Por Ricardo Kotscho, do Balaio do Kotscho
As informações que vão aos poucos pingando sobre o site "Implicante",
contratado por uma mesada de R$ 70 mil paga pelo governo do Estado de
São Paulo para atacar o PT nas redes sociais, revelam como funciona o
modus-operandi dos probos e intocáveis tucanos paulistas na área da
comunicação.
Trata-se de uma verdadeira parceria público-privada-conjugal em que
os caciques tucanos agem com a mão do gato na sua cruzada anti-PT. Quem
banca a farra, que já dura desde maio de 2013, no final das contas,
somos nós, os contribuintes. Não sai barato: pelo valor da mesada, dá R$
1.680.000,oo em dois anos.
O esquema foi montado quando a jornalista Cristina Ikonomidis,
ex-secretária adjunta de Comunicação Institucional do ex-governador José
Serra, trabalhava na Secretaria de Cultura do governador Geraldo
Alckmin.
Na função de chefe de comunicação da Cultura, Cristina estava lá
quando a empresa Appendix Comunicação, criada pelo advogado e blogueiro
Fernando Gouveia, que usa o pseudônimo "Gravataí Merengue", e é
responsável pelo site "Implicante", foi contratado pela Propeg, uma das
três grandes agências que cuidam da publicidade oficial do governo
Alckmin.
Perdoem-me os leitores, mas a história toda é meio confusa mesmo. Vamos por partes:
* Na semana passada, a Folha deu a primeira matéria sobre o
"Implicante", que tem meio milhão de seguidores no Facebook e se
especializou em difundir na rede notícias, artigos, memes, vídeos e
montagens contra o PT e seus dirigentes, com vigorosa atuação na última
campanha presidencial, aquela em que os tucanos tanto reclamaram da
baixaria dos adversários. Na versão oficial, a Appendix foi contratada
pela Propeg para fazer "revisão, desenvolvimento e atualização das
estruturas digitais".
* Nesta quarta-feira, o jornal faz novas revelações: Cristina
Ikonomidis, que deixou o governo em setembro de 2013, agora é sócia de
Fernando Gouveia na empresa. E mais: pelo menos uma das ordens de
serviço que liberaram pagamentos à Appendix foi assinada pelo jornalista
Juliano Nóbrega, então secretário adjunto de Comunicação de Alckmin, o
mesmo cargo que Cristina ocupara no governo Serra. Detalhe: Juliano é
marido de Cristina, que agora é dona de 40% das ações da empresa de
Gouveia.
* Nóbrega não soube dizer quem indicou o site do "Gravataí Merengue"
para prestar serviços de comunicação ao governo do PSDB e diz que os
pagamentos à Appendix faziam parte da sua função. Já o governo do Estado
de São Paulo limita-se a terceirizar a responsabilidade, alegando que
quem contratou a Appendix foi a Propeg, embora relatórios oficiais, a
que a Folha teve acesso, revelem que o blogueiro presta contas
diretamente à Subsecretaria de Comunicação, que autoriza os pagamentos à
empresa.
Entenderam? É provável que esta "empresa de comunicação" de Gouveia e
Ikonomidis não tenha sido a única contratada com as mesmas finalidades
pouco republicanas pelas agências que servem ao governo de São Paulo.
Sob o título "Alckmin dá mesada a Dória", o blog do jornalista Paulo
Henrique Amorim reproduz hoje contrato da mesma Sub-secretaria de
Comunicação do Governo do Estado de São Paulo, sob a rubrica "gastos com
publicidade", destinando R$ 595.175,00 à "Doria Editora Ltda.", no
período de março a setembro de 2014, o ano eleitoral.
Nada acontece por acaso. Fernando Gouveia, o Gravataí Merengue", a
sua sócia Cristina Ikonomudis, casada com Juliano Nóbrega, e o promoter
empresarial tucano João Doria Junior, profissionais da mais alta
confiança de José Serra e Geraldo Alckmin, não têm mesmo do que reclamar
da vida. Só revelam um modo tucano de operar a comunicação antipetista
com o dinheiro do contribuinte.
E vamos que vamos. Vida que segue.
Nenhum comentário:
Postar um comentário