sábado, 3 de julho de 2010

O “tonto” e a rolha no furo do barco

Depois de anunciado como vice, a primeira declaração do homem que pode tornar-se de fato presidente do Brasil (bastando que José Serra seja eleito e fique impedido de exercer a função por qualquer motivo – como aconteceu com Tancredo e Collor) foi: “É muito cedo para tudo, faz três horas que eu fui indicado, não tenho a menor idéia de nada”. As manchetes acrescentaram que o novo vice falou apenas uma vez com Serra em toda a sua vida: por 15 minutos!!! O “dossiê” on line do sujeito cita a filha de Salvatore Cacciola e a máfia das merendas escolares de Kassab e César Maia. Como se pode ver, encaixa-se como uma luva na campanha dos fanfarrões da oposição.

A comédia tipo pastelão do “vai você-não-vai você” na escolha de seu vice e o desfecho grotesco apresentando o “famoso desconhecido Índio da Costa (DEM)”, deu a exata dimensão do que são as alianças na candidatura Serra: um bando de oportunistas vaidosos lavando roupa suja em público e debochando do processo eleitoral – onde o que menos importa é uma proposta alternativa de governo para o país. O trapalhão, que trocou de vice como quem troca de gravata depois do puxão de orelha que levou dos aliados, ainda delega ao PIG montar-lhe o semblante do “mais preparado, mais isso e mais aquilo”. E o PIG, por sua vez, conta que o candidato faça sua parte com encenações que, no mínimo, não o revelem mais incapaz do que foi em todas as aventuras políticas que protagonizou na carreira. Mas ambos fracassam a passos largos. Serra mostra-se vazio, indeciso e, principalmente, inconveniente em suas posturas pretensamente impactantes. E o PIG experimenta o gosto amargo de ver que seus métodos de manipulação não fazem mais efeito neste novo eleitor, nascido das políticas de inclusão social e do crescimento econômico dos últimos anos e com o qual o governo mantém um canal de comunicação muito mais honesto.

O recurso de fabricar resultados de pesquisas eleitorais dessa mídia aliada a Serra tem objetivos limitados ao curto prazo que se destinam. Nada mais. Seus institutos não têm nada a perder perdendo a credibilidade. O Ibope tem na Globo o principal cliente e fonte da gorda receita semanal (e aí, trabalha honestamente, claro!). O Data da Folha não perde nem ganha. É apenas um instrumento de seu dono.

O objetivo destas pesquisas (que não são pesquisas e sim “jogadas”) é estancar a debandada geral dos ratos do barco de Serra que naufraga desde o início do ano. Mesmo condenada ao fracasso, sua campanha embute outros interesses e interessados: verbas milionárias para a veiculação dos comerciais que irrigam a grama da Globo & associados, verbas destinadas às campanhas de outros políticos & associados, verbas aos marqueteiros, aos conselheiros, aos estrategistas, às empresas de comunicação, aos “jóqueis de campanha” das rádios, TVs e mídia impressa e até aos mercenários na Internet (que ao contrário dos petistas, certamente só trabalham mediante remuneração). Serra, com sua incapacidade de dar uma bola dentro por ser um completo oco e pé frio, vinha pondo este esquema por água abaixo. É apenas por isso que essas pesquisas tentam resgatar a esperança artificial do candidato, quanto muito, adiar sua derrota para o segundo turno.

Todo este quadro bizarro, desenhado pela oposição, mostra que só há, de fato, um único grupo sério focado no país e com um projeto de governança progressista. E isso é grave. Porque um governo, por melhor que seja, precisa de uma oposição atenta, fiscalizadora e inteligente, sob o risco de ver-se dono de uma situação de unanimidade incontrolável – para não dizer perigosa – para a democracia.

Não fosse o final do mandato de Lula um momento excepcional do país, a vitória de Dilma Rousseff pareceria ter sido conquistada num cenário vazio, sem oponentes. Pois, Serra, como bom perdedor fora do seu curral paulista, não deve contribuir em nada para valorizar sua vitória.

Do amigo Roni Chira, do O Que Será que Me Dá?

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