É preciso lembrar aos pernambucanos que o senador Sérgio Guerra(PSDB-PE) fez manobra política para a HEMOBRÁS não vir para Pernambuco, conforme denunciou o jornalista do Jornal do Comércio Inaldo Sampaio.Ao final, prevaleceu a preferência do ex-ministro da Saúde Humberto Costa(PT-PE) e a mencionada empresa foi aqui instalada.As eleições vem ai, e Sérgio Guerra já se habilitou a uma vaga no Senado. Olho no anão do orçamento.
Fábrica nacional de hemoderivados sairá do papel, finalmente, em 2011
Autor(es): Rui Nogueira
O Estado de S. Paulo - 03/05/2009
Pelo menos 6 tipos de drogas serão produzidos, reduzindo dependência dos importados e custos de tratamento
Depois de 15 anos de promessas, três planos de política industrial e um escândalo que deu origem às investigações da Operação Vampiro (2004), o governo federal está finalmente tirando do papel a primeira fábrica de hemoderivados do País. No segundo semestre de 2011, quando começar a produzir pelo menos seis tipos dos complexos e caríssimos "remédios de sangue", o Brasil se tornará autossuficiente em alguns desses medicamentos ou reduzirá muito a dependência da produção, hoje concentrada em oito grandes fabricantes mundiais.
A grande parceira da fábrica é a empresa pública francesa Laboratoire Français du Fractionnement e des Biotechnologies (LFB ), a única entre as concorrentes que no processo de licitação aceitou fazer a transferência de tecnologia para a empresa brasileira em seis produtos: fatores 8 e 9, complexo protrombínico, fator de von Willebrand, albumina e imunoglobulina. Hoje, a aquisição e fornecimento desses produtos para pacientes hemofílicos, cirurgias de alta complexidade e tratamentos intensivos de câncer, aids e outras doenças infecciosas movimenta um mercado de R$ 1 bilhão.
A obra do primeiro bloco do complexo da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), no polo Farmacoquímico de Goiana, a 63 quilômetros do Recife (PE), começou no início de abril. É a Câmara Fria, um prédio de R$ 33 milhões e 2.700 metros quadrados com capacidade para receber e estocar até 1 milhão de bolsas do plasma brasileiro, que será fracionado e transformado em medicamentos hemoderivados. Outros R$ 10 milhões foram investidos na compra de robôs que vão operar no interior da Câmara Fria, à temperatura de -25 graus Celsius.
"A meta é reduzir o custo dos tratamentos com hemoderivados, substituir a importação, tornar o País autossuficiente em albumina, imunoglobulinas, no concentrado de fator 9 de coagulação, complexo protrombínico e fator Willebrand. A fábrica também vai prover 35% da necessidade de fator 8", resumiu ao Estado o médico João Paulo Baccara, presidente da Hemobrás.
Levando em conta o custo total da fábrica, em torno de R$ 550 milhões, e a economia no preço dos medicamentos, Baccara calcula que "em dois anos e meio a sociedade vai recuperar o investimento".
DILEMAS
A construção da fábrica de hemoderivados e pesquisa de biotecnologia sempre fez parte dos projetos de política industrial lançados desde o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Além do investimento científico, os governos defendiam a fábrica como uma forma de baratear a importação desses medicamentos, processo que era alvo de fraudes nas licitações e, segundo a Operação Vampiro da Polícia Federal, provocaram prejuízos de cerca de R$ 120 milhões entre 1997 e 2004. A operação policial levou à prisão - em maio de 2004 - de empresários, lobistas e servidores públicos, todos acusados de manipular licitações.
O Ministério da Saúde foi melhorando as licitações e controlando as aquisições de hemoderivados, mas sempre esbarrou no problema da falta de tecnologia para arrancar com a fábrica. Além disso, havia o dilema entre comprar tecnologia ou investir para desenvolver tecnologia própria. O governo Lula decidiu que esse desenvolvimento equivaleria a uma espécie de "reinvenção da roda" e, em 1º de outubro de 2007, fechou o acordo com a LFB francesa.
A aquisição de tecnologia de qualidade indiscutível facilita o registro dos produtos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e evita os testes básicos de validade de medicamentos, que teriam de usar, por exemplo, pacientes hemofílicos altamente desconfiados depois dos problemas de contaminação nos anos 80. Foi depois dessa tragédia nacional, quando cerca de 90% dos hemofílicos foram contaminados em transfusões de sangue, que o governo estabeleceu uma política de qualidade nos hemocentros, exigindo que todo o plasma coletado passasse por pelo menos nove exames diferentes para detectar vários tipos de hepatite, doença de Chagas, leucemia, sífilis e aids.
