quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Ex-tucano, Osmar critica Serra e diz que aliança com Dilma ajuda ruralistas do Paraná


Segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PDT ao governo do Paraná, Osmar Dias, disse, nesta quarta-feira (1) durante sabatina Folha/UOL que é o mais indicado a defender os produtores rurais caso a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, seja eleita. Ele também criticou seu ex-colega de PSDB, José Serra, por ter "prejudicado o Estado" na Constituinte de 1988.


“Eleita a Dilma, quem é que pode defender mais a agricultura do Paraná? Eu ou o meu adversário?”, questionou o pedetista, referindo-se ao primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, o tucano Beto Richa.

Sobre Serra, o ex-tucano Osmar - que deixou o partido por conta de uma disputa interna motivada por suspeitas de corrupção no governo Fernando Henrique Cardoso -, afirmou: "É dele a emenda que manda cobrar o ICMS na distribuição da energia, e não na distribuição. Com isso, o Paraná perde R$ 500 milhões por ano", disse.

O pedetista afirmou que o ex-prefeito de Curitiba, hoje seu adversário, descumpriu um acordo para permanecer no cargo até 2012. E se disse a melhor opção para os agricultores paranaenses terem diálogo em um eventual governo Dilma.

"Não preciso pular de um helicóptero dizendo que vou ajudar os agricultores. Eles sabem que vou fazer isso", afirmou Osmar ao ser questionado se suas propostas não estão muito mais ligadas ao PSDB do que o PT.

Polícia e pedágio


Osmar afirmou que, se eleito, contratará mais de 7 mil policiais para combater a criminalidade no Estado, hoje maior do que em outras regiões por conta “da falta de policiamento especial nas fronteiras” e “do “crack, que é o motor” disso.

O segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto evitou criticar seu neoaliado, o ex-governador Roberto Requião (PMDB), por não ter contratado mais policiais. O pedetista atribuiu o crescimento do crime no Estado à necessidade do governo estadual de pagar dívidas do Banestado, banco público do Paraná que foi privatizado, diz ele “pelos aliados do meu adversário [Beto Richa, do PSDB]”.

“Não podemos achar que o policiamento na fronteira tem de ser como em todo o Estado. No Estado, precisamos recompor o contingente das polícias. Contratar 5 mil militares e 2,3 mil civis”, disse Osmar, que prometeu ainda uma policia militar de fronteira, para barrar os tráficos de armas e de drogas. “Mas precisamos de uma parceria com o governo federal. O Estado sozinho não dá conta.”

“O crack tem sido o motor dessa criminalidade. O Paraná é fronteira com outros países e, por isso, fui autor do requerimento de urgência no Senado para dar poder de polícia às forças armadas na fronteira”, afirmou o pedetista. “Nós queremos mais polícia e mais Exército na fronteira. E vamos criar a polícia militar de fronteira, treinada, capacitada e habilitada para conter esse ingresso de drogas.”

O senador, que apoiou Beto nas eleições para a prefeitura de Curitiba em 2008, acusou aliados do adversário de exagerarem nas cobranças de pedágio em rodovias estaduais. “O pedágio desse pessoal que quer voltar é dez vezes mais o que é cobrado nas rodovias federais. Claro que eu não concordo com essas tarifas. Por isso, vou criar a agência reguladora, como é determinado por lei”, afirmou.

“Mensalmente quero abrir a planilha para você dimensionar as tarifas em cima de termos reais, e não do apetite de quem tem pedágio. Se a gente fizer um cálculo do fluxo de veículos de quando os pedágios foram instalados e hoje, pode ter alterado a planilha. Quero sentar com as concessionárias e discutir isso. Este preço não está sendo justo com os usuários”, disse ele, que ainda se comprometeu a não privatizar os portos do Estado.

Neoaliado Requião


Questionado sobre se há constrangimento por ter feito aliança com o ex-governador Requião, hoje candidato ao Senado, Osmar rejeitou a ideia e disse que tem discordâncias políticas até dentro da própria família, com o irmão tucano Alvaro.

Até poucas semanas atrás, Alvaro era cotado como vice de Serra, mas acabou preterido por Indio da Costa (DEM). Isso levou Osmar a adiar o anúncio sobre se seria candidato ao governo, com apoio da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou se tentaria a reeleição no Senado, com suporte tucano.

“Se eu tenho o direito de divergir dentro da minha casa, eu tenho o direito de divergir do Requião. Mas tenho de reconhecer avanços. Essa diversidade também houve no governo Lula. O que a gente não pode é perder a convicção”, disse o pedetista. Ele atribuiu ao partido do ex-governador o atraso no anúncio de sua candidatura. “O que houve foi uma demora para o PMDB decidir não ter candidato. A demora não foi minha, foi de os partidos aceitarem a aliança, como queria o presidente Lula.”

Ao falar sobre sobre o uso de produtos transgênicos, o candidato disse que "a transgenia é um capítulo pequeno da biotecnologia, (...) responsável pelo Brasil ter um aumento de 150% na produção agrícola”.

E completou: “Nós temos uma comissão para analisar a possibilidade de plantação de transgênicos. O que nós temos que fazer é separar o tradicional e o transgênico e dar ao consumidor a possibilidade de escolher".

Questionado sobre o apoio ao então presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) nas eleições de 2006, Osmar disse que o movimento aconteceu porque o PT apoiou Requião e o deixou sem alternativa.

“Estou na base do governo Lula desde 2006. Não tem nenhum voto meu contra as políticas sociais do governo Lula.”, afirmou. “O meu partido teve um candidato à Presidência no primeiro turno em 2006, que foi o Cristovam Buarque. No segundo turno no Paraná, o PSDB apoiou minha campanha e o PT apoiou meu adversário. Foi natural.” Uol.

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