O PSDB oficializou neste sábado, em convenção nacional realizada em Salvador, a candidatura do ex-governador de São Paulo, José Serra, a presidente da República. O tucano segue sem vice e, com pouco apoio na sociedade e entre os partidos políticos, parece sem rumo diante da persistente queda e impotência para deter o avanço de Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais. E assume um discurso a cada dia mais reacionário, caracterizando-se como candidato da nova e também da velha direita brasileira.
Serra não tem apoio de nenhuma central sindical e não goza da simpatia dos movimentos sociais. Talvez por isto tenha reservado parte do discurso que fez na convenção tucana para criticar as organizações sindicais, afirmando que são “sustentadas com dinheiro público”, uma acusação falsa feita recorrentemente pela direita. Na verdade, centrais e sindicatos são financiados pelos próprios trabalhadores, seja através da Contribuição Sindical (correspondente a um dia de trabalho por ano), mensalidade de associados ou outros meios.
Que nem FHC
O ex-governador procura responder, com isto, à Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), que reuniu 30 mil lideranças sindicais no estádio do Pacaembu, em São Paulo dia 1º de junho. Na ocasião, o candidato tucano foi vigorosamente criticado por representar, na opinião dos trabalhadores, um retrocesso neoliberal aos tempos de FHC, que tratou o movimento sindical com mão de ferro, perseguiu os petroleiros, buscou criminalizar os movimentos sociais, além de promover o desemprego e a redução e flexibilização dos direitos sociais.
Serra já deu sinais de que não será diferente de FHC neste terreno. Também agiria como um inimigo da classe trabalhadora se, por acaso, fosse eleito. Ele mandou bater em professores durante a última greve que a categoria realizou quando ainda era governador de São Paulo, negando-se a dialogar e negociar com os trabalhadores e trabalhadoras.
Diplomacia de pés descalços
Num outro aceno à direita, o candidato dos tucanos criticou mais uma vez a política externa do governo Lula, insinuando que o presidente apoia ditadores, numa referência indireta aos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. “Não fica bem contiuamente elogiar ditadores de todos os cantos do planeta. Só porque esses ditadores são aliados do partido do governo”, afirmou.
Hugo Chávez e Ahmadinejad são, na verdade, críticos e alvos prediletos do imperialismo norte-americano, que esteve por trás de uma tentativa de golpe contra o líder da revolução bolivariana, em 2002, e da guerra desencadeada pelo Iraque contra o Irã em 1981. Serra representa uma elite de mentalidade subalterna, lacaia dos EUA e das potências capitalistas européias.
A referência tucana de política externa é a diplomacia de pés descalços praticada no governo FHC, cujo chanceler se submeteu à humilhação de tirar os sapatos para uma revista no aeroporto de Washington. Serra já prometeu acabar com o Mercosul e não é improvável que esteja imaginando ressuscitar o projeto imperialista de uma Área de Livre Comércio das Américas (ALCA).
Demagogia
O candidato da coligação de direita (PSDB/DEM/PPS) também recorreu a promessas demagógicas, como a de colocar “dois professores por sala de aula no primeiro ano da série do ensino fundamental pra forçar a alfabetização das crianças”, recuperar o ensino basico no País e ampliar o Bolsa Família. A situação degradante da educação estadual em São Paulo indica que este discurso é falso.
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, o ex-governador mineiro Aécio Neves e o candidato do DEM ao governo da Bahia, Paulo Souto, também discursaram em apoio a Serra. O ex-presidente FHC enviou uma mensagem gravada em vídeo.
Novela do vice
A novela do vice não foi encerrada pela convenção tucana. Comenta-se que o presidente do PSDB, Sergio Guerra, tornou-se um dos mais fortes candidatos ao cargo, dada a estreiteza da coligação conservadora e a carência de melhores opções.
Os tucanos decidiram realizar a convenção em Salvador, que é o maior colégio eleitoral do Nordeste, com o propósito de deter o avanço fulminante de Dilma na região onde, segundo a última pesquisa do Ibope, Serra tem apenas 27% das intenções de voto contra 47% da pré-candidata petista.
Da redação Vermelho, com agências
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