quarta-feira, 18 de março de 2009

Eu quero o Dantas na cadeia, mas dentro da lei, diz Jungmann. Fala sério, companheiro!

Quarta, 18 de março de 2009
Doação não me invalida na CPI, diz Jungmann
Marcela Rocha , Especial para Terra Magazine


O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) é membro da CPI que investiga os supostos vazamentos cometidos pelo delegado Protógenes Queiróz, ontem indiciado pela Polícia Federal por quebra de sigilo funcional e violação da Lei de Interceptações. Mas Jungmann é também questionado por ter recebido dinheiro de Dório Ferman, ninguém mais do que um alto executivo do banco Opportunity, de Daniel Dantas, preso pelo delegado Queiróz quando da deflagração da Operação Satiagraha.

A "doação", como alega o deputado, não coloca em xeque sua atuação na CPI dos Grampos, que investiga o delegado Protógenes. "Não entendo porque uma doação de pessoa física me desqualifique para estar na CPI", diz em entrevista a Terra Magazine. A afirmação de Jungmann é dada no dia em que uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo aponta que documentos apreendidos com Daniel Dantas indicam a doação de R$ 30,4 milhões a um partido.

- Não sei se é verdade. Isso veio ao meu conhecimento hoje e agora estou em reunião com o delegado Amaro Ferreira, da Polícia Federal, que investiga o caso.



Sobre os constantes vazamentos da CPI que investiga ironicamente outros vazamento do delegado Protógenes, o deputado Raul Jungman levanta seus suspeitos:

- Pode ser algum deputado, ou a justiça, ou a polícia... Ou será que foi a Kroll?

O deputado critica o "excesso de vazamento" da CPI da qual faz parte. E reitera que o indiciamento do delegado que comandava a Operação Satiagraha vai de encontro com seu pensamento sobre a CPI. E revela:

- A minha inconformidade, até raiva, com o delegado é que no fundo quem deveria estar na cadeia hoje fica rindo disso tudo. Ele terminou favorecendo a impunidade. Eu quero o Dantas na cadeia, mas dentro da lei. Porque se não for assim, não adianta bancar o justiceiro na lenda e fazer uma lambança na prática.

Leia a seguir a íntegra da entrevista:


Terra Magazine - O dinheiro recebido do Dório Ferman não coloca em xeque a sua atuação na CPI?

Raul Jungmann - Não tem nenhuma ilegalidade. Isso é uma doação pessoa física. Sequer conheço o senhor Dório Ferman. Foi uma doação a pedido do Arminio Fraga que fez um almoço para que nos conhecêssemos, mas ele (Dório) não apareceu. Eu, enquanto pessoa física não tenho nenhuma relação com os negócios do Sr. Daniel Dantas. Inclusive peço cadeia para ele. Não entendo porque uma doação de pessoa física me desqualifique para estar na CPI. Nunca estive com Dório, nunca falei com ele. E mais, meu voto foi pelo indiciamento de Daniel Dantas.

E o presidente da CPI dos Grampos, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), também recebeu financiamento... Ele que fale pelo dele.

A Folha de S.Paulo hoje trouxe dados sobre uma doação de R$ 30,4 milhões a um partido. O senhor, que teve acesso às investigações, confirma isso? Qual é esse partido?

Não sei se é verdade. Isso veio ao meu conhecimento hoje e agora estou em reunião com o delegado Amaro Ferreira, da Polícia Federal, que investiga o caso.

Como avalia o número de vazamentos que aconteceram na CPI que investiga o vazamento do delegado Protógenes Queiroz?

Eu acho que há vazamentos em excesso. Isto é verdade. Acho que existem interesses muito fortes no que diz respeito ao resultado dessa CPI. O pior, neste caso, é que o vazamento está acontecendo de uma CPI que investiga vazamentos. O que temos que saber é a autoria do vazamento. Pode ser algum deputado, ou a justiça, ou a polícia... Ou será que foi a Kroll? Quem será que vazou? O caso da Veja é um exemplo...

Segundo os documentos que o senhor tem acesso, o apresentado pela revista procede?

Pelo que eu vi até agora, a matéria foi baseada nos artigos do Protógenes e sobretudo nos próprios autos. Que eles existem, existem.

Por que essas informações não são tornadas públicas de maneira horizontal, mas sim a conta-gota?

Concordo em gênero número e grau que deveria ter total transparência porque senão estimula a barganha, jogos e manipulações que influenciam a investigação. Para mim, tudo deveria ser tornado público, menos o que está em segredo de justiça, é claro.

A decisão de indiciar vem ao encontro do pensamento do senhor sobre a investigação da CPI?

Sim, vem ao encontro. Eu tinha profunda admiração tanto por Protógenes quanto por Lacerda, mas fiquei muito decepcionado. Eu vi com meus próprios olhos ele (Protógenes) dar um depoimento e depois a coisa ser diferente daquilo que ele havia declarado. Aí não tem quem segure. Ele não pode soltar uma nota dizendo que não se envolveu e depois, no depoimento que deu aqui em Brasília à Procuradoria, afirmou que obteve ordens do doutor Paulo Lacerda. Disse que não esteve com ele, mas tem dados da portaria eletrônica dizendo que sim, esteve três vezes conversando longamente com ele. Então, sinto muito. Lamento.

Lamenta?

Lamento também que o banqueiro Daniel Dantas fique rindo disso tudo e impune. A minha inconformidade, até raiva, com o delegado é que no fundo quem deveria estar na cadeia, hoje fica rindo disso tudo. Ele terminou favorecendo a impunidade. Eu quero o Dantas na cadeia, mas dentro da lei. Porque se não for assim, não adianta bancar o justiceiro na lenda e fazer uma lambança na prática. Se têm interesses e gente comprada, vamos apurar isso aí.
Comentário.
Fala mais, Jungmann!: "Não entendo porque uma doação de pessoa física me desqualifique para estar na CPI", Ah, sei, não esquecer que por menos que isso o saudoso professor Luizinho foi denunciado no tal esquema do mensalão.Aliás, Jungmann, naquela CPI, pousava de boa-praça, de político honesto, além do que foi um verdadeiro carrasco em relação aos petistas, mesmo sabendo que nenhum deles houvera metido as mãos em recursos públicos, como ele(Jungmann), que foi denunciado por ter supostamente metido as mãos em 39 milhões de reais do MDA/INCRA.Como diria Ruth Escobar: PARA POSAR DE VESTAL TEM QUE TER CABAÇO.

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