Inquérito diz que “flores” e “arranjo” pedidos por Walna seriam código para dinheiro.
Em pelo menos um aspecto a versão do Palácio Piratini para suspeitas investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF) não corresponde à realidade: o papel da assessora Walna Villarins Meneses.
Segundo integrantes do governo e do PSDB, ela seria uma secretária encarregada da agenda da governadora. Em trechos do inquérito que apura possível fraude em licitações de obras públicas aos quais Zero Hora teve acesso, Walna é identificada pela PF como uma das interlocutoras de conversas nas quais são usados termos como “flores”, “arranjos”, “bonsai” e “projeto de jardim”. Segundo o inquérito, esses termos encobririam negociação de valores. A outra interlocutora seria Neide Viana Bernardes, indiciada pela PF em crimes apurados nas investigações da Operação Solidária, que tiveram início em 2007, em Canoas.
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A negociação por trás dos supostos pagamentos que teriam sido feitos à assessora não está esclarecida nos trechos do inquérito analisados por ZH. O caso segue em investigação.
Walna não teve telefones monitorados pela PF. Diálogos dela foram captados em razão dos contatos que mantinha com outros investigados, como Neide e Francisco Fraga, ex-secretário-geral de Governo de Canoas. Neide e Fraga tiveram ligações interceptadas com autorização judicial.
Neide é apontada como representante de empresa
Gravações revelam que as interlocutoras usariam linguagem cifrada para acertar o negócio, fazendo referências a flores. Às 13h11min de 1º de julho de 2008, as duas falam sobre uma ida ao banco e uma “conta”.
Pouco mais de uma hora depois, às 14h30min, a mulher identificada pela PF como sendo Walna pede que uma entrega seja feita em “dois separados” e depois afirma: “Eu preciso só 20”. Analistas da PF descreveram a situação como uma negociação de R$ 20 mil. Um trecho de relatório oficial diz: “Percebe-se que Neide e Walna não estão falando de flores como deixaram transparecer nas ligações anteriores, ficando mais claro que estão falando de uma importância monetária que será separada em dois envelopes, sendo que um deles será de provavelmente R$ 20 mil”.
Neide está descrita em relatórios oficiais da investigação como representante dos interesses da Magna Engenharia na captação de contratos públicos, especialmente em Canoas.
adriana.irion@zerohora.com.br
Enviada pela amiga Nancy Lima.
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