Por Michel Zaidan
O prestigiado Blog do Jamildo publicou uma notícia emblemática sobre
a oligarquia pernambucana. Segundo a notícia: a fim de perpetuar o
legado da família (Campos) na política regional (estadual e municipal), o
dublê de tesoureiro de campanha, advogado e literato estadual – Antonio
Campos resolveu declarar a sua pré-candidatura à Prefeitura de Olinda. O
redator da notícia foi gentil nas palavras utilizadas. “Perpetuar o
legado da família” significa, em outros termos, reproduzir a dominação
oligárquica que vem se mantendo no estado de Pernambuco, pelo uso da
máquina administrativa, pela grife “Arraes/Campos”, pela proximidade
perigosa com a administração pública, pela exposição – com finalidade
político-eleitoral – da família Campos e, naturalmente, pela influência
que ela exerce sobre os prepostos eleitos.
Fosse Pernambuco um
estado – não uma capitania hereditária ou feudo familiar – onde reinasse
a mais absoluta autonomia e independência dos meios de comunicação, a
expressão a ser utilizada na matéria seria outra, e não um eufemismo ou
uma forma de educoração do fenômeno oligárquico, mandonista, familiar
que ora nos governa. Até quando isso vai perdurar?
Imagine que um
auditor fiscal, investido no cargo de governador de estado, por obra e
graça de um oligarca já desaparecido, que continua prestando reverência à
primeira viúva, assume o legado (não da família) de dívidas, de obras
inacabadas, de caos no sistema penitenciário na Polícia Civil, de crise
na educação pública e cujo bordão, nos meios de comunicação, vem a ser
“vamos transformar”. A este, pelo visto, nem foi dado o dom da retórica
nem da decisão. É um governante (“poste”) que não decide, não tem
capacidade ou autonomia decisória. Talvez porque tenha que se submeter
(não a uma administração gerencial, guiada por metas) mas a um colegiado
formado pelo irmão do ex-governador, a viúva, seus dois filhos e os
agregados. É possível ter uma administração mais eficiente e séria do
que essa? – Totalmente subordinada aos interesses eleitorais de uma
oligarquia familiar?
Os convescotes literários, anualmente
patrocinados pelo hoje pré-candidato declarado à Prefeitura de Olinda,
fartamente alimentados pela proximidade com o governo estadual,
tornaram-se agora um formidável ativo político para que o pré-candidato
venha manifestar o seu interesse pela administração da cidade vizinha. É
assim: fiz isso, fiz aquilo, agora chegou a vez dos olindenses
retribuírem o árduo trabalho de trazer o mundo da cultura para o
município. Curioso é o cartaz que o pretendente distribuiu pela
cidade-patrimônio: “não vou desistir de você”. Trata-se de um botim? De
uma presa ou uma recompensa? – 0 que significa essa obsessão de
“perpetuar o legado da família” por todo o estado?
Um estudioso
de Max Weber definiria essa obsessão por patrimonialismo. Governo
patrimonialista, que acha que a administração pública é coisa sua, da
sua família, da sua “entourage” familiar. Engana-se o senhor Campos e
sua cunhada. A gestão pública não é um patrimônio familiar, é um
Patrimônio da sociedade e está sujeita a leis que falam de
impessoalidade, legalidade e transparência. Não pode servir a interesses
“literários” particulares.
Quer continuar a fazer os seus
convescotes em Olinda, então que use seus dotes de arrecadador (não
junto a empresas que tenham negócios com o estado e a prefeitura) e
continue fazendo um circo literário para convidados “vips”, deixando o
povo do lado de fora, a acompanhar pelos telões os eventos programados.
Se a famosa frase do Conde da Boa Vista: “Em Pernambuco, quem não é
cavalcanti, é cavalgado” não tem mais validade, imagine-se que hoje não
podemos trocar a palavra Cavalcanti por Campos Acioly e seus
apaniguados.
PS. Esta decisão é já um reconhecimento de que o
aliado de todas as horas (PC do B) não vai lançar candidato à eleição? –
ou uma ruptura?
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