Interessante, se o PT, no governo FHC, tivesse proposto uma CPI para investigar as maracutaias, que aliás, foram muitas, ocorridas na PETROBRAS, o babaca que subscreveu este editorial chamaria, na certa, os senadores do PT de sindicalistas arruaçeiros, terroristas, inimigos do desenvolvimento do país.Agora, como quem propôs e instalou a CPI foi PSDB, esse sabujo safado, ao invés de criticar este partido corrupto, critica o governo Lula.Besta é o governo que fica despejando grana para esses jornalões vendidos e alugados.
A CPI e os apetites Severinos
O Estado de S. Paulo - 22/05/2009
Quatro anos atrás este mês, o governo decidiu não entregar ao então presidente da Câmara dos Deputados, o inesquecível Severino Cavalcanti, a estratégica diretoria da Petrobrás que ele reivindicava para um afilhado, como compensação por não ter conseguido emplacar um parlamentar amigo na reforma ministerial que o presidente Lula pretendia fazer - e da qual, por isso mesmo, desistiu. Era, na sintaxe severina, "aquela diretoria que fura poço e acha petróleo", a de Exploração e Produção. Severino, como se recorda, teve de renunciar ao cargo e ao mandato para não ser cassado por uma daquelas maracutaias que fazem a opinião pública perder o respeito pelo Congresso. Mas nem por isso perdeu a solidariedade do presidente.
Outro que a conserva intacta é o ainda mais notório senador Renan Calheiros. Em dezembro de 2007, ele abriu mão da presidência da Casa para preservar o mandato, ameaçado pela revelação de que recorrera ao lobista de uma empreiteira para pagar despesas relacionadas com um affair sentimental. Atualmente, ele lidera a bancada peemedebista e contabiliza entre os seus feitos a eleição do correligionário José Sarney para a presidência do Senado. Atualmente, também, os políticos usam uma terminologia mais precisa - e significativa - para se referir à diretoria de Exploração e Produção da Petrobrás. É a "diretoria do pré-sal". E aqui o círculo se fecha. Calheiros é um dos cobiçosos caciques da sua agremiação que espera a volta do presidente do exterior para, como se diz, dar uma de Severino.
Ele e a sua gente querem persuadir Lula a nomear para essa diretoria, ocupada pelo petista Guilherme Estrella, o atual diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa. É assim que funcionam as coisas na República do Quem Indica: Costa chegou ao posto na cota do PP, que por sua vez opera em dobradinha com o PMDB no Congresso; se for nomeado para a "diretoria do pré-sal", assumirá uma dívida de gratidão que o partido de Renan decerto saberá cobrar. Mas tamanha é a voracidade peemedebista que essa é apenas a metade da missa: para o lugar de Costa, a sigla indicaria outro apadrinhado, com o que ela passaria a desfrutar de 3 das 6 diretorias da empresa. (A agremiação já controla a da Área Internacional e a subsidiária Transpetro.) A ocasião, é o caso de parafrasear, faz o glutão. E a ocasião da hora, sabem todos, é a CPI da Petrobrás.
Quando o PSDB, com o apoio um tanto a contragosto do DEM, conseguiu criá-la na semana passada no Senado, mesmo o imaginário brasileiro recém-chegado de Marte saberia que o alcance da iniciativa dependeria antes de mais de nada dos humores peemedebistas. É como se, ao fazer o que compete às oposições em qualquer democracia, o PSDB criasse uma dificuldade para que o PMDB pudesse vender ao governo uma facilidade. De fato, dos 11 membros titulares da comissão, 8 sairão das bancadas da base governista e, destes, 3 serão correligionários de Calheiros. "Tenho uma bancada de 20 senadores e todos querem participar da CPI", lembra ele singelamente. Para bom entendedor, isso significa o seguinte: de um lado, o critério para a escolha dos representantes da sigla levará em conta o grau de simpatia de Lula pelos pleitos do partido; de outro lado, vai sem dizer, o PMDB terá de ficar ou com a presidência ou com a relatoria da comissão.
Enquanto predominava a ideia de blindar a CPI contra alguma ousadia oposicionista, ficando o seu controle compartilhado com o PT, o partido do presidente estava confortável com o arranjo. Talvez tivesse subestimado a salinidade, digamos, da fatura por serviços futuros que o PMDB se prepara para levar desde já ao Planalto. Além disso, diante da ameaça da oposição de paralisar os trabalhos no Senado, obstruindo a votação das medidas provisórias em pauta, Calheiros e outros líderes governistas indicaram que estão dispostos a entregar a presidência do inquérito a um membro do DEM, talvez o discreto Antonio Carlos Magalhães Junior, que assumiu a cadeira do pai, de quem era suplente, quando ele faleceu em 2007. Mas esses são problemas do PT.
