08 de Setembro de 2009
Eron Bezerra *
"Brava gente brasileira longe vai temor servil ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil... "
No momento em que a nação brasileira completa mais um ano de sua independência é mais do que oportuno recorrermos a essa estrofe do hino da independência e analisar a sua atualidade.
A gente brasileira continua brava. Construiu em apenas dois séculos uma nação grandiosa, unitária e diversificada em todos os aspectos. Figura entre as 10 maiores economias do planeta, apesar de todos os seus problemas sociais. Seus recursos naturais, a criatividade e a eficiência produtiva de seus trabalhadores, associada a uma estrutura de bancos (BNDES, Banco do Brasil, Caixa Economia, BASA, etc.) e empresas públicas do porte da Petrobras, lhe credenciam para liderar esse pelotão num espaço de tempo relativamente curto.
A tudo isso se soma outros fatores de difícil comparação no planeta terra, como a extraordinária biodiversidade amazônica, seu gigantesco manancial hídrico tanto para consumo como para fins energéticos e de transporte fluvial, sua quase inesgotável planície mineral e a espetacular descoberta das jazidas de petróleo do pré-sal.
Mas essa construção nunca foi pacifica. Historicamente a opção de um caminho progressista ou conservador sempre opôs as correntes de esquerda às de direita. Esse embate vem da época do império e persiste até os nossos dias. Se expressa das mais variadas formas.
No império a esquerda lutava pela independência a direita pela manutenção do imperador. Quando veio a república a esquerda lutava pelas conquistas sociais a direita para manter os privilégios dos antigos proprietários de escravos. Entre o nacionalismo de Getúlio Vargas e os avanços trabalhistas por ele defendidos, a direita optou pelo golpismo e o servilismo pró-americano de Carlos Lacerda. Foi assim sempre.
Na república contemporânea enquanto a esquerda fazia opção pelo caminho socialista a direita optava pelos golpes militares mundo afora, em especial na América Latina, interrompendo um curto ciclo de paz e prosperidade material e intelectual.
Atualmente o embate continua. Inicialmente de forma velada, agora explícita. Desde os anos 90, no caso brasileiro, duas opções radicalmente opostas são expostas.
A esquerda, cuja essência se agrupa em torno de Partidos como PCdoB, PT, alguns segmentos do PDT, PSB e outras correntes minoritárias, defende um projeto de desenvolvimento nacional assentado no fortalecimento do estado nacional, na reafirmação da soberania nacional, relação soberana e independente com todos as demais nações, valorização do trabalho e do trabalhador, no aumento dos direitos sociais e trabalhistas e na perspectiva de construção de uma nação socialista.
A direita, representada essencialmente por PSDB e PFL em torno de quem gravita correntes como PPS, busca viabilizar a concepção neoliberal. Prega o desmonte do estado nacional, embora tal concepção tenha provocado a uma das maiores crises já paridas pelo capitalismo. Advoga alinhamento subordinado ao império americano, supressão de direitos sociais e trabalhistas e a criminalização dos movimentos sociais.
A direita tenta de todas as formas impedir o avanço da esquerda no mundo, em particular na América Latina. Tramou um golpe contra Hugo Chaves e não desiste um minuto de fazer provocações ao líder venezuelano, insulta sistematicamente, sob os mais dispares pretextos, Rafael Correa do Equador, Evo Morales da Bolívia, Lula do Brasil e acaba de depor Zelaya através de um golpe militar em Honduras.
Por outro lado, como a prática é o critério da verdade, a direita não pode mais se esconder. Ela tem que vir a campo. E nesse caso suas posições ficam evidentes.
Apóia abertamente a instalação de bases militares americanas na Colômbia, inclusive algumas delas na Amazônia colombiana. Fica muda diante da aprovação do 3º mandato para Uribe, o que restou da direita na América do Sul, enquanto vocifera com a possibilidade de Chaves ou Lula obterem um novo mandato. Sem mencionar que recorreu a um golpe militar em Honduras para evitar precisamente que o povo fosse consultado sobre essa possibilidade.
Enquanto nós defendemos a exploração do pré-sal sob o controle nacional e com uma justa repartição de seus recursos para o povo, a direita volta com a velha cantilena privatista. Mesmo desmoralizada não se da por vencida. Dispõe de mídia a vontade para atacar sem ser atacada.
Mesmo assim os ventos sopram a nosso favor. Nós queremos 40 horas de trabalho, a direita quer a volta da escravidão e a manutenção do lucro máximo.
Os embates no mundo e no Brasil nos ajudam a compreender isso e ao mesmo tempo tirar lições de como a direita atenta e sempre atentou contra a nossa soberania.
* Engenheiro Agrônomo, Professor da UFAM, Deputado Estadual Licenciado, Secretário de Agricultura do Estado do Amazonas, Membro do CC do PCdoB.
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