segunda-feira, 5 de julho de 2010

Dilma inicia campanha oficial em SP


Paulo de Tarso Lyra, de Brasília

Valor Econômico - 05/07/2010

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, inicia oficialmente a campanha com uma caminhada pela cidade de São Paulo. Prevista para quarta-feira, a caminhada poderá ser antecipada para terça, já que o Brasil, eliminado da Copa do Mundo pela Holanda, não jogará mais a semifinal amanhã. Será o primeiro contato direto da petista com os eleitores após a autorização dada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a partir de hoje, para eventos dessa natureza.

Em São Paulo, Dilma deve ser acompanhada pelo candidato petista ao governo do Estado, senador Aloizio Mercadante.

Nesse primeiro momento, no entanto, Dilma deve alterar pouco o roteiro de viagens aos Estados. A intenção é seguir concentrando a agenda no Rio, São Paulo e Minas, os três maiores colégios eleitorais do país. Tirando a Bahia, são esses os Estados nos quais estão o maior número de eleitores e onde Dilma concentrou suas viagens na fase da pré-campanha.

Além desses, Dilma também teve uma presença marcante no Sul. Na região, um dos poucos Estados em que ela ainda não tinha ido era o Paraná. A petista aguardava o desfecho do impasse político local, que acabou sendo favorável a ela. Após quase dois meses de intensas negociações, idas e vindas, finalmente o senador Osmar Dias (PDT) definiu sua candidatura a governador e criou um palanque forte para a petista, tendo a correligionária Gleisi Hoffmann e o ex-governador Roberto Requião como candidatos ao Senado.

Mais para o fim de julho, a expectativa é que a candidata comece a viajar para o Nordeste e o Norte. O roteiro nordestino chegou a ser marcado para o início de junho - ela iria para Caruaru (PE), Juazeiro (PB) e Aracaju (SE), aproveitando o circuito de festas juninas. Mas as intensas chuvas na região - em Pernambuco e Alagoas, especialmente - levaram a petista a cancelar as viagens.

Os petistas comemoram o bom momento vivido pela candidata nesse início de campanha. Segundo um ministro ouvido pelo Valor, nem o mais otimista estrategista de campanha poderia imaginar esse cenário no começo de julho. Segundo ele, apesar de alguns petistas mais puristas afirmarem que "quem arrisca percentual em pesquisas de opinião está fora da realidade", os cálculos internos eram de que, se no começo do horário eleitoral - em meados de agosto - Dilma estivesse empatada ou até quatro pontos percentuais atrás do tucano José Serra, a desvantagem poderia ser revertida com a força da propaganda na televisão.

Hoje, 5 de julho, Dilma está, de acordo com a pesquisa Datafolha, empatada com José Serra (38% a 39%). Pelo Vox Populi e Ibope, Dilma está cinco pontos percentuais à frente do tucano - 40% a 35%. "Sempre confiamos na força da candidata e do governo Lula. Mas estamos começando na frente", disse o auxiliar do presidente.

Esse bom resultado, de acordo com estrategistas da campanha, foi conseguido graças a alguns êxitos políticos. Dilma foi confirmada candidata do PT no Congresso do partido em fevereiro - a convenção de junho foi apenas uma festa para ceder imagens para a propaganda política. A partir daquele momento, ela delegou ao presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra (SE), a tarefa de negociar a aliança mais ampla possível.

Dutra conseguiu trazer para o lado de Dilma quase todas as legendas que apoiam o governo Lula. A única exceção foi o PTB que, em convenção nacional, decidiu coligar-se com o PSDB. "Assim mesmo por uma decisão pessoal do presidente (Roberto Jefferson), que controla o diretório nacional. Mas a maioria dos votos dos petebistas - incluindo as bancadas da Câmara e do Senado - são nossos", disse um aliado de Dilma.

Alguns movimentos, na opinião dos petistas, são emblemáticos. A aliança com o PMDB, e a consequente indicação do deputado Michel Temer para vice de Dilma, talvez tenha sido a maior conquista política do período. "Olhando para a chapa da Dilma, temos justificativas política, programática e partidária. Não escolhemos um desconhecido para agradar um aliado que estava ameaçando a nos abandonar", acrescentou um estrategista petista, numa referência à escolha do deputado Índio da Costa (DEM-RJ) como vice na chapa de José Serra.

Outro ponto considerado vital pelos petistas foi a solução encontrada em Minas Gerais, um dos maiores colégios eleitorais do país e com maciça opção pelo voto no PSDB. Depois de um gesto de força do diretório nacional do PT, que enquadrou a seção mineira, defensora da candidatura própria, as negociações caminharam para a escolha do ex-ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, como vice de Hélio Costa (PMDB).

O bom momento fará com que o comando da campanha segure um pouco mais a participação do presidente Lula. Como Dilma está com um discurso ainda mais seguro - o treinamento feito pela equipe de João Santana para enfrentar perguntas de jornalistas, na avaliação dos petistas, está surtindo efeito - a tendência é que o presidente seja resguardado para o horário eleitoral gratuito.

Ele poderá participar de alguns eventos ao lado da candidata - à noite ou nos fins de semana - mas está completamente descartada a possibilidade de o presidente licenciar-se para ajudar sua candidata. "Lula é muito mais útil no governo do que fora dele. Dilma conseguiu solidificar no imaginário do eleitorado a ideia de que ela representa a continuidade da gestão do presidente", declarou um aliado da candidata do PT.

Um comentário:

Nehemias disse...

Tijolaco.com


Jornal português: Dilma, 46%; Serra, 38%. Ai é, ó pá?
domingo, 4 julho, 2010 às 21:56

Ninguém me pergunte de onde eles tiraram estes números, porque eu não sei. Estou republicando porque estão publicados na web.

Mas que bate com os tais oito pontos de vantagem que se cochicha aqui e ali na imprensa e nos meios políticos, isso bate. É o que saiu na internet hoje, publicado pelo jornal Diário de Notícias, um dos maiores e mais respeitados de Portugal.

Vou reproduzir, literalmente, o trecho da matéria, que você pode ler, na íntegra, na internet, clicando aqui.

“Serra, que foi ministro da Saúde no Governo de Fernando Henrique Cardoso e governador de São Paulo, enfrenta uma tarefa difícil. A candidata de Lula, a ex-ministra Dilma Roussef, não só lidera as sondagens como tem ao seu lado o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, indicado pelo PMDB – o principal partido do país, que apoiou o antecessor de Lula, Fernando Henrique Cardoso, durante os oito anos do seu mandato e fez o mesmo durante o mandato de Lula, nos oito anos seguintes. Lula e Cardoso são adversários, mas o PMDB – do ex-presidente José Sarney – apoiou um e outro sem problemas. Sem precisar de indicar o seu próprio candidato à presidência.

Enquanto Dilma está com 46% das preferências de voto e Serra com 38%, a candidata verde, senadora Marina Silva, está abaixo de 10%. O seu vice é o empresário Guilherme Leal, dono da Natura, uma indústria de cosméticos que sempre se notabilizou por preocupação ambiental.”

Insisto, não tenho qualquer informação sobre quem fez e quando se fez esta tal pesquisa. A única informação que tenho é a que está publicada. Mas que, ora, pois, pois, é uma maravilha, é.