O problema, para o País, é a forte possibilidade de que a legítima investigação parlamentar sobre as caixas-pretas da Petrobrás seja sacrificada no consórcio entre um governo alarmado e o seu aliado Severino.
A CPI e os apetites Severinos
O Estado de S. Paulo - 22/05/2009
Quatro anos atrás este mês, o governo decidiu não entregar ao então presidente da Câmara dos Deputados, o inesquecível Severino Cavalcanti, a estratégica diretoria da Petrobrás que ele reivindicava para um afilhado, como compensação por não ter conseguido emplacar um parlamentar amigo na reforma ministerial que o presidente Lula pretendia fazer - e da qual, por isso mesmo, desistiu. Era, na sintaxe severina, "aquela diretoria que fura poço e acha petróleo", a de Exploração e Produção. Severino, como se recorda, teve de renunciar ao cargo e ao mandato para não ser cassado por uma daquelas maracutaias que fazem a opinião pública perder o respeito pelo Congresso. Mas nem por isso perdeu a solidariedade do presidente.
Outro que a conserva intacta é o ainda mais notório senador Renan Calheiros. Em dezembro de 2007, ele abriu mão da presidência da Casa para preservar o mandato, ameaçado pela revelação de que recorrera ao lobista de uma empreiteira para pagar despesas relacionadas com um affair sentimental. Atualmente, ele lidera a bancada peemedebista e contabiliza entre os seus feitos a eleição do correligionário José Sarney para a presidência do Senado. Atualmente, também, os políticos usam uma terminologia mais precisa - e significativa - para se referir à diretoria de Exploração e Produção da Petrobrás. É a "diretoria do pré-sal". E aqui o círculo se fecha. Calheiros é um dos cobiçosos caciques da sua agremiação que espera a volta do presidente do exterior para, como se diz, dar uma de Severino.
Ele e a sua gente querem persuadir Lula a nomear para essa diretoria, ocupada pelo petista Guilherme Estrella, o atual diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa. É assim que funcionam as coisas na República do Quem Indica: Costa chegou ao posto na cota do PP, que por sua vez opera em dobradinha com o PMDB no Congresso; se for nomeado para a "diretoria do pré-sal", assumirá uma dívida de gratidão que o partido de Renan decerto saberá cobrar. Mas tamanha é a voracidade peemedebista que essa é apenas a metade da missa: para o lugar de Costa, a sigla indicaria outro apadrinhado, com o que ela passaria a desfrutar de 3 das 6 diretorias da empresa. (A agremiação já controla a da Área Internacional e a subsidiária Transpetro.) A ocasião, é o caso de parafrasear, faz o glutão. E a ocasião da hora, sabem todos, é a CPI da Petrobrás.
Quando o PSDB, com o apoio um tanto a contragosto do DEM, conseguiu criá-la na semana passada no Senado, mesmo o imaginário brasileiro recém-chegado de Marte saberia que o alcance da iniciativa dependeria antes de mais de nada dos humores peemedebistas. É como se, ao fazer o que compete às oposições em qualquer democracia, o PSDB criasse uma dificuldade para que o PMDB pudesse vender ao governo uma facilidade. De fato, dos 11 membros titulares da comissão, 8 sairão das bancadas da base governista e, destes, 3 serão correligionários de Calheiros. "Tenho uma bancada de 20 senadores e todos querem participar da CPI", lembra ele singelamente. Para bom entendedor, isso significa o seguinte: de um lado, o critério para a escolha dos representantes da sigla levará em conta o grau de simpatia de Lula pelos pleitos do partido; de outro lado, vai sem dizer, o PMDB terá de ficar ou com a presidência ou com a relatoria da comissão.
Enquanto predominava a ideia de blindar a CPI contra alguma ousadia oposicionista, ficando o seu controle compartilhado com o PT, o partido do presidente estava confortável com o arranjo. Talvez tivesse subestimado a salinidade, digamos, da fatura por serviços futuros que o PMDB se prepara para levar desde já ao Planalto. Além disso, diante da ameaça da oposição de paralisar os trabalhos no Senado, obstruindo a votação das medidas provisórias em pauta, Calheiros e outros líderes governistas indicaram que estão dispostos a entregar a presidência do inquérito a um membro do DEM, talvez o discreto Antonio Carlos Magalhães Junior, que assumiu a cadeira do pai, de quem era suplente, quando ele faleceu em 2007. Mas esses são problemas do PT.
O problema, para o País, é a forte possibilidade de que a legítima investigação parlamentar sobre as caixas-pretas da Petrobrás seja sacrificada no consórcio entre um governo alarmado e o seu aliado Severino.
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