quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O TERROR ECONÔMICO DA GRANDE IMPRENSA



O que indica a pesquisa CNT/Sensus, divulgada na terça-feira (3), dando conta de novos recordes na aprovação pessoal do presidente Lula e na avaliação positiva de seu governo? Os números se prestam a múltiplas interpretações, mas se partimos da premissa de que o simples desmascaramento de uma farsa ideológica já é suficiente para desmoronar todo o arcabouço que a sustenta, a imprensa saiu muito mal na foto. Não só ela como os que ainda acreditam que a consciência política de uma sociedade pode ser reduzida à agenda de sua mídia hegemônica.



Por Gilson Caroni Filho, no Observatório da Imprensa


Se toda informação como destacava Herbert de Souza "é, de certa forma, uma proposta ou elemento de formulação de propostas e essa é a matéria-prima fundamental para a ação política", o campo jornalístico vem sendo sacudido por atores ativos e conscientes dos processos de transformação política, econômica e social pelo qual o país vem passando desde 2003. E, disso, os editores de confiança do patronato não se deram conta. De uma mudança significativa fora das ilhas de edição, fora das águas límpidas dos aquários.

Falácias expostas

A maneira como a crise econômica internacional tem sido noticiada não obedece a qualquer procedimento mais sofisticado. Não há qualquer preocupação em manter a imagem do próprio discurso como "imparcial" e "objetivo". O jornalismo de campanha pretende instalar o terror através dos conhecidos padrões de ocultação, inversão e fragmentação.

Manchetes que ignoram a apuração para obter impacto não revelam incompetência, mas disposição de submeter o leitor e/ou telespectador à desinformação, ao fatalismo de profecias que se auto-realizam, à erosão da popularidade de quem governa. Os dias que precederam a divulgação da pesquisa não deixam qualquer dúvida: vivemos o terrorismo de um enquadramento noticioso feito sob medida para a oposição.

Uma clara subordinação de quem deveria se nortear pelos interesses públicos aos desígnios de um bloco que quer pavimentar seu retorno ao aparato estatal em 2010 e reintroduzir uma agenda falida.

As falácias das editorias de economia foram detalhadamente expostas por Bernardo Kucinski em seu magnífico Jornalismo Econômico (Edusp, 2000). Não custa, no entanto, lembrar que a narrativa jornalística tem recorrido a elas como ponto central para sua narrativa.

Arrazoados medonhos

Escolhendo-se pontos convenientes de uma série estatística e procurando desqualificar todas as medidas necessárias tomadas pelo governo, lemos, em manchetes e títulos espalhados por jornais e portais, que "62% das obras do PAC estão atrasadas; 6% foi o recuo registrado nas vendas a prazo em janeiro em comparação ao mês anterior em São Paulo; 5% foi quanto encolheram as vendas à vista em janeiro em relação ao mês anterior; 9,5% foi o aumento da inadimplência no comércio em janeiro".

Tudo isso jogado, sem qualquer contextualização, não é jornalismo, mas produção deliberada de lapsos de desentendimento. Análises rasteiras, escapistas, que substituem a revelação dos fatores determinantes da crise capitalista é o que fazem diariamente Miriam Leitão, Carlos Alberto Sardenberg e Vinícius Torres Freire, entre tantos outros. Assusta a semelhança estilística e, no caso dos que aparecem em telejornais, a quantidade de recursos cênicos na busca da melhor "noticia ruim do dia".

Quando o presidente da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), Clésio Andrade diz que "concluímos que há forte esperança centrada no discurso do presidente e nas medidas que o governo vem tomando. O discurso do presidente é muito forte, ele cria esperança, divide o ônus, o que é muito importante numa crise econômica", uma estranha sensação de vertigem toma conta dos nossos condestáveis sacerdotes da opinião publicada.

Há algo de errado no cardápio diverso de uma realidade que insiste em negar seus arrazoados medonhos. Melhor tentar nova forma de enquadramento. Desistir, jamais.


PS: Concordo com quem diz que ruim com a grande imprensa, pior sem ela. Mas o quadro é tão calamitoso, a perda de credibilidade e receita tão agudos, que ouso sugerir maior agressividade aos departamentos de marketing. Seria interessante assistir a uma peça publicitária em que a Folha de S.Paulo tentasse atrair novos assinantes dizendo: "Seja nosso leitor. Não pelo que temos. Mas pelo que não temos. Venha para o nosso jornal e não leia Merval Pereira, Ali Kamel e Miriam Leitão". A réplica de O Globo, imagino, seria bastante criativa. E ambos teriam razão.
Comentário.
O que a grande mídia faz é terror mesmo, não o Terror do Nordeste, lógico. Hoje mesmo o Estadão saiu com uma matéria em letras garrafais: INFLAÇÃO EM JANEIRO PESA MAIS PARA FAMÍLIAS POBRES. Ora, qual objetivo desta chamada? Claro que é o de causar terrorismo, pânico na cabeça da população pobre?

3 comentários:

Unknown disse...

Com certeza são os " Cavaleiros do Apocalipse ". Especialistas em assustar aos pobres que são eleitores devotados de Lula. Desesperados informam em todos os jornais que o caos chegou aqui.Usando termos que desconhecemos julgando que vão nos aterrorizar. Lêdo engano ! O povo continua a sobreviver como sempre fez e fará. Somos fortes e estamos acostumados as dificuldades. Os ricos ? Ah...estes sim devem estar enlouquecidos sem saber como fazer para viajar, comprar caviar ou artigos de luxo.

O TERROR DO NORDESTE disse...

Maybe, pois é.Obrigado pela visita.

necolima disse...

É isso mesmo, Sr. Terror...
Esses jornais são especialistas em assustar pobres.
Por isso não entendo a razão de tantos pobres lendo Jornal.
Todos sabemos que jornal é, em nosso letrado país, genero de 1° necessidade entre os pobres.
Já entre os mais bem aquinhoados a leitura da midia golpista tem diminuido dia a dia.
Especialmente depois que um grande cientista brasileiro descobriu que ler jornal dá azia...
Agora, só vou de Caras, revista da Ana Maria... Coisinhas leves....


PS- Mas não se preocupe, sr. Terror. Essa tal de crise ( que até "ele" agora acredita) não existe! É invenção da imprensa golpista...etc, etc, etc...
PS-2 - Confio no seu bom senso. continuaremos negando a Crise. Não desista. Lula sucumbiu. Mas nós, seus verdadeiros e leais soldados, resistiremos!!!!