sábado, 16 de maio de 2009

Enquanto isso, Lula vai à China tentar exportar produtos de maior valor agregado

16/05/20009

O presidente Lula vai visitar a China, o principal comprador de artigos do Brasil, com um objetivo claro: passar a exportar produtos de maior valor agregado. Lula chega ao país asiático nesta segunda-feira (18) em uma viagem de três dias.

Outro objetivo do presidente brasileiro é o de propor aos chineses a substituição do dólar pelas moedas locais nas trocas bilaterais.

Em abril, pela primeira vez, a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil, superando os Estados Unidos. De janeiro a abril deste ano, a China importou US$ 5,627 bilhões em produtos brasileiros com expansão de 64,7% comparado a igual período de 2008, enquanto os EUA compraram US$ 4,925 bilhões e caíram 35,3% na mesma base de comparação.Comércio do Brasil com a China ainda é muito elementar, diz Luiz Felipe de Alencastro


Segundo analistas, um problema do Brasil é que o país exporta muito mais matéria-prima do que produtos industrializados. No sentido contrário, o Brasil compra basicamente produtos industrializados dos chineses.

No primeiro quadrimestre de 2009, 76,5% do que a China comprou foram básicos e 23,1% industrializados. E a China vendeu 2,3% de produtos básicos para o Brasil e 97,7% de industrializados.

Os principais produtos exportados pelo Brasil foram minério de ferro e soja, que correspondem a 72% de tudo aquilo que foi vendido à China.

"Existe uma forte pressão da Fiesp para que o Brasil passe a exportar mais produtos industrializados para a China. O presidente Lula dá sinais de que quer diversificar nossas exportações. Mas acho difícil que os chineses passem a comprar produtos industrializados do Brasil", explica Alexandre Barbosa, doutor em economia pela Unicamp e especialista nas relações entre Brasil e China.

Segundo Barbosa, existe uma forte demanda para que os chineses instalem uma fábrica de semicondutores no Brasil. "Compramos tantos chips da China que está na hora de os chineses instalarem uma fábrica aqui no Brasil", diz.

Um estudo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostrou que 26 setores poderiam ampliar sua participação no mercado chinês. Lula quer divulgar na China os aviões da Embraer, e produtos que estão sofrendo restrições e incentivar o comércio de carnes de frango e porco.

Para facilitar o trâmite e o comércio destes produtos, a Agência de Promoção às Exportações (Apex-Brasil) abrirá um escritório em Pequim.

Outro assunto que deverá ser abordado no encontro de Lula e Hu Jintao, presidente chinês, é o petróleo. A Petrobras tem interesse em que a China financie a exploração dos campos do pré-sal e, em contrapartida, a estatal brasileira forneceria o produto aos chineses.

Cautela

Barbosa é cauteloso ao falar da China. Para o economista, o posto de principal parceiro comercial do Brasil é momentâneo. Com a crise, os Estados Unidos pararam de consumir enquanto a China cresce mais de 6%.

"Neste momento de crise a China é nosso principal parceiro, mas isso vai mudar. Quando a crise passar, os Estados Unidos voltarão a consumir e certamente retomarão o posto", prevê.

O economista também lembra que o Brasil é importante para os chineses, mas nem de longe é o queridinho número 1. O Brasil representa apenas 1,4% do que a China compra do mundo

"Precisamos tomar um pouco de cuidado com o que falamos da China. Não desprezo o país, mas precisamos levar em consideração que o principal parceiro da China é os Estados Unidos, não o Brasil", diz. "Quanto mais o Brasil cresce mais aumenta nosso déficit com os chineses", completa.

Para Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio Brasil-China, o Brasil deveria aprofundar a aliança com a China. "A visita do Lula à China é de suma importância para o Brasil. A parceria dos dois países é estratégica para atenuar os efeitos da crise", afirma.

Tang diz que o dólar "tem data marcada para desvalorizar-se mais" e, portanto, a luta de Lula e Hintao por uma nova moeda para o comércio global é importante para o mundo.

Política
Na política, o principal assunto deverá ser a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Tanto China quanto Brasil concordam que o Conselho de Segurança necessita de uma reforma.

O Brasil busca um assento permanente, mas sofre o veto chinês, que teme a entrada do Japão. O governo brasileiro quer o apoio da China em sua batalha por um assento permanente na instituição.

No domingo (17), Lula partirá de Riad (Arábia Saudita) para Pequim, onde deve chegar às 11h de segunda-feira. Às 18h terá encontro com o Presidente da China, Hu Jintao, seguido de jantar privado.

Na terça-feira, Lula participará, às 10h30, da cerimônia de abertura do Centro de Estudos Brasileiros na Academia de Ciências Sociais da China. Ao meio-dia, o presidente estará presente ao encerramento de encontro empresarial na sede do Banco de Desenvolvimento da China, e às 13h30, almoçará com empresários brasileiros e chineses.

Lula e Hu Jintao se reunirão às 17h, após cerimônia oficial de boas-vindas. O encontro será seguido de cerimônia de assinatura de atos e de jantar oficial oferecido por Jintao.

Na quarta-feira, Lula visitará as instalações da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial, às 9h.

Lula partirá de Pequim para Istambul, na Turquia, às 13h da quarta-feira.

*Com agências internacionais
Uol.

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