O Estado de S. Paulo - 03/05/2009
Pelo menos 6 tipos de drogas serão produzidos, reduzindo dependência dos importados e custos de tratamento
Depois de 15 anos de promessas, três planos de política industrial e um escândalo que deu origem às investigações da Operação Vampiro (2004), o governo federal está finalmente tirando do papel a primeira fábrica de hemoderivados do País. No segundo semestre de 2011, quando começar a produzir pelo menos seis tipos dos complexos e caríssimos "remédios de sangue", o Brasil se tornará autossuficiente em alguns desses medicamentos ou reduzirá muito a dependência da produção, hoje concentrada em oito grandes fabricantes mundiais.
A grande parceira da fábrica é a empresa pública francesa Laboratoire Français du Fractionnement e des Biotechnologies (LFB ), a única entre as concorrentes que no processo de licitação aceitou fazer a transferência de tecnologia para a empresa brasileira em seis produtos: fatores 8 e 9, complexo protrombínico, fator de von Willebrand, albumina e imunoglobulina. Hoje, a aquisição e fornecimento desses produtos para pacientes hemofílicos, cirurgias de alta complexidade e tratamentos intensivos de câncer, aids e outras doenças infecciosas movimenta um mercado de R$ 1 bilhão.
A obra do primeiro bloco do complexo da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), no polo Farmacoquímico de Goiana, a 63 quilômetros do Recife (PE), começou no início de abril. É a Câmara Fria, um prédio de R$ 33 milhões e 2.700 metros quadrados com capacidade para receber e estocar até 1 milhão de bolsas do plasma brasileiro, que será fracionado e transformado em medicamentos hemoderivados. Outros R$ 10 milhões foram investidos na compra de robôs que vão operar no interior da Câmara Fria, à temperatura de -25 graus Celsius.
"A meta é reduzir o custo dos tratamentos com hemoderivados, substituir a importação, tornar o País autossuficiente em albumina, imunoglobulinas, no concentrado de fator 9 de coagulação, complexo protrombínico e fator Willebrand. A fábrica também vai prover 35% da necessidade de fator 8", resumiu ao Estado o médico João Paulo Baccara, presidente da Hemobrás.
Levando em conta o custo total da fábrica, em torno de R$ 550 milhões, e a economia no preço dos medicamentos, Baccara calcula que "em dois anos e meio a sociedade vai recuperar o investimento".
DILEMAS
A construção da fábrica de hemoderivados e pesquisa de biotecnologia sempre fez parte dos projetos de política industrial lançados desde o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Além do investimento científico, os governos defendiam a fábrica como uma forma de baratear a importação desses medicamentos, processo que era alvo de fraudes nas licitações e, segundo a Operação Vampiro da Polícia Federal, provocaram prejuízos de cerca de R$ 120 milhões entre 1997 e 2004. A operação policial levou à prisão - em maio de 2004 - de empresários, lobistas e servidores públicos, todos acusados de manipular licitações.
O Ministério da Saúde foi melhorando as licitações e controlando as aquisições de hemoderivados, mas sempre esbarrou no problema da falta de tecnologia para arrancar com a fábrica. Além disso, havia o dilema entre comprar tecnologia ou investir para desenvolver tecnologia própria. O governo Lula decidiu que esse desenvolvimento equivaleria a uma espécie de "reinvenção da roda" e, em 1º de outubro de 2007, fechou o acordo com a LFB francesa.
A aquisição de tecnologia de qualidade indiscutível facilita o registro dos produtos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e evita os testes básicos de validade de medicamentos, que teriam de usar, por exemplo, pacientes hemofílicos altamente desconfiados depois dos problemas de contaminação nos anos 80. Foi depois dessa tragédia nacional, quando cerca de 90% dos hemofílicos foram contaminados em transfusões de sangue, que o governo estabeleceu uma política de qualidade nos hemocentros, exigindo que todo o plasma coletado passasse por pelo menos nove exames diferentes para detectar vários tipos de hepatite, doença de Chagas, leucemia, sífilis e aids.
Um comentário:
Leia-se: as eleições vêm ai.
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