domingo, 2 de agosto de 2009

Os EUA podem, Hugo Chávez não

EUA revogaram 141 concessões de TV e rádio; ninguém reclamou


Ernesto Carmona

04/05/2007

A Administração Federal de Comunicações (FCC na sigla em inglês), um órgão do governo dos Estados Unidos, fechou 141 concessionárias de rádio e TV entre 1934 e 1987. Em 40 desses casos, a FCC nem esperou que acabasse o prazo da concessão. Os dados foram levantados por Ernesto Carmona, presidente do Colégio de Jornalistas do Chile, no artigo intitulado Salvador Allende se revolve em sua tumba: senadores socialistas comparam Chávez a Pinochet.


Carmona polemiza valentemente com o moderado partido da presidente Michelle Bachelet. Mas o principal valor do artigo está no levantamento sobre concessões não renovadas, em diferentes países. Graças a ele, fica evidenciado a que ponto a mídia dominante, no Brasil e alhures, é capaz de usar uma política de dois pesos e duas medidas, ao cobrir a não renovação da concessão da RCTV venezuelana.


Exemplos do mundo inteiro


Casos citados pelo jornalista chileno: em julho de 1969 a FCC estadunidense revogou a concessão da WLBT-TV; en 1981 revogou a concessão da WLNS-T, em abril de 1999, a FCC Yanks Trinity License; em abril de 1998, revogou a concessão da rádio Daily Digest. Só na década de 80 ocorreram dez casos de não renovação.


E prossegue Carmona: "Na Inglaterra, o governo Margareth Thatcher cancelou a concessão de uma das maiores estações de TV do país, simplesmente por ter difundido notícias desagradáveis, embora absolutamente verídicas. Argumentou, simplesmente, que 'se tiveram a estação de TV por 30 anos, por que deveriam ter um monopólio?'. Também no Reino Unido, a autoridade estatal decretou em março de 1999 o fechamento temporário do MED TV, canal 22; em agosto de 2006 revogou a licença da ONE TV; em janeiro de 2004, a licença da Look 4 Love 2; em novembro de 2006, a da StarDate TV 24; e em dezembro de 2006 revogou o canal de televendas Auctionworld."


Do Canadá vem o exemplo da Country Music Television, que teve a concessão revogada em 1999.


A Espanha revogou em julho de 2004 a concessão da TV Laciana (um canal a cabo) e em abril de 2005 a das emissoras de rádio e TV de sinal aberto em Madri; "a seguir, em julho de 2005, determinou o fechamento da TV Católica".


Na França, revogou a licença da TV& em fevereiro de 1987, e em dezembro de 2004 fez o mesmo com a Al Manar; em dezembro de 2005, fechou a TF1, por ter colocado em dúvida a existência do Holocausto.


A Irlanda revogou em 1990 a licença para a TV3 iniciar suas transmissões.

A Rússia em agosto de 2000 fechou uma emissora de TV por divulgar publicidade subliminar. Já em março de 2006 fechou a TV6.
"...E em nenhum desses países houve campanha..."


Abundam igualmente os exemplos de países do Terceiro Mundo, desde Bangladesh até a nossa América Latina. No Peru, em abril passado, foram fechados dois canais de TV e três de rádio por não cumprimento da lei local. O Uruguai revogou em dezembro de 2006 as concessões das emissoras de rádio 94.5 FM e Concierto FM, de Montevidéu. El Salvador fez o mesmo em julho de 2003 com a Salvador Network.


"E em nenhum destes países houve uma campanha como a da atual RCTV, cuja concessão durou 53 anos", ironiza Carmona. E recorda ainda que "a União Internacional de Telecomunicações (UIT) reconhece 'em toda a sua amplitude o direito soberano de cada Estado a regulamentar suas telecomunicações, tendo em conta a importância crescente das telecomunicações para a salvaguarda da paz e do desenvolvimento econômico e social dos Estados'".
Colaboração Soraia Portugal.

7 comentários:

Anônimo disse...

Se há revogação nos EUA, é a sreviço da democracia. Já na quase extinta Venezuela - onde não há democracia, mas "excesso de democracia" - a revogação está a serviço de uma protoditadura comunofascista. Quase não há diferença, não é mesmo?

Anônimo disse...

Correção: leia-se serviço. no lugar de sevriço.

Gilvan disse...

Ah, tá!

Laguardia disse...

Vamos fazer uma pequena conta:
1987 - 1934 = 53 anos

141/53= 2,6

Neste período foram fechadas 2,66 rádios por ano. Número inferior as radios clandestinas que são fechadas no Brasil.

Na Venezuela, são 240 rádios fechadas em um mês por discordarem de Hugo Chávez.

Durante o governo militar no Brasil, nem uma rádio foi fechada. E era uma ditadura.

Gilvan Freitas disse...

Languardia, mas não podia tocar nem TÁ CÁ PULGA NA CUECA.KKKKKKKKKK.

Gilvan disse...

Laguardia, o regime que você defende tanto fechou rádios sim, segundo o leitor João Paulo, que não pôde comentar aqui, as que ele está lembrado foram: Rádio Mayrinck Veiga, no Rio de Janeiro, Rádio Nove de Julho, em São Paulo (que era rádio da arquidiocese), a Rede Excelsior de Televisão, a Rede Tupi de Televisão.

Laguardia disse...

Gilvan

Pelo menos a Rede Tupi faliu, foi comprada se não me engano pela Globo, idem com a rádio Mayrinck Veiga, assim como os Diários Associados depois da morte de seu dono, Assis Chatobriant, assim como a Revista O Cruzeiro, a revista Manchete, Fatos e Fotos, e tantas outras que apoiavam o regime militar e faliram.

Não se esqueça que tenho 63 anos de idade e fui testemunha do que aconteceu naquela época. Vive naquela época e o que eu sei é de experiência propria e não de ouvir dizer.

Agora 240 rádios por oposição não se compara com meia duzia por problemas financeiros, e olha que eram favoráveis ao regime militar.