quinta-feira, 6 de novembro de 2008

ENQUANTO A CRISE NÃO VEM. SEGUE O BAILE

06/11/2008


Investimentos da União são recorde em 2008


A greve dos funcionários da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) prejudicou os investimentos globais da União em outubro. O mesmo ocorreu com as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como já havia afirmado a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. No mês passado, os órgãos federais dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) – excluindo as estatais – desembolsaram R$ 1,7 bilhão em investimentos (execução de obras e compra de equipamentos), a menor marca desde abril. Mesmo com a diminuição significativa do ritmo em outubro e com a continuidade da crise financeira mundial, o montante acumulado nos primeiros dez meses de 2008, R$ 18,7 bilhões, ainda é o maior dos últimos oito anos para o período entre janeiro e outubro.Nos primeiros dez meses de 2001, por exemplo, o governo federal investiu R$ 12,3 bilhões, enquanto no ano seguinte foram R$ 13,8 bilhões (em valores atualizados). Desde então, o investimento médio anual é de R$ 8,7 bilhões.

Clique aqui para ver um quadro resumido com os valores aplicados entre janeiro e outubro de cada ano, a partir de 2001.Desde o começo de 2008, o governo federal vem batendo recordes de investimentos. No entanto, em 2009, a aceleração pode diminuir, já que a crise financeira mundial obrigou o governo brasileiro a rever o orçamento do próximo ano. O presidente Lula, inclusive, já afirmou que poderá fazer cortes, mas que deverá preservar as obras do PAC (que fazem parte dos investimentos da União).Na semana passada, durante cerimônia de balanço do PAC no Palácio do Planalto, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, também falou sobre a diminuição das aplicações em outubro. Ela justificou a queda nos investimentos no mês passado citando a greve na CEF e no DNIT como um dos motivos. A ministra explicou que sem o pleno funcionamento da Caixa, empenhos (reservas orçamentárias) e pagamentos para obras e projetos estavam impedidos de serem realizados.

Para o economista e professor da Universidade de Brasília Vander Lucas, fatores conjunturais como a greve do DNIT e da Caixa e a ocorrência de chuvas tendem a afetar o ritmo de investimentos do governo. Segundo ele, as aplicações também são alteradas por bloqueios da Justiça por meio de embargos, como, por exemplo, na área ambiental. “O governo tinha que ter uma justificativa para a redução em outubro e alegou essas greves e as chuvas. Boa parte dos desembolsos ainda estão sendo feitos para rodovias, o que faz com que esses problemas sejam relevantes em afetar os investimentos”, afirma.Vander Lucas acredita que a continuidade da crise financeira internacional faça com que o governo brasileiro tenha que reavaliar sua política de gastos e de investimentos. “Os investimentos públicos podem ser afetados no próximo ano. Mesmo já nesse final de 2008 o governo tem antecipado contenção de gastos. Porém, os investimentos do PAC devem ser mantidos em virtude da relevância das obras e seus impactos políticos”, acredita o economista.

Ministério dos Transportes lidera ranking de investimentos

Mesmo com a greve no DNIT, que durou praticamente todo o mês de outubro, no ranking de investimentos do governo o Ministério dos Transportes continuou emplacando o primeiro lugar. De janeiro até a última terça feira (04), a pasta aplicou R$ 4,3 bilhões dos R$ 9,5 bilhões previstos em orçamento para este ano. O segundo colocado na corrida de investimentos é o Ministério das Cidades, que segue um pouco abaixo. O órgão desembolsou quase R$ 4 bilhões no mesmo período. A terceira melhor colocação na Esplanada em termos de maiores investimentos é do Ministério da Defesa, que aplicou R$ 2,3 bilhões do orçamento previsto para o ano, que é de R$ 3,5 bilhões.

Leandro KleberDo Contas Abertas









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