sábado, 20 de junho de 2009

O PT de São Paulo e a saída Ciro Gomes


19/06/2009

Celso Marcondes, CartaCapital

Há dois meses o noticiário da imprensa paulista dava como quase certa a candidatura do deputado Antonio Palocci para o governo do Estado de São Paulo em 2010. Dizia-se que, se inocentado pelo STF no caso da invasão de privacidade do caseiro em Brasília, Palocci seria o favorito de Lula e da maioria das correntes internas do PT. Até aqui o Supremo não se manifestou, mas sumiram as defesas do nome do deputado por parte de lideranças petistas.

Outra opção do partido, a ex-prefeita Marta Suplicy manifestou-se publicamente, afirmando que não é candidata ao governo. Uma terceira hipótese discutida, o senador Aloizio Mercadante, parece se inclinar para a tentativa de reeleição ao senado.

Além destes três, considerados os nomes mais evidentes do PT para a disputa do governo, correm por fora as candidaturas do prefeito de Osasco, Emídio de Souza e do ministro da Educação, Fernando Haddad. O primeiro, ao que tudo indica, apenas para “marcar posição” e conseguir “moeda de troca” para sua corrente, liderada pelo deputado João Paulo. O segundo, para colocar o nome em evidência na mídia visando voos futuros ou uma vaga no parlamento, pois carece de apoio interno significativo dentro do PT.

O que une Palocci, Marta e Mercadante? A certeza de que esta, mais uma vez, é uma eleição para perder. Geraldo Alckmin, bem na frente das pesquisas, ou Gilberto Kassab, - na briga, mas sem declarar – parecem ter muito mais chances de êxito. O PT caminharia para amargar mais uma derrota. Como aconteceu em todas as disputas anteriores ao governo do Estado, com Mercadante, Genoíno, Marta, Zé Dirceu e Suplicy. E Lula, na primeira eleição pós ditadura, em 1982.

Por que uma eleição para perder?

1. Porque o partido ainda não conseguiu ter capilaridade pelo interior do Estado, nem nome forte, nem aliança para vencer o candidato do lado de lá. Que deve ter o PMDB ao lado.

2. Porque o PT não pode partir do principio que do esforço de Lula para transferir votos para Dilma por todo o Brasil vai sobrar tempo para fazer o mesmo em São Paulo, em favor de qualquer um dos candidatos.

3. Porque é em São Paulo que reside a grande força do governador Serra – que em caso de perspectiva de desastre na candidatura presidencial pode ter a opção da tentativa de reeleição

Mercadante, Marta e Palocci conhecem bem este quadro e se colocam diante de uma escolha: trocar uma cadeira certa para o parlamento por uma derrota certa para o governo valeria a pena? Só com muita negociação.

É este cenário que fez crescer nas últimas semanas a articulação pela candidatura do deputado Ciro Gomes, do PSB do Ceará. Unindo dirigentes do PT (o deputado Cândido Vaccarezza), do PDT, do PC do B e do próprio PSB, o movimento pela “importação” de Ciro é real. Aos jornais, ele reafirma que é candidato à presidência, mas que é obrigado a analisar a hipótese paulista em função da seriedade dos proponentes.

Enquanto ele analisa, a bancada do PT na Assembléia Legislativa fechou posição contra a alternativa, ciente de que a ausência de um candidato do partido prejudicaria a eleição de um número maior de deputados. “São Paulo não é o Amapá!”, gritam, em referência direta à trajetória do senador Sarney, hoje bastante na mídia. Mas nem a direção do partido, nem o ainda mais que influente José Dirceu, nem Mercadante descartam a saída Ciro, um cearense, mas, importante lembrar, nascido no interior paulista.

O fato é que o jogo petista está mais que embaralhado. Se a saída Ciro não prosperar, o mais provável é que Marta Suplicy seja pressionada pelo partido para assumir o sacrifício. Por uma simples razão: ela é a candidata petista em melhor posição nas pesquisas. Não teria o suficiente para se eleger, mas o suficiente para disputar um segundo-turno e alavancar a bancada petista para a Assembléia e dar palanque sólido para Dilma em São Paulo. Não eleita, ainda poderia apostar numa vaga num eventual ministério de Dilma.

Aguardemos os próximos lances, as fichas ainda não estão na mesa.

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