sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Num governo fora da lei, a morte se faz regra



Aug 21st, 2009


Por Katarina Peixoto

Quem estabelecer uma relação plausível entre a propaganda do déficit zero, as escolas de lata, o saque ao erário e a morte de um Sem Terra, além da tortura sobre outros, ganha um murro. Dá para se perguntar se é vingança, esse grande motor dos homicídios que tanto povoa as legislações penais, o que matou Elton Brum, o militante Sem Terra executado hoje, à queima-roupa, na presença do Ministério Público Estadual, pela Brigada Militar. Mas vingança, como se sabe desde Aristóteles, pelo menos, estabelece-se numa relação comutativa, entre iguais. A tendência ao infinito e à consequente destruição total que a prática da vingança implica é um dos fundamentos para que se tenha desenvolvido o conceito de justiça distributiva e também o de lei. É claro, a vingança não desapareceu, mas algumas de suas manifestações tornaram-se passíveis de punição, porque passaram a ser subsumidas pela lei como crime.

É então preciso que a lei seja observada, para não que não saiamos a matar as pessoas que nos roubam. Ou que mataram um companheiro, ou que saquearam o Estado, ou que perseguiram e espancaram opositores, ou que furtaram de ladrões eméritos, ou que mataram em nome de ladrões poderosos. Diante dessas coisas é que se faz necessário o respeito à lei. E se tem uma coisa que pelo menos a maioria do Movimento dos Sem Terra sempre defendeu foi uma disputa pela legalidade. Pode-se discordar do MST. Também se pode discordar de “proprietários” de terras que não conseguem tornar sua propriedade irredutivelmente legal.

Esse tipo de controvérsia vem sendo tratada como um conflito causado unilateralmente por um grupo de criminosos, organizados nos Movimentos Sociais. As famílias que mandam na grande mídia brasileira agem como se a propriedade fosse uma realidade, apesar do direito. E se não há direito, há crime? Quem junta tico e teco sabe bem que sem lei não há crime e propriedade fora da lei não é, por definição, propriedade. Logo, não precisa de aparato policial para aplicar a lei onde não há crime, como quem pensa também pode saber, sem muito esforço.

Só que há lei, a despeito desse lamentável capítulo governamental do Rio Grande do Sul, chamado Governo Yeda Crusius. Este desastre, tão avesso à lei que trata os críticos como inimigos a serem exterminados, denunciados e desqualificados. E não é apenas pela incapacidade total de dar o exemplo ou de ter autoridade, a menor que seja, para defender o direito, o legal, o legítimo.

Diante desse governo falar em violência e ilegalidade no uso do poder de polícia por parte das forças de segurança do aparato estatal parece trivial. Para os atuais ocupantes do executivo gaúcho, de fato, é. Só tratando a violência como trivialidade se mata um militante de um movimento social com um tiro de espingarda calibre 12 nas costas. Só um governo com graves problemas legais torna possível um acontecimento como esse.

Só que há lei. E Elton Brum foi assassinado. Fosse a lei respeitada, o assassino deveria ser demitido por justa causa e encarcerdo. Ganha um murro quem negar, diria o governo. Porque num governo fora da lei, a morte se faz regra. Até quando?


Fonte:RS Urgente.

3 comentários:

Anônimo disse...

Quem deve responder também por homicidio é agovernadora, pois é ela quem da a ordem para que os seus paus mandados ajam aoarrepio da lei

Anônimo disse...

Giovani Avila Blumenau SC
Repito meu comentário no RS urgente
E muito chocante ver uma cena destas Marco, mas não tem outro jeito.
http://rsurgente.opsblog.org/2009/08/21/fotos-mostram-que-elton-foi-morto-pelas-costas/#comments
Nem no tempo das disputas da fronteira, não se matavam pelas costas um homem, aliás, aqui nesta terra enfrentavam-se homens frente a frente, cara a cara, tu sabia que poderia morrer, mas não temia a traição de um tiro ou golpe pelas costas. Não é folclore que na guerra dos farrapos um militar subjugou outro adversário e ao prendê-lo devolveu-lhe a arma: Disse-lhe que estava preso, mas não precisava estar desarmado.
Na primeira guerra russos e alemães deram-se trégua e confraternizaram em suas trincheiras, trocaram presentes no natal. Nos 500 anos de nosso país, indios foram entrincheirados e alvejados na Bahia, policiais em São Paulo se degladiaram, na USP estudantes, professores e polícia se engalfinham, em Ouro Preto, a cidade é sitiada para evitar o contraditório e o sagrado direito de protestar e a mídia protege esse staff dos “Tucanos e Democratas”. Cada vez mais me convenço que com todos os defeitos que porventura tenha, Lula ficará pra história como um dos maiores conciliadores de nossa história recente. A despeito de seus percauços sinto orgulho de ser um cidadão de um país que tem Lula como presidente, tenho nível universitário, mas sinto-me muito seguro que entreguei meu voto a pessoa certa, um operário e farei a coisa certa de novo em 2010. Nas favelas do Rio, a pólvora começa a ceder à firmeza do aperto de mão e do estado cidadão. Para aquela atriz platinada, que diz que sentia medo em 1985 e 2002, ou a colunista social que está temerosa, e tantas outras Reginas e Danusas, sugiro que leiam este comentário e descubram o que é medo de verdade.
No fundo é simples entender, Yeda alvejou à todos os gaúchos pelas costas, a RBS (Globo) à municiou , e a brigada (PM) foi apenas o instrumento.
Que deus tenha pena de nós, que esse homem descanse em paz…
Desculpa parceiro, mas desabafei…

O TERROR DO NORDESTE disse...

Anônimo, fique a vontade.É revoltante ver um cidadão de bem ser morto por policiais bandidos, pior:pelas costas. Os milicos não deram ao rapaz a menor chance de defesa.Para mim, esse fato acabou, definitivamente, com o governo corrrupto da tucana do Rio Grande do Sul.