quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

ARRUDA ERA CHAMADO DE "BIG BOSS"



Chefe da Casa Civil relata em gravações como governador do DF participaria do esquema


Uma das gravações do escândalo do mensalão do DEM mostra que o governador José Roberto Arruda era tratado como o “big boss” (grande chefe) do suposto esquema de repasse de propina a deputados aliados. No vídeo em poder da PF, o então secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, e o chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel, negociam como direcionar licitações. Tudo, segundo o próprio Maciel, a mando de Arruda. A gravação desmonta a defesa apresentada pelo governador, que alega ter deixado Durval num cargo sem poder e sem orçamento após ter recebido uma “herança maldita” do governo anterior.

No vídeo, Maciel diz que foi o próprio governador quem pediu que Durval participasse de uma tentativa de favorecimento ao Grupo Brasif numa licitação, e que decidisse como proceder em outro caso, no qual um deputado distrital planejava interferir numa concorrência pública.

Durval pede a Maciel que converse com a Arruda sobre a divisão de R$ 200 mil pagos a título de “reconhecimento” por empresas. Maciel mostra familiaridade com o assunto e chega a questionar quanto sobraria para o governador.

Na reunião com Durval, ocorrida no Palácio do Buriti, sede do governo do DF, Maciel relata ter feito uma viagem com o “big boss” ao Rio em que teria prometido ajudar pessoas da Brasif identificadas como Santos e Jonas. O presidente do grupo se chama Jonas Barcellos.

— O Arruda foi procurado lá por um cidadão chamado Santos, que é sócio de outro chamado Jonas, que é da tal de Brasif Duty Free do Brasil, desse grupo. O Arruda o recebeu, eu me afastei. Em seguida, o Arruda me chamou e disse: “Zé, participa aqui”.

— conta Maciel. — O Arruda disse para ele que iria me incumbir de eu vir conversar com você, para ver se é possível acondicionar a lista e, se for possível, que esse pessoal assuma com você todos os compromissos que tiver que serem assumidos (sic).

Empresa nega envolvimento

Maciel não explica quais seriam esses compromissos e a única menção à licitação é de que seria para a compra de computadores. Os dois combinam que um assessor da confiança de Durval acompanharia a reunião com empresários da Brasif naquele dia, no palácio.

A assessoria da Brasif negou, em nota, que o grupo tenha qualquer contrato com o governo do DF.

Antes de conversar sobre a Brasif, terceiro item na pauta de Maciel, ele e Durval discutiram uma licitação para a compra de câmeras para um novo sistema de segurança pública.

— Não aguento mais o Leonardo Prudente (presidente afastado da Câmara Distrital) no meu calcanhar. Eu vou fazer exatamente, foi o combinado com o governador, exatamente o que nós dois aqui acertarmos com relação às câmaras da segurança pública.

Que jeito eu vou fazer aquela coisa? (sic) Ele vai participar, não vai participar? — pergunta Maciel.

Em outro momento, ao tratar sobre a arrecadação da propina, Durval puxa assunto: — Sempre quem conduz é o big boss lá — diz ele.

Durval passa a explicar que Arruda costumaria determinar como seria a distribuição do dinheiro. Durval afirma que chegou um novo lote de “reconhecimentos” de empresas como a Vertax e a Linknet, e diz que o governador precisava ser consultado sobre a divisão.

— Quanto que tem que dar isso aqui? — questiona Maciel.

— A priori deve dar 200 mil — responde Durval.

Maciel chega a perguntar se o dinheiro seria um adicional aos “1.5”, referência ao percentual de propina supostamente praticada no esquema.

— Então o que ficaria livre para ele dispor? — pergunta Maciel, referindose ao governador. — Um e duzentos.

Tá. Eu vou falar com ele.

Arruda nega envolvimento no caso.
O Grobo.

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