quinta-feira, 16 de abril de 2009

Deputado diz que Dantas distorce informações para parecer vítima

16 DE ABRIL DE 2009 - 15h20


O deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ) afirmou que o banqueiro Daniel Dantas está distorcendo as informações sobre os processos a que responde, colocando-se como vítima. O deputado disse que a Polícia Federal e o Ministério Público têm atuado de forma transparente, desmascarando o crime organizado e os crimes de colarinho branco. Biscaia afirmou que ele apresentou um laudo sobre um processo no qual Dantas já foi condenado por corrupção. Ele afirmou que Dantas tem dado demonstrações de sagacidade e poder, inclusive conseguindo em tempo recorde dois habeas corpus do STF contra prisões absolutamente corretas.

Daniel Dantas, um dos sócios do Banco Opportunity e principal investigado da Operação Satiagraha da Polícia Federal por supostos crimes financeiros, apresentou um laudo à CPI das Escutas feito pelo perito Ricardo Molina que, segundo o banqueiro, comprova uma armação feita pelo delegado Protógenes Queiroz. Segundo Dantas, a armação foi feita em um vídeo que mostra uma tentativa de suborno que levou à sua condenação a 10 anos de prisão.

O laudo, de acordo com o banqueiro, deixa claro que o vídeo no qual emissários de Dantas tentariam dar dinheiro ao policial não corresponde ao áudio e que foi tudo uma "montagem".

Em dezembro passado, a Justiça Federal de São Paulo condenou Dantas a 10 anos de prisão por corrupção ativa e ao pagamento de uma multa de R$ 12 milhões por tentar subornar um delegado da Polícia Federal. A tentativa de suborno, que foi filmada, seria uma tentativa do banqueiro de ficar de fora das investigações da Operação Satiagraha, da Polícia Federal.

A tentativa de suborno foi gravada em 19 de junho de 2008, em um restaurante de São Paulo. As imagens mostram dois emissários de Dantas - Hugo Chicaroni e Humberto Braz - tentando subornar um delegado da PF. "Tem vídeo e áudio, depois descobriu-se que o vídeo não corresponde ao áudio, há uma montagem", acusou o banqueiro. Além disso, Dantas afirma que não existe um indício sequer de que o dinheiro oferecido na tentativa de suborno tenha saído de suas mãos.

"Houve fraude e mutilação nos áudios, há acusação de áudio que foi de uma pessoa sendo atribuída a outra. Se a oferta (no suborno) foi feita, mesmo que o dinheiro não fosse nosso, o crime foi cometido e não há nenhuma evidência. Isso é uma armação", disse.

Grampos ilegais

O banqueiro disse ainda que se considera uma "vítima" de adulterações de gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal. "As gravações foram mutiladas. Há enxerto e, segundo informações que temos, os originais estão desaparecidos", afirmou.

"Eu fui vítima de escuta ilegal pela estrutura coordenada pelo delegado Protógenes Queiroz. Não sei se a estrutura usada foi a da Polícia Federal ou da Abin (Agência Brasileira de Inteligência)", disse Dantas.

O empresário afirmou ainda que o delegado que comandou a Satiagraha grampeou "todos os seus telefones" com e sem autorização judicial e com envolvimento de "centenas de agentes, inclusive privados". E prosseguiu: "Agora, ele (Protógenes) está querendo se colocar como vítima. Nós nunca monitoramos ele. Nem tínhamos sequer conhecimento e noção de sua existência."

Segundo Dantas, Protógenes apreendeu em sua residência um armário com uma série de discos rígidos e arquivos pessoais. "Como eu havia sido vítima de interceptações, eu criptografei todos os meus arquivos. Ele (Protógenes), então, faz uma celeuma, como criptografia das estrelas", disse.

Dantas acusou Protógenes de repassar a seus concorrentes parte do material aprendido e insinuou que o Citibank, um adversário dele nos negócios, poderia estar por trás das ações de Protógenes.

"Criminoso do colarinho branco"

Os parlamentares presentes se irritaram ao ouvirem a versão do banqueiro sobre o crime pelo qual já foi condenado. O deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ) se disse "estarrecido" com a acusação de Dantas. Na visão dele, o banqueiro é o típico 'criminoso do colarinho branco' que tenta desviar o foco das investigações. "Essa é uma clara tentativa de desmoralizar as operações da Polícia Federal", disse.

O deputado disse ainda que o banqueiro é provavelmente o responsável pelo afastamento do delegado Protógenes Queiroz da PF, além de tentar constranger o juiz Fausto de Sanctis, responsável pelas prisões da Operação Satiagraha e que tem, em sua opinião, se comportado de maneira absolutamente correta e coerente.

O deputado Laerte Bessa (PMDB-DF) também se irritou e quis saber detalhes sobre o caso. Ao receber como resposta do banqueiro que não poderia informar porque o caso estava sob sigilo, após ser orientado por seu advogado, o deputado pediu interferência do presidente da CPI: 'Senhor presidente, eu estou perguntando para o depoente e não para seu advogado, o que é isso?', questionou.

O banqueiro então argumentou que como havia conseguido um habeas corpus do STF poderia ser orientado por seus advogados.


Da redação,
com agências

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