Leandro Mazzini
Jornal do Brasil - 07/12/2009
BRASÍLIA - O presidente do DEM, deputado federal Rodrigo Maia (RJ), passou uma semana de lamentações. O caso de corrupção no governo do Distrito Federal, onde o único governador democrata, José Roberto Arruda, dava sinais de que a administração seria um exemplo para o país, deixou a legenda à mercê de julgamentos dos arquirrivais petistas e desestruturou o partido. Nesta entrevista ao JB, Maia faz um breve balanço do caso, defende o DEM, desconversa sobre expulsar Arruda, revela que o governador era o maior cotado para ser um vice do candidato do PSDB à Presidência e, diante da debandada de aliados na esfera de Brasília – por enquanto – deixa recado aos aliados tucanos: “O PSDB não ganha nada sem o DEM”.
O DEM desfiliou o deputado federal Edmar Moreira (MG) por causa do escândalo da sonegação do castelo. O fato de o governador José Roberto Arruda ter contra si evidências muito mais fortes torna eminente a expulsão dele?
A questão da expulsão será colocada em votação na quinta-feira. Portanto, não devo adiantar resultados, porque eu estaria, vamos dizer assim, resolvendo o assunto e não dando direito de defesa ao governador. As questões são diferentes. Vou dar dois exemplos. Você citou o Edmar Moreira. Ele tomou a decisão de disputar a vaga na Mesa, fora da bancada do partido. Disputou avulso. Depois que se elegeu, teve o problema. Então o que aconteceu ali? Ele se insurgiu ao partido, não quis tomar uma decisão partidária, então o partido não tinha compromisso com ele, por decisão dele. O caso do Roberto Brant. Nós tínhamos convicção que errou naquele episódio (sobre o mensalão), mas que ele tinha um caminho para a sua defesa, e nós fizemos a defesa do Roberto Brant. O caso do governador Arruda é um caso com muitas imagens contundentes.
São evidências muito mais fortes...
Só que é um homem de partido. Então você tem a obrigação de garantir a ele o direito a defesa. Essa foi a decisão da maioria do partido e é isso que nós vamos dar, os oito dias, para que o partido decida.
Se ele continuar no partido e for à reeleição, o partido está disposto a arcar com esse peso de responsabilidade?
Vamos esperar a decisão de quinta-feira para poder avaliar o futuro. Não posso avaliar com a possibilidade de ele ser desligado do partido. Sei que o clima é muito ruim e que o clima de perplexidade dos membros da Executiva é muito ruim. Só depois de quinta, com a questão resolvida, posso avaliar qual é o futuro do partido no Distrito Federal.
Situações locais já ditam algumas tendências sobre as alianças. O PSDB, que é o maior aliado do DEM e que vai ter o candidato à Presidência da República, abandonou a coligação. O PSDB está pressionando na questão da expulsão do governador Arruda?
Não. O PSDB está pressionando politicamente quando antecipa a sua decisão. É um direito do PSDB pressionar nos estados em que achar que deve pressionar. Em alguns ele pressiona, em outros, não.
Mas e na questão do governador Arruda?
Ele não deve se envolver nisso, é uma decisão interna.
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, conversou com o senhor sobre isso?
Se me procurasse para tratar de expulsão eu diria que é um problema do Democratas. Até porque nunca cobramos a expulsão de nenhum dos quadros do PSDB que tiveram problemas.
Quem, por exemplo?
O (senador) Eduardo Azeredo (MG), a (governadora) Yeda Crusius (RS). Ao contrário, eu fui ao Rio Grande do Sul conversar com a Yeda, fiz a defesa da boa gestão da governadora. Nós não temos que cobrar dos nossos aliados suas decisões internas. Cada um decide internamente o que for melhor para o partido.
O DEM e o PSDB são aliados incondicionais, principalmente na majoritária nacional. Como é que fica a coligação no ano que vem? Haverá essa coligação, o PSDB pode se eximir disso?
Pode ser bom para perder a eleição. O PSDB pode ficar sozinho.
O senhor acha que perde?
Eu tenho certeza que perde.
Mas o DEM vai dar o vice para o PSDB?
Nós vamos aprovar isso na convenção do partido.
Mas depende de o PSDB aceitar.
Eu aprovo na minha convenção, o partido é a favor ou contra a coligação com o PSDB, sim ou não. Depois eu voto: o partido vai indicar o vice ou não? Se o partido, na sua convenção, indicar o vice, e se a convenção do PSDB indicar outro vice, não tem aliança.
José Roberto Arruda era um nome para ser vice?
Ele seria. Era o nome para ser vice. Infelizmente, não é mais.
Quem pode aparecer de vice?
Tem o senador José Agripino (RN), a senadora Kátia Abreu (GO), alguns nomes que podem compor bem uma chapa. Poderia até ter candidato a presidente se a nossa decisão no início do ano fosse a candidatura própria.
Mas então é fato que o DEM vai dar o vice ao PSDB?
É difícil que não seja assim.
Como estão as conversações nos estados?
Nessa última semana a situação ficou muito concentrada em Brasília, mas estávamos caminhando bem. Temos problemas em alguns estados, mas tem alguns estados já resolvidos.
O governador Arruda pressionou os senhores na reunião?
