quarta-feira, 7 de abril de 2010

Folha sente as dores do abandono do "legado" de FHC



Em editorial publicado nesta quarta-feira (7), com o sugestivo título "Chega de Saudade", o jornal Folha de S. Paulo mostra-se ressentido com o fato do "legado" deixado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estar sendo desprezado pelos próprios tucanos.


Para não culpar diretamente o tucanato pelo abandono de FHC, o jornal mira na estratégia de campanha da pré-candidata Dilma Rousseff para acusá-la de renegar o que o jornal chama de "uma das mais notáveis conquistas econômicas da história moderna do país".

O Brasil "nada tem a ganhar com a tentativa da candidatura governista de forjar uma revanche de disputas pretéritas", afirma o editorial, que tenta defender seu ponto de vista a partir de um argumento frágil: o de que os jovens de hoje não se lembram de como foi o governo anterior ao de Lula. "Mas, se procurar informações, saberá que coube a FHC, na sequência do impeachment de Fernando Collor, e ainda no governo de Itamar Franco, lançar um plano -depois de várias tentativas frustradas- capaz de superar o perverso ciclo hiperinflacionário que havia anos dilapidava a economia popular e impedia o desenvolvimento do país", registra o jornal tentando defender o governo neoliberal de Fernando Henrique.

Descaradamente, o editorial termina repetindo ipsis litteris o slogan que os tucanos adotaram para a campanha de Serra: "O Brasil precisa pensar e agir com olhos no futuro".

Dilma: Serra e FHC, tudo a ver

Dilma parece ter lido e entendido o recado dos barões da mídia, mas não levou o desaforo para casa. Ainda hoje, a ex-ministra respondeu e disse que seu provável adversário, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), precisa sim ser analisado no âmbito do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, Minas Gerais, ela ressaltou que a mais recente gestão tucana do plano federal foi o governo FHC, e lembrou que Serra ocupou as pastas do Planejamento e da Saúde.

"Eu não tenho vergonha do Lula, eu não escondo o presidente Lula", disse Dilma, ao ser questionada sobre a estratégia do PT de estabelecer uma comparação na disputa presidencial deste ano entre os governos Luiz Inácio Lula da Silva e FHC. Porém, ela disse que é preciso reconhecer "coisas boas que foram feitas no passado" e citou a Lei de Responsabilidade Fiscal do governo tucano.

Da redação Vermelho, Cláudio Gonzalez

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