BRASÍLIA- Para formalizar o nome de Dilma Rousseff como candidata à presidência, o PT fez uma festa para as mulheres e levantou como bandeira a eleição da primeira mulher presidente do Brasil. Foi assim que Dilma foi anunciada na Convenção Nacional do PT, neste domingo, 13, em Brasília, pelo presidente do PT, José Eduardo Dutra, pelo vice dela, deputado Michel Temer (PMDB), e por ela mesma. "Chegou a hora de uma mulher comandar o país!", bradou.
O presidente Lula falou pouco antes de Dilma e levantou a bola da candidata. Disse que ela já estava como cara de presidente e descartou a estratégia de tentar transformar a própria popularidade em votos para Dilma. Lula ressaltou que esta será a primeira eleição desde a redemocratização, mas que o nome dele estará na cédula de votação como Dilma. "Vai ficar um vazio nessa cédula e para que esse vazio seja preenchido eu mudei de nome e vou colocar Dilma lá na cédula", afirmou o presidente. O jingle que tocava no auditório, seguia o mesmo tom. "Lula tá com ela, eu também tô, veja como o Brasil já mudou".
Lula e o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, dirigiram críticas aos adversários. Sem citar o nome de José Serra, candidato do PSDB a presidente, Lula pediu que a oposição faça uma campanha de alto nível. "E não façam jogo rasteiro inventando dossiê todo dia", disse, fazendo referência a reportagens recentes que revelaram que integrantes da campanha estariam investigando ilegalmente integrantes da cúpula do PSDB.
Lula pediu "tranquilidade" a Temer e Dilma, porque "o bicho vai pegar" nos próximos três meses que antecedem a eleição. "Tenho certeza que muita gente que aparece com cara de anjo na TV, faz o que fez comigo em 2006?, diz o presidente, em alusão ao episódio dos aloprados.
Dutra rebateu discurso de José Serra no lançamento da candidatura dele, ontem, em Salvador, quando disse que com o governo tucano "o povo brasileiro não teria surpresas". "Realmente o povo brasileiro não teria surpresas porque já conhece o fracasso do governo que ele participou", rebateu o presidente do PT. "O governo que ele participou provocou um apagão de 11 meses no Brasil".
Mulheres. A maioria dos cerca de 1,5 mil convidados era mulher na Convenção Nacional do PT. A organização da campanha distribuiu centenas de bandeiras roxas com a inscrição "A vez e a voz das mulheres" para os militantes empunharem. A mestre de cerimônias dava as palavras de ordem, e todas repetiam: "Brasil, Brasil é das trabalhadoras"."Vocês estão demonstrando que 100 mulheres são capazes de fazer mais barulho que mil homens", observou Lula às mulheres ao pegar o microfone.
O Hino Nacional foi cantado pelo grupo Samba de Rainha, formado só por mulheres, e a cantora Virgínia Rodrigues. Ao final da apresentação, Virgínia fez uma narração de um vídeo que mostrava o nome de mulheres idolatradas no Brasil, como Anita Garibaldi, Princesa Isabel, Chiquinha Gonzaga, Pagu e Clarice Lispector. Maria da Penha, que inspirou a criação da lei de combate à violência doméstica acompanhou Dilma Rousseff no palco.
Discurso. Na sua vez de falar, Dilma Rousseff leu o discurso preparado pela assessoria da campanha na íntegra, e não ousou improvisar. Antes de iniciar um novo tópico, Dilma abusou do slogan "Para o Brasil seguir mudando" e não poupou elogios aos êxitos do governo Lula do qual ela participou como ministra da Casa Civil.
A candidata falou da importância dos investimentos em educação, saúde, inclusão digital e segurança. Como promessa de campanha, disse que vai erradicar a miséria nos próximos anos. "Vamos transitar de país emergente para país desenvolvido no qual a população desfruta de serviços públicos adequados, educação de qualidade e bons empregos. Esta é a missão que o PT e os partidos aliados colocam em minhas mãos". AE
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