quarta-feira, 6 de maio de 2009

E VAI MELHORAR MUITO MAIS

6 DE MAIO DE 2009

Análise: Queda industrial mostra melhora econômica


Nesta terça-feira (5), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou uma queda de 10% na produção industrial em março, na comparação com o mesmo mês de 2008. A informação, no entanto, deve ser interpretada positivamente, segundo a avaliação do professor de economia da USP (Universidade de São Paulo), Fabio Kanczuk. Para ele, esse é um sinal de recuperação da economia brasileira diante da crise financeira. Em relação ao mês de fevereiro, no entanto, a produção industrial registrou alta de 0,7% também segundo o IBGE - a terceira alta mensal consecutiva. Kanczuk enxerga o dado como uma “particularidade da indústria”.

Confira a entrevista do especialista:

Por Diego Salmen, na Terra Magazine.

Terra Magazine - O IBGE divulgou queda de 10% na produção industrial entre março de 2008 e março deste ano. Como avalia esse dado?

Fabio Kanczuk - Começou a recuperar (a economia), então é mais um mês de recuperação. Em vez de olhar para o ano passado (como parâmetro) - ainda está pior do que o ano passado, é melhor olhar em relação ao mês anterior, e aí o crescimento foi de 0,7%. É o terceiro mês de recuperação, ainda é baixo, mas (a economia) já está voltando. É mais um sinal de que o pior da crise , que foi em dezembro, já passou, e de que lentamente nós estamos voltando ao normal.

É a maior queda trimestral desde 1991. Isso se deve pelo fato de o ápice da crise, em dezembro, ter sido muito ruim, não?

É. Na verdade, o ápice da crise, uma coisa muito ruim, sem nada parecido, foi em dezembro mesmo. Quando a gente compara o Brasil com outros países nesse período, foram poucos os que conseguiram ficar piores que a gente. Isso foi em dezembro, agora o jogo mudou e começou a recuperação. Caiu a indústria, o comércio sentiu muito pouco. Foi uma particularidade da indústria, que teve uma queda muito abrupta em dezembro, e a partir de lá começou a recuperar.

O superavit com exportações também cresceu quase 50% entre janeiro e abril na comparação com o mesmo período de 2008. Também é um bom sinal?

Isso. Na verdade, o superávit comercial - e é um bom sinal que ele esteja aumentando - é um reflexo de que as importações caíram muito, e a indústria desacelerou. Quando as importações caem muito, melhora o superávit; na verdade, isso é um reflexo da crise. É um dado bom, mas reflete algo de ruim que aconteceu.

As commodities também aumentaram sua participação nas exportações…

Isso é uma coisa que está começando a se recuperar. Essa é uma coisa interessante: a balança comercial vai começar a ter cada vez mais surpresas positivas. O mercado em geral fez um cenário muito negativo para isso, e eu acho que vai haver cada vez mais boas supresas.

O senhor acha que, com esses sinais de recuperação, a “marolinha” acabou se concretizando? Os efeitos da crise foram relativamente pequenos em relação aos demais países?


Eu não creio na “marolinha”. A indústria, em dezembro, sofreu um tsunami e não “marolinha”. Foram poucos os países que afundaram tanto quanto o Brasil nesse mês. Se você pegar o PIB do último trimestre do ano passado, pouquíssimos países conseguiram desempenho pior que o Brasil. O tsunami foi tão brutal que, depois dele, tudo parece bom. É o que a gente está vendo agora: afundou tanto, que não dá para continuar afundando mais. É um pouco isso o que aconteceu com o Brasil.

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