Publicado em 03 de agosto de 2009 às 10:33
por Luiz Carlos Azenha
O Rodrigo Vianna, sou obrigado a admitir, acertou.
Pensei nisso talvez ao mesmo tempo que ele, mas ele escreveu antes. Aqui.
O que José Serra tem a seu favor, hoje, mais de um ano antes da eleição presidencial? O consórcio midiático Veja-Folha-Estadão-TV Globo, que faz todas as vontades dele em troca de benefícios atuais e futuros.
Não se pode dizer que eles tenham base social, inserção nos movimentos populares, povo ou qualquer outro poder de mobilização.
Dispõem, no entanto, do poder das manchetes e do Jornal Nacional.
Eu sei disso, você sabe disso, mas mais importante que nós -- Brasília em peso sabe disso.
Os políticos de Brasília sabem que podem ser o José Sarney de amanhã. Ou seja, podem ser vítimas de uma campanha hipócrita como a que está em curso, em que todos os problemas do mundo são atribuídos a Sarney e pouco se fala de outros tão ou mais suspeitos que ele.
O problema de Serra tem sido, desde sempre, as trapalhadas estratégicas cometidas por ele. No caso do câncer da Dilma, por exemplo, o consórcio midiático produziu um gigantesco tiro no pé.
E agora, como lembrou o Rodrigo Vianna, parece que o consórcio midiático produzirá mais um: jogar o PMDB no colo de Dilma. Sim, quando a Veja plantou aquela serpente na capa, deixou o PMDB serrista em uma situação delicada, internamente. O PMDB chiou e, sem mover uma palha, Dilma poderá silenciosamente catar os cacos pensando em 2010.
Até o mundo mineral, como diria Mino Carta, teme o trator resultante da associação José Serra-consórcio midiático. Ninguem quer ser o Sarney de amanhã. E todos, podendo, tratarão de cravar uma faca nas costas do Serra, a não ser que tenham certeza absoluta de que ele se elegerá.
Mas, com a economia em recuperação, isso é pouco provável. Em minha modesta opinião, o comportamento recente de Serra demonstra que ele desistiu de esperar 2010 e resolveu partir para a ofensiva, com o objetivo de provar a viabilidade de sua candidatura. Em outras palavras, decidiu tensionar o ambiente político usando para tanto sua única arma, o consórcio midiático.
Porém, existe uma lei que vale para a vida em geral e para a política em particular: a das consequencias indesejadas. Uma delas, que se desenha, coloca o PMDB confortavelmente ao lado de Dilma, esperando 2010 para se vingar de Serra.
Colaboração Nancy Lima.
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