terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Hegemonia petista


Menos mal.


Correio Braziliense - 14/12/2010


Presidente eleita anuncia mais três mulheres do PT para o primeiro escalão. Pelo menos oito ministérios terão comando feminino na sua gestão. O partido também se fortalece na Esplanada e de ocupar 18 áreas.

transição


Convites a mais três integrantes do partido para ocupar cargos de primeiro escalão na Esplanada dos Ministérios delimitam o espaço da legenda em pelo menos 16 áreas e restringem os problemas finais à Saúde e ao PSB



A presidente eleita, Dilma Rousseff, está com a cara de seu governo definida. Ao convidar as petistas Lucia Falcón, para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, Luiza Bairros, para a Igualdade Racial, e oferecer a Secretaria de Política para as Mulheres à deputada Iriny Lopes, praticamente sentenciou o tamanho do PT na Esplanada. Resta encontrar soluções para questões espinhosas, como o nome para a Saúde e o espaço do PSB.

Dos 16 nomes confirmados, o PT emplacou 8 e outros sete já foram convocados — dependem apenas de oficialização. Para o número fechar, resta saber se o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), será opção definitiva para a Saúde e qual a saída para Cultura. Os petistas queriam comandar 19 pastas, mas tiveram de abrir espaço aos aliados.

O partido não desistiu de lutar por Cidades, mas essa é uma briga perdida. Movimentos sociais pressionam o presidente do PT, José Eduardo Dutra, a rejeitar um acordo que acomode o deputado Mario Negromonte (PP-BA). Fazem lobby para, no mínimo, a manutenção do atual titular Márcio Fortes (PP), que tem acordo de não entrar em conflito com as secretarias comandadas por petistas. O temor é que o parlamentar baiano nomeie somente pessoas de confiança para os postos.

O PT, por outro lado, parece ter apaziguado — um pouco — a insatisfação interna com esses recentes movimentos da presidente eleita. Iriny Lopes é da tendência radical Articulação de Esquerda, que havia sido desalojada da Secretaria de Pesca para acomodar a senadora Ideli Salvatti (leia mais na página 3). A indicação de Lucia Falcón atende duplamente dois governadores do PT — Marcelo Déda (Sergipe) e Jaques Wagner (Bahia)— e à demanda por maior participação do Nordeste na Esplanada. Lucia é secretária de Planejamento de Sergipe e baiana de nascimento. Com isso, a assessora especial da Casa Civil, Tereza Campelo, fica com o Ministério de Desenvolvimento Social, a pasta que toca o Bolsa Família, como antecipou o Correio.

Até agora, são nove mulheres — quatro das quais já oficializadas — no futuro governo (veja quadro). Dilma quer encontrar espaço para outras três: Cultura e Esporte, além da Juventude, cargo de segundo escalão ligado à Secretaria-Geral. No Esporte, que cabe ao PCdoB, é árdua a batalha para emplacar um quadro feminino. Os comunistas não abrem mão da manutenção de Orlando Silva. Na Cultura, Dilma tende a escolher um nome fora do espectro partidário —a mais cotada é Ana Hollanda, ex-diretora da Funarte.

Variáveis

Para bater o martelo sobre o tamanho dos socialistas, Dilma aguarda uma resposta do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) (leia mais na página 4). A certeza é de que o PSB terá titular na Integração Nacional e na Secretaria de Portos, que deverá ser turbinada com Aeroportos. Nessa equação, está difícil encontrar um espaço para acomodar Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) e devolver a cadeira de senador a José Eduardo Dutra, seu primeiro suplente.

Fechado esse desenho, restará apenas a incógnita de pastas auxiliares comandadas hoje por titulares sem filiação partidária: Controladoria-Geral da União (CGU), Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e Advocacia-Geral da União (AGU), que tem status de ministério.


ANIVERSÁRIO NO SUL

A presidente eleita, Dilma Rousseff, comemora hoje 63 anos ao lado da família e do neto Gabriel, nascido no calor da campanha eleitoral. Ela está desde domingo em Porto Alegre descansando. Na sexta-feira, ela e o vice-presidente eleito Michel Temer (PMDB) serão diplomados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Amanhã, Temer deve renunciar à Presidência da Câmara fazendo um discurso no plenário. Protocola, no dia seguinte, o documento que oficializa sua saída.


O novo velho governo

A presidente eleita estipulou esta semana como prazo para anunciar toda a composição do ministério. Até agora, 16 nomes foram oficializados. Outros 11 estão praticamente certos: falta apenas o anúncio protocolar. Cinco dependem de acerto político-partidário. Seis estão indefinidos.

CONFIRMADOS

Fazenda: Guido Mantega (PT)
Planejamento, Orçamento e Gestão: Miriam Belchior (PT)
Banco Central: Alexandre Tombini
Casa Civil: Antonio Palocci (PT)
Secretaria-Geral da Presidência: Gilberto Carvalho (PT)
Justiça: José Eduardo Martins Cardozo (PT)
Comunicações: Paulo Bernardo (PT)
Secretaria de Comunicação Social: Helena Chagas
Assuntos Estratégicos: Moreira Franco
Transportes: Alfredo Nascimento (PR)
Minas e Energia: Edison Lobão (PMDB)
Pesca e Aquicultura: Ideli Salvatti (PT)
Direitos Humanos: Maria do Rosário (PT)
Agricultura: Wagner Rossi (PMDB)
Previdência Social: Garibaldi Alves Filho (PMDB)
Turismo: Pedro Novais (PMDB)

DEPENDEM DE ANÚNCIO

Ciência e Tecnologia: Aloizio Mercadante (PT)
Defesa: Nelson Jobim (PMDB)
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior:
Fernando Pimentel (PT)
Desenvolvimento Agrário: Lucia Falcón (PT)
Secretária de Planejamento de Sergipe, Lucia Falcón é baiana de nascimento e entra no governo como cota conjunta dos governadores Jaques Wagner, da Bahia, e do sergipano Marcelo Déda. Foi convidada na semana passada pela presidente eleita.
Desenvolvimento Social e Combate à Fome: Tereza Campelo (PT)
Assessora especial da Casa Civil, é economista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais e tem longa trajetória de contribuição em prefeituras petistas, como na Secretaria de Fazenda de Porto Alegre.
Educação: Fernando Haddad (PT)
Meio Ambiente: Izabella Teixeira
Políticas Para as Mulheres: Iriny Lopes (PT)
Vice-presidente nacional do PT, faz parte da corrente radical Articulação de Esquerda, que foi desalojada do Ministério da Pesca para emplacar a senadora Ideli Salvatti (PT-SC). Foi relatora da CPI das Escutas Telefônicas e sugeriu o indiciamento do banqueiro Daniel Dantas.
Trabalho: Carlos Lupi (PDT)
Igualdade Racial: Luiza Bairros (PT)
A futura ministra é socióloga e ocupa secretaria similar no governo da Bahia, estado com o maior percentual de população negra do país. Foi convidada por Dilma e prometeu construir apoio ao seu nome dentro do movimento social.
Relações Exteriores: Antonio Patriota

ACERTOS POLÍTICOS

Integração Nacional: PSB
Portos e Aeroportos: PSB
Relações Institucionais: PT
Cidades: PP
Esporte: PCdoB

PENDÊNCIAS
Cultura:
Saúde:
Controladoria-Geral da União:
Segurança Institucional:
Advocacia-Geral da União:
Micro e Pequenas Empresas:

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