quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Rio 2016: A política no centro da vitória brasileira

Engana-se quem pensa que a escolha do Rio de Janeiro para sediar as olimpíadas de 2016 tenha obedecido a critérios meramente “técnicos”; seja na área dos transportes, infra-estrutura, logística, setor hoteleiro etc. Pude constatar que a escolha de um país para sediar os Jogos Olímpicos é uma decisão principalmente política. Trata-se da definição de um grande evento econômico e esportivo internacional, permeada por relações políticas e diplomáticas, que expressam um pedaço do cenário geopolítico mundial. A vitória do Brasil, além do esforço de autoridades desportivas e personalidades do esporte nacional, foi fruto do prestígio internacional do Presidente Lula e do sucesso de seu governo.


A delegação brasileira que vivenciou a emoção da escolha do Rio em Copenhague era, de longe, a mais vibrante e articulada. O excelente trabalho de preparação, liderado pelo Ministro do Esporte, Orlando Silva, foi coroado pelo brilhante desempenho da comitiva brasileira, tendo à frente o Presidente Lula. Este desempenho foi decisivo para o convencimento dos “eleitores” indecisos nos momentos finais da escolha. A presença do Presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, reforçou a impressão já consolidada de que o Brasil foi um dos países mais bem sucedidos no enfrentamento à crise econômica. A expectativa de o país se tornar a quinta economia do mundo na próxima década serviu para soldar a confiança nas instituições do país.


O tema da segurança foi rapidamente superado, a partir da exposição consistente de uma estratégia, já testada, de segurança em grandes eventos e, também, em função do compromisso do governo federal com a consolidação das diretrizes do Pronasci. A firmeza do governador Sergio Cabral quanto ao aprofundamento das experiências de policiamento comunitário no Rio deslocou, rapidamente, o tema da segurança para um patamar secundário.


O equilíbrio institucional entre as três esferas de governo e a unidade político-administrativa dos entes federados foi um trunfo inestimável. Mais uma vez, atestamos o quanto fez bem ao Rio de Janeiro a superação da antiga visão paroquial, que afastou o Rio dos grandes temas nacionais por tantos anos. O Rio de Janeiro, mais do que nunca, demonstrou a força de seu reposicionamento na Federação e novas perspectivas se abrem agora para a retomada do Rio como ator decisivo para a consolidação da República e da democracia em nosso país.

Foram decisivas a altivez da política externa do Brasil, a solidez de nossa economia, o papel de liderança regional e a consistência de nossas instituições democráticas. A política presidiu a vitória brasileira. E não se trata aqui de pretender angariar algum dividendo eleitoral com esta afirmação. Certamente, não será este fato o que decidirá as eleições presidenciais de 2010. Até por que todas as correntes políticas e ideológicas apoiaram a candidatura do Rio. O que, no entanto, não pode deixar de ser dito neste momento, é que o país venceu por que sua estatura internacional foi profundamente alterada nos últimos anos.

A imagem do Brasil no exterior não é mais a de uma promessa bloqueada pela mediocridade de seus governantes. O país é hoje protagonista dos grandes temas mundiais. Já houve quem dissesse que, dentre os Brics, o Brasil é o país com maior potencial, pois é o único a reunir crescimento econômico, imensas reservas energéticas e minerais e democracia consolidada.

Que as Olimpíadas de 2016 simbolizem o ponto culminante desta grande virada do país rumo a uma sociedade justa, equilibrada e plenamente desenvolvida.

O Ministro da Justiça, Tarso Genro, integrou a comitiva brasileira que acompanhou a vitória do Rio em Copenhague.

Publicado originalmente em www.leituraglobal.com

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