domingo, 25 de setembro de 2011

Dilma na ONU e a projeção externa do Brasil


José Flávio Sombra Saraiva


Correio Braziliense - 25/09/2011
A estréia da presidente do Brasil no palco inaugural da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas foi criticada pelos céticos como alegoria paroquial do orgulho brasileiro. Mas a primeira mulher a proferir o discurso de abertura no órgão colegiado mais democrático das Nações Unidas, sua assembleia de 193 países, permanecerá nos anais.


A presidente foi aplaudida por cerca de 15 segundos ao pronunciar o termo mulher. Se o planeta avança celeremente para a marca de 7 bilhões de habitantes, suas mulheres ainda estão submetidas a condições de degradação. Não podem falar, não podem caminhar livremente, não podem estudar ou trabalhar.


Dilma quase não precisaria falar. Bastaria fitar as delegações de todo o mundo. Uma brasileira com formação culta, educada em família próspera, personagem política de um país do emergente Sul das relações internacionais mundiais, país vasto e generoso, foi manchete em várias partes do mundo.


A fala brasileira na Assembleia foi ainda melhor que a cara da personagem. O Brasil, que vem cativando um lugar de mais responsabilidade no cenário internacional, ganhou com o discurso da presidente. Em tom severo, olhos firmes, uma mulher brasileira disse a que vem o Brasil. E foi direto ao ponto quando criticou a carência política e de ideias nos países desenvolvidos ante a paralisia decisória dos dirigentes do Norte.


Mostrou que há evolução da posição da mulher no sistema econômico, social e político no Brasil. Mas isso não é suficiente. Precisará convencer a presidente que o Brasil tem perspectivas de continuar, em contexto econômico internacional de desequilíbrio, o esforço de equilibrar renda, inclusão social e desenvolvimento autônomo e competitivo. A equação não é de fácil resolução.


A medida de reforço da indústria instalada no Brasil tem ressonância junto aos brasileiros preocupados com a modéstia do padrão tecnológico e competitivo do Brasil. Se as novas medidas estimulam emprego no território, a tecnologia é a porta da inserção altaneira da nação. Mesmo com avanços em áreas específicas, como a do petróleo e a modernização da agricultura de exportação, o Brasil tem pouco estoque no mercado de ideias e produtos inventivos. E ainda carregamos baixíssima disciplina educacional.


Outra lembrança da presidente foi a responsabilidade compartilhada do mundo com região complexa, o Oriente Médio, a qual o Brasil tem também uma das fontes da brasilidade. Aqui vivem em paz árabes e judeus. O apoio claro do Brasil ao nascer do Estado palestino é dever histórico como foi nosso voto no nascimento do Estado de Israel.


Repetiu Dilma a necessidade da reforma das instituições onusianas, especialmente no que tange ao Conselho de Segurança. Mas há pouca hipótese de reforma uma vez que os atores estatais centrais da governança global, e particularmente a China, não tem interesses em verter mudanças de fundo nos lugares de privilégios que já possuem. O multilateralismo esgarçado, por outro lado, é um argumento a favor de uma nova governança ampliada por potências médias, do Sul, como o Brasil e a Índia.


Mas nada disso ficará para a história se a presidente do Brasil não agir com visão de Estado, para dentro e para fora do Brasil. O movimento notado nos últimos meses, de ação corretiva diante da corrupção sistêmica que se espraia na administração pública da União, dos estados e dos municípios brasileiros, é positivo. Significativa e simbólica a sessão específica na ONU, ao lado do presidente Obama, no compromisso da transparência e do acesso dos cidadãos aos seus recursos manejados pelos seus representantes.



Fundamental que siga a presidente a lembrança de que a vida parlamentar deveria ser a dos homens bons e boas mulheres, como é ela. No Brasil, essa área se degradou. Não interessará à primeira presidente do Brasil e à primeira mulher que abre a conferência anual da ONU deixar grassar o pântano e o lodo que nos empurra para o atraso, como já lembrava Rui Barbosa há 100 anos. A projeção externa do país exige melhorias nessa área.

3 comentários:

CARLO PONTI disse...

A presidenta Dilma é Dilmais! Pode espalhar pra tucanada... em 2014 é Dilma, sem direito a injúrias, calúnias e o diabo. Estas coisas não colará em quem fez história na ONU e jogou O Mad(arack) Obama, pro lixo da história.

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
oito anos de governo do lula e depois ven essa coisaDilmais diz que os pobres passavam para a classe média.
o miserê é o mesmo esculacha dilmão

porra do Brasil ] porra do nordeste
que acredita nissso aqui

VERA disse...

Realmente, tunganotário debiloide!!!

Deve ser por isso q as pessoas "continuam a votar" no PSDBostas (pé de pato, mangalô três vezes)!!!

Deve ser por isso também q o presidente LULÃO continua com 82% de aprovação BOM e óTIMO!!!

E quem diz isso são seus amiguinhos dos Institutos de pesquisa, viu, seu PULHA!!!

INVEJOSO E PERDEDOR!!!

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK