Publicado em 16 de maio de 2009
por Luiz Carlos Azenha
Quando eu era repórter da Globo, entre 2005 e 2006, durante meses o Jornal Nacional dedicava de três a dez minutos diários à cobertura de três CPIs: a do Mensalão, a dos Correios e a do Fim do Mundo.
As reportagens registravam acusações, ilações e suposições geradas diariamente nos corredores do Congresso, a grande maioria delas desprovada mais tarde. Não importa. O objetivo óbvio era produzir fumaça e as manchetes que faziam Ali Kamel delirar. O capo da Globo ficou tão excitado que despachou para Brasília uma assistente pessoal, cuja tarefa diária era percorrer os bastidores do Congresso para passar e receber informações, além de monitorar os colegas de emissora.
Uma CPI como a da Petrobras fornece o argumento essencial para Kamel e seus asseclas: estamos apenas "cobrindo os fatos", argumentam. Já escrevi aqui ene vezes sobre 2006: capas da Veja alimentavam o Jornal Nacional, que promovia a devida "repercussão", gerando decisões políticas que alimentavam outras capas da Veja, que apareciam no JN de sábado e geravam indignação em gente da estirpe de ACM, Heráclito Fortes e Arthur Virgílio.
Só essa "indignação seletiva" é capaz de explicar porque teremos uma CPI da Petrobras mas nunca tivemos uma CPI da Vale ou das privatizações.
Porém, os farsantes de hoje correm alguns riscos:
1. Especialmente depois da CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas, em que o Parlamento brasileiro foi privatizado para defender um banqueiro, o próprio instituto das CPIs está desmoralizado.
2. À CPI da Petrobras faltam detalhes picantes. Já imaginaram qual será o grande momento da investigação? O depoimento de um contador? De um fiscal da Receita? A essa altura o Ali Kamel deve estar pendurado ao telefone com o Demóstenes Torres exigindo algum cadáver, alguma secretária traída, qualquer coisa que tenha apelo. Para não afundar ainda mais a audiência do JN.
3. O brasileiro se identifica com a Petrobras. Os inquisidores da empresa correm o risco de serem tachados de entreguistas, de prejudicarem a empresa e, portanto, a imagem do Brasil no Exterior. É óbvio que o PSDB pretende usar a CPI para fazer barganha política nos bastidores, especialmente agora que estão em discussão as regras para a exploração do pré-sal. Em relação a 2010, não há nada mais poderoso do que acusar os tucanos de buscarem a privatização da Petrobras. No segundo turno de 2006, lembram-se? Lula, acusado de desperdício por ter comprado um avião presidencial novo, passou a dizer que Alckmin pretendia privatizar "até o avião da Presidência".
Isso forçou Alckmin àquele momento patético(foto acima).
Vamos ver, agora, se a Petrobras continuará despejando dinheiro público nos intervalos do Jornal Nacional ou nas páginas de jornais e revistas cujo objetivo é servir ao projeto tucano de privatizá-la. Feito o filho do FHC com a jornalista da Globo, produzir a "Petrobrax" é algo que os tucanos nunca assumem.
Colaboração de Nancy Lima.
10 comentários:
A Petrobrás, ao que parece, já foi "privatizada" por Lula e seus aloprados. Não passa, hoje, de ser a "PeTebrás". Será que a CPI dessa oposição de araque conseguirá resgatá-la para o povo brasileiro?
Cara, você diz isso por má-fé ou por desonestidade intelectual, ou as duas coisas juntas.Acho que se você for dizer isso na frente de um petroleiro ele tira teu couro todinho e manda você para cuba, para pedir a bênção a Fidel Castro.
Meu caro Gilvan,essa turma do PMDbosta não vale nada,Lula está criando cobra para morder ele.
já não basta a imprensa podre,a
oposição canalha e essa base traídora que só pensa em obter
vantagens são uns verdadeiros sangue-suga isso dá nojo!!!
Jurandir, exatamente.
Eu não sou "cara", não uso de "má fé", não sou "intelectualmente desonesto", não sou "as duas coisas juntas", nem mereço qualquer dos mimos que você, com a fina educação de que tem dado mostra, poderia facilmente sacar do imenso repertório de ultrajes que parece possuir. Que você só argumenta "ad hominem", é o que de pior eu me permitiria dizer-lhe, e digo.
Quanto ao mais, não creia que mereça ser esfolado vivo pelo simples fato de expressar as minhas idéias. Até acredito que você não desejaria, de fato, que isso me acontecesse, pois, mesmo como metáfora, é coisa de carniceiro comunofascista.
Para finalizar, ninguém neste mundo jamais me obrigaria a pedir bênçãos ao "Carniceiro do Caribe", pois amo a vida e sei muito bem que os que ele tem "abençoado" contam-se aos milhares e, infelizmente, já não pertencem mais ao mundo dos vivos.
Caiu a ficha, o ex-esquerdista que diz ter sido do PT, fala mal da Revolução Bolivarista, fala mal de sindicalista e, por fim, tem pavor do comunofascita.Quanto a questão do "esfolado vivo", eu disse isso por força de expressão. Nunca, jamais desejaria isso a um cidadão de bem, não obstante discordar 100%do que ele diga.De todo modo, desculpe-me por ter disso isso. Quanto a Fidel, não faz mal algum pedir a bênção ao pai Fidel.Por derradeiro, fique à vontade, meta o pau no PT, em Lula, em Fidel.Abraços.
Leia-se: por ter dito isso.Ah! o Terror é da Paz e do Amor.
Sinto muito, mas a sua ficha não caiu ainda, meu caro "Terror". Não sou "ex" de nada. Ocorre apenas que não vejo por onde o PT "neoliberal" e corrupto de Lula, Zé Dirceu e assemelhados, a "revolução bolivariana" do maluco Chavez, o sindicalismo pelego que está tomando de assalto o país, e o "comunofascismo" façam juz aos ideais da verdadeira esquerda. Ipso facto, sou contra essas excrecências da estupidez humana, sim. E me orgulho disso.
Quanto ao mais, já vi que você é "da paz e do amor". Parabéns! Eu também sou. E sem ser candidato a nada.
Não entendo mais nada.O cara se diz de esquerda, no entanto, critica a "revolução bolivariana" do maluco Chavez, o sindicalismo pelego que está tomando de assalto o país".Nesta postagem, faz apologia ao velho Brizola, que, se vivo fosse, estaria apoiando Hugo Chávez na cruzada conta os americanos.Que tipo de esquerda você defende, meu caro? Já que você não se dispõe a citar seu nome dá ao menos para responder isso? Ah, sim! Também não sou candidato a nada, apenas defendo o melhor presidente da História do Brasil.
Talvez eu possa, para início de conversa, dizer-lhe qual é o tipo de "esquerda" que eu não defendo. Se me acompanhou até aqui, comprenderá facilmente que não defendo essa "esquerda" "corrupta, pilantra e mesquinha" (os adjetivos são seus, aplicados à direita, em um outro post) que está aí, sob a égide do Foro de São Paulo, não só no Brasil, mas na América Latina, transformando o continente na vanguarda do atraso - um verdadeiro "lixo ocidental"! - por querer reeditar aqui, sem as correções necessárias, os fracassos históricos do socialismo real. Incapacitada de aprender com os próprios fracassos, ela vai nos conduzir, por certo, pelos mesmos caminhos que já levaram muitos outros países à ditadura, à miséria e à fome! Será, como sempre foi, uma ilha de corrupção num mar de pobreza, como já está acontecendo na Bolívia, na Venezuela e aqui mesmo, sob os nossos olhos.
É essa, pois, a "esquerda" que não defendo. Defendo, no entanto, o seu direito de defendê-la.
Postar um comentário