sábado, 15 de agosto de 2009

Oposição encurralada dá como certa a permanência de Sarney


14 de Agosto de 2009


Entre os caciques dos partidos de oposição no Senado não há mais quem aposte na possibilidade de afastamento do presidente da Casa, José Sarney (PMDB). Na próxima quinta (20), o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), anunciou que vai submeter ao plenário do colegiado os dez recursos do PSDB e um do PSOL sobre o arquivamento das 11 denúncias contra o senador do Amapá, entre elas, o suposto envolvimento dele nos chamados atos secretos.


Ocorre que na contabilidade dos oposicionistas é dado como certo que eles não terão os oito votos necessários para o desarquivamento das ações entre os 15 parlamentares do conselho. O PSDB e o DEM, que possuem cinco votos no colegiado, precisam do apoio dos três senadores petistas para desarquivar as ações contra Sarney.

Antes de viajar em missão oficial ao Haiti, o senador João Pedro (PT-AM), membro do conselho, deixou claro que não votará contra o presidente da Casa e contribuir para por fim a aliança com PMDB em 2010. Ele é voz divergente do líder do partido Aloizio Mercadante (SP) que defende ao menos o desarquivamento de uma das ações. Os outros petistas Ideli Salvatti (SC) e Delcídio Amaral (MS) querem ficar fora do processo e voltar para a suplência.

Jogada contra líder tucano

Para completar o tabuleiro político, o PMDB recorreu na noite desta quinta (13) do arquivamento da representação contra o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), acusado de manter no exterior um funcionário do seu gabinete recebendo salário da Casa. O documento foi assinado por Almeida Lima (PMDB-ES), Wellington Salgado (PMDB-MG), Gilvam Borges (PMDB-AP), Gim Argelo (PTB-DF) e Inácio Arruda (PCdoB-CE). Na hipótese do desarquivamento de uma das ações contra Sarney o tucano também terá que ser julgado no colegiado.

Segundo articulistas políticos em Brasília, o PMDB também trabalha como plano B a dissidência dentro do DEM que foi o principal aliado de Sarney nas eleições para a Mesa. O líder do partido Agripino Maia (RN) teria visitado nesta semana a residência do líder peemedebista Renan Calheiros (AL) para discutir o assunto. Ele distribuiu nota nesta sexta (14) negando que estivesse acontecendo um acordo.

O fato é que o DEM nas últimas três legislatura assumiu a Primeira-Secrataria da Casa de onde partiram os atos secretos. O maior número deles, inclusive, foi baixado quando Antonio Carlos Magalhães, o ACM, era presidente. Nos bastidores, comenta-se que os peemedebistas têm conversado com ACM Júnior que é suplente no colegiado.

As articulações são constantes e o imbróglio pode não ter fim na próxima semana. À Agência Senado, Paulo Duque disse que pretende colocar todos os 12 recursos para apreciação do plenário do Conselho, mas lembrou que tem regimentalmente 30 dias para isso. Ainda afirmou que não mudará "nenhuma vírgula" de suas decisões. "Não vou mudar nada, mesmo porque já está tudo publicado", afirmou.

De Brasília,
Iram Alfaia

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