do boca de sovaco FHC.Lula só aguarda 2014 para mandar no pedaço de novo.Se Dilma for a vencedora em 2010, em 2014 ela abrirá pra Lula. Se Serra(Deus que nos livre) for o vencedor, só terá direito a um mandato.

Anônimo disse...

Se lhe apraz continuar de olhos vendados, problema seu! E não adianta espernear invocando o fantasma do FHC a cada verdade que é dita a respeito do "Cel." Lula da Silva. Os "erros" que FHC e os "demotucanos" possam ter cometido jamais irão justificar os monstruosos "erros" que Lula da Silva e sua legião de aloprados estão cometendo na desgovernança do país.
Quanto a "Lula mandar no pedaço de novo" caso a candidata-botox seja eleita, não resta a menor dúvida disso, pois, como eu disse em outra parte, ela pode até assumir a desgovernança do país, mas "a caneta" vai permanecer nas mãos do boquirroto "Coronel". O desgoverno terá, então, o botox dela, mas será a cara do "cara". Será, enfim, o tão ambicionado terceiro mandato. Por conta e risco dos tolos do país dos tolos, e a dano de todos nós!