Não é verdade.
BRASÍLIA - O presidente do DEM, deputado federal Rodrigo Maia (RJ), passou uma semana de lamentações. O caso de corrupção no governo do Distrito Federal, onde o único governador democrata, José Roberto Arruda, dava sinais de que a administração seria um exemplo para o país, deixou a legenda à mercê de julgamentos dos arquirrivais petistas e desestruturou o partido. Nesta entrevista ao JB, Maia faz um breve balanço do caso, defende o DEM, desconversa sobre expulsar Arruda, revela que o governador era o maior cotado para ser um vice do candidato do PSDB à Presidência e, diante da debandada de aliados na esfera de Brasília – por enquanto – deixa recado aos aliados tucanos: “O PSDB não ganha nada sem o DEM”.
O DEM desfiliou o deputado federal Edmar Moreira (MG) por causa do escândalo da sonegação do castelo. O fato de o governador José Roberto Arruda ter contra si evidências muito mais fortes torna eminente a expulsão dele?
A questão da expulsão será colocada em votação na quinta-feira. Portanto, não devo adiantar resultados, porque eu estaria, vamos dizer assim, resolvendo o assunto e não dando direito de defesa ao governador. As questões são diferentes. Vou dar dois exemplos. Você citou o Edmar Moreira. Ele tomou a decisão de disputar a vaga na Mesa, fora da bancada do partido. Disputou avulso. Depois que se elegeu, teve o problema. Então o que aconteceu ali? Ele se insurgiu ao partido, não quis tomar uma decisão partidária, então o partido não tinha compromisso com ele, por decisão dele. O caso do Roberto Brant. Nós tínhamos convicção que errou naquele episódio (sobre o mensalão), mas que ele tinha um caminho para a sua defesa, e nós fizemos a defesa do Roberto Brant. O caso do governador Arruda é um caso com muitas imagens contundentes.
São evidências muito mais fortes...
Só que é um homem de partido. Então você tem a obrigação de garantir a ele o direito a defesa. Essa foi a decisão da maioria do partido e é isso que nós vamos dar, os oito dias, para que o partido decida.
Se ele continuar no partido e for à reeleição, o partido está disposto a arcar com esse peso de responsabilidade?
Vamos esperar a decisão de quinta-feira para poder avaliar o futuro. Não posso avaliar com a possibilidade de ele ser desligado do partido. Sei que o clima é muito ruim e que o clima de perplexidade dos membros da Executiva é muito ruim. Só depois de quinta, com a questão resolvida, posso avaliar qual é o futuro do partido no Distrito Federal.
Situações locais já ditam algumas tendências sobre as alianças. O PSDB, que é o maior aliado do DEM e que vai ter o candidato à Presidência da República, abandonou a coligação. O PSDB está pressionando na questão da expulsão do governador Arruda?
Não. O PSDB está pressionando politicamente quando antecipa a sua decisão. É um direito do PSDB pressionar nos estados em que achar que deve pressionar. Em alguns ele pressiona, em outros, não.
Mas e na questão do governador Arruda?
Ele não deve se envolver nisso, é uma decisão interna.
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, conversou com o senhor sobre isso?
Se me procurasse para tratar de expulsão eu diria que é um problema do Democratas. Até porque nunca cobramos a expulsão de nenhum dos quadros do PSDB que tiveram problemas.
Quem, por exemplo?
O (senador) Eduardo Azeredo (MG), a (governadora) Yeda Crusius (RS). Ao contrário, eu fui ao Rio Grande do Sul conversar com a Yeda, fiz a defesa da boa gestão da governadora. Nós não temos que cobrar dos nossos aliados suas decisões internas. Cada um decide internamente o que for melhor para o partido.
O DEM e o PSDB são aliados incondicionais, principalmente na majoritária nacional. Como é que fica a coligação no ano que vem? Haverá essa coligação, o PSDB pode se eximir disso?
Pode ser bom para perder a eleição. O PSDB pode ficar sozinho.
O senhor acha que perde?
Eu tenho certeza que perde.
Mas o DEM vai dar o vice para o PSDB?
Nós vamos aprovar isso na convenção do partido.
Mas depende de o PSDB aceitar.
Eu aprovo na minha convenção, o partido é a favor ou contra a coligação com o PSDB, sim ou não. Depois eu voto: o partido vai indicar o vice ou não? Se o partido, na sua convenção, indicar o vice, e se a convenção do PSDB indicar outro vice, não tem aliança.
José Roberto Arruda era um nome para ser vice?
Ele seria. Era o nome para ser vice. Infelizmente, não é mais.
Quem pode aparecer de vice?
Tem o senador José Agripino (RN), a senadora Kátia Abreu (GO), alguns nomes que podem compor bem uma chapa. Poderia até ter candidato a presidente se a nossa decisão no início do ano fosse a candidatura própria.
Mas então é fato que o DEM vai dar o vice ao PSDB?
É difícil que não seja assim.
Como estão as conversações nos estados?
Nessa última semana a situação ficou muito concentrada em Brasília, mas estávamos caminhando bem. Temos problemas em alguns estados, mas tem alguns estados já resolvidos.
O governador Arruda pressionou os senhores na reunião?
Não é verdade.
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