sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mensalão de Arruda atropela meio ambiente


O PDOT é um verdadeiro tiro no pé dos habitantes de Brasília e uma mina de ouro para empresários, governantes e oportunistas"

Renata Camargo*

A grave crise política que se instalou na capital federal desde a semana passada revela como os interesses e as ambições de particulares estão desqualificando a qualidade de vida da população. O inquérito da Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal sobre o esquema de corrupção envolvendo a alta cúpula do governo do Distrito Federal faz um breve relato sobre o jogo de interesses de construtoras e empresários do setor imobiliário na aprovação do Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF (PDOT), um projeto – hoje lei – anômalo do ponto de vista ambiental.

O PDOT é um instrumento utilizado para organizar a ocupação nas cidades. Por ele, se define para onde é possível expandir a ocupação urbana, quais lugares não podem ser habitados por terem recursos naturais fundamentais, quais os pontos em que serão necessárias áreas de preservação para melhor gerir a vida nas cidades, e outras decisões estratégicas para manter uma melhor qualidade de vida para os moradores.

No documento da PF, Durval Barbosa, o mentor do escândalo, relata que Marcelo Carvalho, diretor do Grupo Empresarial Paulo Octávio (grupo do vice-governador, empresário do setor da construção e imobiliário), “foi um dos responsáveis pela distribuição dos valores arrecadados para pagamento de deputados distritais em razão da aprovação do Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF”. Durval reforça que “o dinheiro era arrecadado entre as empresas que se beneficiaram com a aprovação do novo PDOT”.

A informação tem passado batida pela imprensa, muito provavelmente por falta de interesse (entre aspas) da mídia local e por ausência de conhecimento mais aprofundado sobre o assunto por parte da imprensa de outros estados. A questão é que o PDOT é um verdadeiro tiro no pé dos habitantes do Distrito Federal e arredores e uma mina de ouro para empresários, governantes e oportunistas do setor da construção civil e imobiliário. Uma herança que vem de governos anteriores, agravada pela gestão do ex-governador Joaquim Roriz, que tem muita culpa no cartório.

O PDOT foi aprovado pelos deputados distritais da Câmara Legislativa do Distrito Federal em dezembro do ano passado. Entre os distritais, estavam os quatro diretamente acusados de receber propina para aprovar matérias de interesse do Executivo local. Um deles, o presidente, agora licenciado, da Câmara, Leonardo Prudente, aquele que aparece em vídeo colocando dinheiro na meia, na época líder do governo. Outra, a deputada Eurides Brito, aquela que fecha a porta para receber bolos de dinheiro, também mostrado em vídeo. Eurides, inclusive, foi uma das relatoras do projeto do PDOT. Continue lendo, vale a pena ler.

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