quinta-feira, 7 de maio de 2009

BRASIL TEM MAIOR SALDO CAMBIAL EM SETE MESES


Autor(es): Fernando Nakagawa
O Estado de S. Paulo - 07/05/2009



O bom desempenho da balança comercial permitiu que o Brasil retomasse, em abril, o saldo positivo no ingresso de moeda estrangeira. Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram saldo de US$ 1,43 bilhão em abril, o melhor resultado desde setembro de 2008. No quadrimestre, porém, o saldo está negativo em US$ 1,5 bilhão, bem pior do que o registrado em igual período de 2008, que fechou positivo em US$ 15,6 bilhões. Além disso, a recuperação do segmento comercial ainda não é percebida no chamado fluxo financeiro, que registra as operações de investidores e empresas. Nesse critério, o País amarga a saída de recursos, registrando, em abril, saldo negativo de US$ 3,4 bilhões. Mas o fluxo cambial dá sinais de melhora. O dólar voltou a ficar perto de R$ 2,10 e, segundo o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, os números "consolidam a sensação de que o pior já passou".


Balança comercial ajudou Brasil a obter superávit de US$ 1,43 bi nas transações em moeda estrangeira em abril


O bom desempenho da balança comercial permitiu que o Brasil voltasse a ter saldo positivo no ingresso de moeda estrangeira no mês passado. Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram um superávit de US$ 1,43 bilhão em abril, o melhor resultado desde setembro de 2008, quando houve o agravamento da crise financeira. No ano, o saldo está negativo em US$ 1,5 bilhão, um resultado muito pior do que o observado no primeiro quadrimestre do ano passado, quando fechou positivo em US$ 15,6 bilhão.

A recuperação do segmento comercial, porém, ainda não é percebida no fluxo financeiro, que registra as operações de investidores e empresas, que trazem dólares para investimentos na produção, aplicações no mercado de ações e em títulos públicos. Nesse critério, o País amargou o 14º mês seguido de saída de recursos, registrando, no mês passado, um saldo negativo de US$ 3,487 bilhões.

O fluxo cambial dá sinais de caminhar para uma situação mais próxima daquela vista antes da crise. "A melhora tem contribuído para a valorização do real, que também acompanha um movimento de desvalorização do dólar ante as várias moedas", afirma o economista do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, em relatório sobre os resultados de abril.

"O dólar, que bateu em R$ 2,50, voltou a ficar perto de R$ 2,10. Estamos longe do piso de antes da crise, mas já melhorou bastante", diz o economista da Austin Rating, Alex Agostini.

Para ele, os números consolidam a sensação de que o pior já passou. "A sangria ficou para trás e agora estamos em um estágio de estabilidade com perspectiva de melhora."

O ingresso de quase US$ 1,5 bilhão em abril contrasta com resultados recentes. Em novembro de 2008, no auge do nervosismo do mercado financeiro, US$ 7,1 bilhões deixaram o País em apenas 30 dias. Entre setembro de 2008 e março de 2009, saíram US$ 18,3 bilhões. A mudança de sentido recente no fluxo cambial foi sustentada pela recuperação do saldo comercial.

Em meio à melhora das exportações e à forte queda das importações, o comércio exterior respondeu por US$ 4,9 bilhões que ingressaram no Brasil em abril, a melhor marca desde setembro de 2008 e o quarto mês seguido de aumento da entrada pelo fluxo comercial.

A conta financeira, no entanto, continua no vermelho. Em abril, investidores e empresas remeteram US$ 3,48 bilhões ao exterior. Apesar do resultado negativo, o que chama atenção é a concentração das remessas nos dois últimos dias de abril, quando saíram US$ 2,6 bilhões.

"Empresas com dívida no exterior podem ter remetido dólares para pagar os compromissos. Acredito que o movimento desses dois dias tenha sido pontual", diz Agostini. Sem os dois dias, o fluxo financeiro teria saída 74% menor, de US$ 884 milhões. Para o economista, as perspectivas são positivas.

"O estrangeiro está entrando aos poucos, e esse tipo de investidor respondeu por boa parte da recuperação da Bovespa, que saiu dos 29 mil pontos e já está em 51 mil", diz Agostini. Para ele, é provável que mais estrangeiros entrem no mercado brasileiro nas próximas semanas, o que deve reduzir a saída ou até inverter a tendência da conta financeira.

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