quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Veja não viu "disneylândia" na super-obra de Aécio

A edição 2128 da revista Veja publicou a matéria “O legado de Aécio em concreto” sobre a construção do novo Centro Administrativo do Governo de Minas Gerais, uma imponente obra projetada por Oscar Niemeyer que, quando concluída, irá reunir as sedes das administrações do Estado, incluindo o gabinete do governador. Como outras reportagens publicadas pela Veja sobre o governo Aécio Neves, a matéria mais parece publicidade paga.

por Nogueira Marmontel


Não há uma única crítica contra ao Centro Administrativo. Nenhum representante da oposição do governo foi ouvido. Tudo que se lê é pura exaltação da obra e, por tabela, do governador Aécio Neves.

Em nenhum momento é questionada a real necessidade do Centro Administrativo e se o seu gigantesco custo de R$ 1,4 bilhão (informado na reportagem) é compatível com a obra ou se haveria algo por trás disso, lembrando que a previsão inicial apontava um valor bem mais modesto, embora ainda elevado, de R$ 500 milhões (isso não foi informado pela Veja).

Ressalte-se ainda que o estado de Minas Gerais é extremamente carente de investimentos públicos – educação, transportes, segurança, saúde e muitos outros. A quantia gasta com essa obra eleitoreira e faraônica seria suficiente para muitas outras obras com benefícios diretos a toda a população.

Na edição seguinte da publicação da matéria, a Veja publicou duas cartas de leitores igualmente elogiando a obra e o governador Aécio Neves. Curioso é que ambos não residem em Minas (uma delas afirma literalmente “nunca pisei em solo de Minas Gerais”). O autor desta carta aberta (morador de Minas Gerais) também escreveu à Veja, questionando a necessidade do centro e seu custo. A revista, como esperado, não publicou essa ou qualquer outra opinião contrária à obra, que possa ter recebido.

Como leitor da Veja há mais de 35 anos, tenho cada vez mais dúvidas sobre sua imparcialidade – atributo indispensável de qualquer órgão da imprensa que deseje ter um mínimo de credibilidade.

E aí está o núcleo da questão. Mesmo assumindo, numa hipótese muito remota, que o Centro Administrativo seja realmente necessário, o custo seja compatível com seu tamanho e os questionamentos contra ele sejam injustos, o simples fato da Veja se recusar a publicar uma única linha que seja sobre o outro lado dessa obra já é motivo mais que suficiente para que qualquer pessoa minimamente esclarecida tenha também tenha as mesmas dúvidas quanto à imparcialidade desse periódico.

É importante acrescentar que a revista Época, concorrente da Veja, já havia publicado matéria sobre mesmo assunto, “A Disneylândia de Aécio”, também falando da grandiosidade da obra, mas sem omitir informações contrárias a ela, como Veja faz. Coninue lendo

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