por Luiz Carlos Azenha
Do ponto-de-vista numérico, as manifestações do 12 de abril foram um tremendo fracasso.
Segundo o UOL, do diário conservador Folha de S. Paulo, eram 52 mil pessoas em todo o Brasil às 14 horas.
No entanto, na Globonews, das Organizações Globo, os protestos foram um tremendo sucesso.
"Tranquilidade", "família", "verde-amarelo" e outras descrições
anódinas marcaram a descrição feitas pelos repórteres da emissora, que
se misturaram aos manifestantes.
Nunca antes na História deste País a Globo tinha feito o que vem
fazendo: ir a uma manifestação, ler de forma seletiva os cartazes e
permitir que o som natural vaze na transmissão, com gente gritando "Fora
Dilma", "Fora PT" e outras palavras de ordem.
Vocês já viram a Globo fazer isso num protesto do MST ou contra o tucano Geraldo Alckmin? Jamais.
É óbvio que a notícia do dia, de que as manifestações fracassaram do
ponto-de-vista numérico, não dominou a cobertura. Por que fracassaram?
Cansaço? Indiferença? Dissensão interna? A Globonews simplesmente se
esqueceu da verdadeira tarefa do jornalismo, que é esclarecer.
A certa altura, uma repórter em São Paulo fez referência ao fato de
que os diferentes carros de som na Paulista utilizavam diferentes
palavras de ordem. Mas, ficou nisso. Não entrou em detalhes. Por motivos
óbvios: alguns destes carros de som pedem intervenção militar, o que
não se enquadra no que a Globo acha aceitável mostrar aos que estão em
casa.
A Globo não leu, por exemplo, a faixa que aparece acima, fotografada pelo Leandro Prazeres, do UOL, em Brasília.
Notem o detalhe: além de pregar o golpe, a faixa assume a defesa da
Globo (no canto inferior direito) com a frase "a mídia sob ataque".
Globo e golpe militar, tudo a ver!
Ainda que involuntariamente, no entanto, a Globonews acabou mostrando
a intolerância que foi a marca do 15 de março e esteve de volta hoje,
nas ruas: em Copacabana, um homem de camisa vermelha foi perseguido por
manifestantes e teve de sair escoltado pela Polícia Militar.
É isso mesmo: um homem de camisa vermelha, aparentemente com uma
grife no peito, sem qualquer relação com o PT ou com algum partido
comunista.
Um simples homem de camisa vermelha, cujo cerco resume o que a
Globonews não mostrou: "intolerância" e "golpismo" andaram juntos com
"tranquilidade" e "família".
PS do Viomundo: A Globonews faz mais que cobrir o evento, faz a
convocação de quem está em casa ao enfatizar a todo o momento que "tem
mais gente chegando", "famílias inteiras", etc.
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