Se alguém disser aos barões da mídia que “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”, será chamado de tudo que a máfia da comunicação usa para desqualificar críticos. Contudo, o autor da frase é Joseph Pulitzer. Caso alguém não saiba quem foi ele, clique aqui para ler a sua biografia.
Pulitzer foi homenageado postumamente com a criação do Prêmio Pulitzer, a mais ambicionada premiação jornalística do mundo. Quem não se lembra da namorada do Super-homem, a repórter Lois Lane, arriscando a vida em reportagens perigosas na tentativa obstinada de ganhar o prêmio ao custo da própria integridade física?
Como previu o visionário, parte da imprensa brasileira está corrompendo seu público fiel. Essa “imprensa cínica, mercenária e corrupta” foi edificada por empresários gananciosos como Roberto Marinho ou Otávio Frias de Oliveira, entre outros de triste memória que, para encurtar, lembro que fundaram e sustentaram a ditadura mais sangrenta e longeva que este país conheceu.
Hoje, depois de décadas e décadas em que Globos, Folhas, Vejas e Estadões perverteram a comunicação no Brasil, formou-se um público ainda minoritário mas que ameaça crescer até contaminar toda a sociedade.
As taras inoculadas por esses impérios de comunicação em certa parcela dos brasileiros se tornam mais evidentes entre os mais ricos, que não são necessariamente os mais cultos, mas que detêm recursos para pagar pelo jornalismo traficante de mediocridade e degeneração.
Venho tendo tais reflexões durante a leitura eventual de colunas de cartas de leitores dos jornais supra mencionados. A desonestidade intelectual de alguns desses leitores mostra no que aqueles veículos estão transformando o seu público.
Reproduzo, abaixo, exemplo frugal do que essas pessoas cometem. Sua retórica pervertida revela a legião de degenerados que uma autoproclamada “imprensa” está parindo. E com financiamento dos impostos de todos os brasileiros.
Não importa o tamanho do escândalo: nada atingirá o PT, na medida em que a eleição se faz por meio de votos de pessoas que não sabem ler ou escrever. Se ao menos no Estado de São Paulo fosse dada mais atenção à educação nos últimos 16 anos, talvez fosse diferente o quadro atual. A criança pobre de 16 anos atrás hoje é uma analfabeta por ter passado de ano sem saber ler ou escrever. Que o PSDB não culpe a ignorância do povo como se fosse consequência do acaso. MARCOS COSME PORTO (Campinas, SP)
Essa carta basta como exemplo. Foi publicada na última edição dominical da Folha e encerra o potencial necessário para exemplificar a corrupção moral que habita os dois lados – o do leitor e o de quem editou e publicou o que ele escreveu.
Tanto a Folha quanto o leitor certamente lêem as pesquisas do instituto Datafolha e, portanto, sabem que é mentira que só “pessoas que não sabem ler ou escrever” pretendem votar em Dilma Rousseff. Pelo contrário: ampla maioria dos mais escolarizados não só declara voto na nela como é o público mais decidido a fazê-lo.
Essa é uma tentativa do jornal e de seu leitor de disseminarem uma mentira, portanto. E para embeber esse ato vil em alguma verossimilhança, deixam o malandrão, ali, beliscar os tucanos. Mas ele sugere que o voto “ético” seria em alguma alternativa a Dilma, mesmo que seja em Marina Silva.
Tem sido uma tática recorrente da “imprensa”, nos últimos tempos. Acredita-se que o voto na laranja verde de José Serra levará a eleição ao segundo turno e que o tucano estaria nele, teoria que desconsidera a hipótese de que uma subida de Marina às custas de Dilma poderia levar a candidata do PV ao segundo lugar no pleito.
Mas esse foi só um exemplo. Há outros muito piores.
Os próprios trolls que infectam a blogosfera são produtos dessa “imprensa”. São anônimos que passam os dias na internet insuflando brigas, disseminando mentiras como a de que Dilma seria proibida de entrar nos EUA, de que seria “lésbica”, de que teria assassinado ou roubado bancos, de que teria sido “prostituta de terroristas” etc.
Essas pessoas que, gratuitamente – ou nem tanto –, afirmam haver provas das novas acusações pré-eleitorais da “imprensa”, são produtos da doutrinação de homens como Roberto Marinho ou Otávio Frias de Oliveira, que, por vias indiretas, assassinaram centenas de inocentes durante a ditadura militar.
A legião dos degenerados midiática é uma ameaça ao processo civilizatório, mas não é a causa. Donde se concluí que os democratas não devem gastar energia com sintomas da doença como os trolls ou o leitor da Folha acima, mas com a causa. O foco, antes ou depois da eleição, deve ser o de desmascarar a natureza “cínica, corrupta e mercenária” dos barões da mídia.
Pulitzer foi homenageado postumamente com a criação do Prêmio Pulitzer, a mais ambicionada premiação jornalística do mundo. Quem não se lembra da namorada do Super-homem, a repórter Lois Lane, arriscando a vida em reportagens perigosas na tentativa obstinada de ganhar o prêmio ao custo da própria integridade física?
Como previu o visionário, parte da imprensa brasileira está corrompendo seu público fiel. Essa “imprensa cínica, mercenária e corrupta” foi edificada por empresários gananciosos como Roberto Marinho ou Otávio Frias de Oliveira, entre outros de triste memória que, para encurtar, lembro que fundaram e sustentaram a ditadura mais sangrenta e longeva que este país conheceu.
Hoje, depois de décadas e décadas em que Globos, Folhas, Vejas e Estadões perverteram a comunicação no Brasil, formou-se um público ainda minoritário mas que ameaça crescer até contaminar toda a sociedade.
As taras inoculadas por esses impérios de comunicação em certa parcela dos brasileiros se tornam mais evidentes entre os mais ricos, que não são necessariamente os mais cultos, mas que detêm recursos para pagar pelo jornalismo traficante de mediocridade e degeneração.
Venho tendo tais reflexões durante a leitura eventual de colunas de cartas de leitores dos jornais supra mencionados. A desonestidade intelectual de alguns desses leitores mostra no que aqueles veículos estão transformando o seu público.
Reproduzo, abaixo, exemplo frugal do que essas pessoas cometem. Sua retórica pervertida revela a legião de degenerados que uma autoproclamada “imprensa” está parindo. E com financiamento dos impostos de todos os brasileiros.
Não importa o tamanho do escândalo: nada atingirá o PT, na medida em que a eleição se faz por meio de votos de pessoas que não sabem ler ou escrever. Se ao menos no Estado de São Paulo fosse dada mais atenção à educação nos últimos 16 anos, talvez fosse diferente o quadro atual. A criança pobre de 16 anos atrás hoje é uma analfabeta por ter passado de ano sem saber ler ou escrever. Que o PSDB não culpe a ignorância do povo como se fosse consequência do acaso. MARCOS COSME PORTO (Campinas, SP)
Essa carta basta como exemplo. Foi publicada na última edição dominical da Folha e encerra o potencial necessário para exemplificar a corrupção moral que habita os dois lados – o do leitor e o de quem editou e publicou o que ele escreveu.
Tanto a Folha quanto o leitor certamente lêem as pesquisas do instituto Datafolha e, portanto, sabem que é mentira que só “pessoas que não sabem ler ou escrever” pretendem votar em Dilma Rousseff. Pelo contrário: ampla maioria dos mais escolarizados não só declara voto na nela como é o público mais decidido a fazê-lo.
Essa é uma tentativa do jornal e de seu leitor de disseminarem uma mentira, portanto. E para embeber esse ato vil em alguma verossimilhança, deixam o malandrão, ali, beliscar os tucanos. Mas ele sugere que o voto “ético” seria em alguma alternativa a Dilma, mesmo que seja em Marina Silva.
Tem sido uma tática recorrente da “imprensa”, nos últimos tempos. Acredita-se que o voto na laranja verde de José Serra levará a eleição ao segundo turno e que o tucano estaria nele, teoria que desconsidera a hipótese de que uma subida de Marina às custas de Dilma poderia levar a candidata do PV ao segundo lugar no pleito.
Mas esse foi só um exemplo. Há outros muito piores.
Os próprios trolls que infectam a blogosfera são produtos dessa “imprensa”. São anônimos que passam os dias na internet insuflando brigas, disseminando mentiras como a de que Dilma seria proibida de entrar nos EUA, de que seria “lésbica”, de que teria assassinado ou roubado bancos, de que teria sido “prostituta de terroristas” etc.
Essas pessoas que, gratuitamente – ou nem tanto –, afirmam haver provas das novas acusações pré-eleitorais da “imprensa”, são produtos da doutrinação de homens como Roberto Marinho ou Otávio Frias de Oliveira, que, por vias indiretas, assassinaram centenas de inocentes durante a ditadura militar.
A legião dos degenerados midiática é uma ameaça ao processo civilizatório, mas não é a causa. Donde se concluí que os democratas não devem gastar energia com sintomas da doença como os trolls ou o leitor da Folha acima, mas com a causa. O foco, antes ou depois da eleição, deve ser o de desmascarar a natureza “cínica, corrupta e mercenária” dos barões da mídia.
Fonte:Blog Cidadania, de Eduardo Guimarães
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