Mujica:'É uma data fatídica para o machismo'

Concordo integralmente.

Quando informado que Dilma sofreu preconceito por haver lutado contra a ditadura, presidente do Uruguai e ex-guerrilheiro afirma que “o impossível custa um pouco mais, mas se pode”

Por: João Peres, Rede Brasil Atual


Brasília – O presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, considera que a posse de Dilma Rousseff como presidente do Brasil é um duro golpe para os preconceitos contra as mulheres. “É uma data fatídica para o machismo. Há que acostumar-se que países tão importantes como Brasil e Argentina tenham mulheres como presidentes”, declarou durante coquetel oferecido a chefes de Estado no Itamaraty.

Mujica evitou alongar-se nas falas em torno da expectativa sobre o governo Dilma, e afirmou apenas que espera que se aprofundem as conquistas do governo anterior, acrescentando uma pequena indagação. “Que responsabilidade suceder a Lula, hein?”

Quando informado que a brasileira havia sofrido discriminação durante a campanha eleitoral por haver lutado contra a ditadura militar, o ex-guerrilheiro preferiu resumir em poucas palavras: “Somos sobreviventes. Mostramos que o impossível custa um pouco mais, mas se pode.”

Ao mesmo tempo, Mujica aproveitou a passagem por Brasília para pedir que o Brasil não se feche “em sua gigantesca continentalidade”. O Uruguai, ao lado do Paraguai, há muitos anos se queixa das disparidades existentes dentro do Mercosul e cobra que o governo brasileiro implemente medidas que sirvam como estímulos aos sócios menores do bloco, que têm contra si uma balança comercial bastante desfavorável.

Um dos vários chefes de Estado da América do Sul presentes à cerimônia, Mujica cobrou maior integração dos latino-americanos como um todo. O presidente uruguaio considera que há muito chovinismo entre os países da região, ou seja, cada um protege apenas seus próprios interesses. “Nós temos muitas pátrias porque não pudemos criar uma pátria comum. É uma dívida. Temos uma enorme identidade, uma maneira de pensar, a tradição, a cultura, mesmo as tradições religiosas. E no entanto há sociedades que têm maiores distâncias, mas conseguiram uma aproximação maior.”