sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Bancos públicos mostram poder

Não esquecer que os tucanos queriam privatizar o BB, a CEF, o DNDES.

BB levanta poeira entre bancos

Jornal do Brasil - 14/08/2009

O robusto lucro do Banco do Brasil no segundo trimestre aprofundou o embate entre bancos privados e o governo quanto ao papel do setor financeiro ante a crise global. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que se os bancos privados não seguirem o exemplo das instituições públicas "vão comer poeira".

O robusto lucro do Banco do Brasil no segundo trimestre aprofundou ontem o embate entre bancos privados e o governo quanto ao papel do setor financeiro diante dos efeitos da crise global que empurrou o mundo para a recessão. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que, se os bancos privados não seguirem o exemplo das instituições públicas, reduzindo suas taxas de juros ao consumidor, vão perder mercado.

– Eles deveriam seguir o exemplo do BB, senão vão começar a comer poeira – disse Mantega.

O balanço financeiro da instituição, divulgado ontem, foi a primeira mostra mensurável da pressão do governo federal de usar os bancos públicos como instrumento para baixar a taxa de juros do sistema, iniciativa apontada como detonadora da tumultuada troca de comando do BB, em abril.

Os números deram munição ao discurso do próprio BB e do governo, ao defenderem a postura anticíclica do banco estatal, reduzindo taxas, estendendo prazos e elevando a oferta de crédito num momento de economia em desaceleração. Por outro lado despertaram incômodo em rivais e antisimpatizantes à presença do Estado na economia. Um debate.

– Adotamos a estratégia correta _ afirmou o presidente do BB, Aldemir Bendine, a jornalistas ao comentar os resultados do trimestre.

Representantes do governo foram mais longe.

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que o setor privado está se queixando da concorrência dos bancos públicos.

Com fortes críticas aos bancos privados, Guido Mantega, comemorou o fato de o Banco do Brasil ter retomado a liderança no ranking de instituições financeiras do país em ativos.

Segundo o ministro, o resultado do BB no segundo trimestre mostrou que “é possível fazer política pública e, ao mesmo tempo, contemplar acionistas”.

Mantega rebateu comentários feitos nesta semana pelo presidente do Itaú Unibanco de que algumas taxas de juros praticadas por bancos públicos não seriam sustentáveis.

– Roberto Setubal se equivocou, falou antes de ver o resultado do Banco do Brasil, cometeu um erro grave – disse o ministro.

Procurada, a Febraban, federação que reúne os bancos, afirmou que não vai se pronunciar.

Mantega trocou a diretoria do BB em abril, quando levou ao cargo de presidente da instituição o funcionário de carreira Aldemir Bendine, sob uma forte cobrança para que ele liderasse um ciclo mais ousado de redução dos juros para estimular a retomada da economia.

Prova de fogo

Na terça-feira, o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, havia dito em palestra a empresários que algumas taxas de juros praticadas pelos bancos públicos são "insustentáveis" no mercado.

Procurado, o Itaú não tinha representantes disponíveis para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

O embate opondo a postura conservadora dos bancos privados e a ousadia anticíclica do governo com as instituições estatais tem como pando de fundo um momento de acirradíssima competição pelas primeiras posições no ranking bancário por ativos.

_ O Banco do Brasil retomou o posto que lhe é de direito _ disse Bendine.

Na bolsa paulista, a ação do Banco do Brasil subia 2,58% a R$ 25,48 reais no momento em que o Ibovespa avançava 0,53%.

Um comentário: