sexta-feira, 4 de maio de 2012

Apertem os cintos, os juros vão despencar!


A principal notícia do dia, a meu ver, é o lançamento do novo portal de transparência do governo, com dados da União, Estados e municípios centralizados. É uma iniciativa bastante inovadora, que põe o Brasil na vanguarda mundial da transparência pública.


Ela permite que as críticas aos governos sejam mais qualificadas. Agora não há mais desculpas para se afirmar que tal ministério acabou com isso, reduziu investimentos naquilo, sem apontar exatamente um link do portal de dados que mostra esse recuo. E o próprio governo terá uma ferramenta para se defender.


Esse tipo de transparência reduz o poder da mídia, porque permite ao cidadão informar-se diretamente, sem intermediários. Não é por outra razão que os jornalões investem cada dia mais em infográficos deslumbrantes: é o único diferencial que eles podem oferecer ao cliente.


Por falar em infográfico, os jornalões vieram hoje com notícias catastróficas em relação a produção industrial. Eu já esperava isso. Vou repetir aqui alguns argumentos que já expus ontem, num post para assinantes.


Os números do IBGE não mostram uma indústria em queda, mas sim em recuperação dos baques sofridos nos últimos meses, por causa da crise vivida na Europa e EUA. As coisas estão tão bem no Brasil, que às vezes se esquece que o mundo desenvolvido viveu uma (outra) grande crise no ano passado, e ainda respira com dificuldade.


Em março, houve recuo de 0,5% na indústria geral, na comparação com o mês anterior, mas o setor de bens de capital, avançou 3,8% em março, depois de ter disparado 5,7% em fevereiro.
(Gráfico do Estadão).
O crescimento do segmento de bens de capital é sinal de recuperação, porque indica investimento na recuperação da infra-estrutura industrial do país.


O forte crescimento de 3,4% dos bens duráveis também é um excelente sinal de que os setores mais estratégicos da economia mostram-se bastante dinâmicos. Bens duráveis referem-se à produtos industriais de maior valor agregado, como carros, geladeiras, ar-condicionados, aviões, etc.


O setor de veículos automotores, por exemplo, que é o principal eixo da indústria de transformação no país, registrou crescimento de 11,54% em março. Outro segmento estratégico que apresentou um crescimento razoável foi o item Máquinas para Escritório e Equipamentos de Informática, cujo crescimento em março foi de 3,17%.


Algumas quedas verificadas em março foram pontuais, como a de produtos hospitalares: depois de crescer 24% em fevereiro, o item recuou 10% em março; no acumulado do primeiro trimestre do ano, este item registra alta de 15% sobre o ano anterior.


Vale a pena analisar esse gráfico, com os melhores e piores do trimestre. Repare que, entre os piores, há liderança dos veículos automotores, justamente o setor que registrou a maior recuperação em março:
(Gráfico da Folha).
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O senador pernambucano Humberto Costa (PT) divulgou ontem o relatório sobre o caso Demóstenes no Conselho de Ética. Eu achei particularmente interessante o seguinte trecho:
Em outro trecho, com riqueza de detalhes, Humberto Costa destaca a atuação de Demóstenes, em 2003, para questionar a renovação do contrato entre a Caixa Econômica Federal (CEF) e a Gtech do Brasil, para operação da loteria: nove meses antes de vir à tona o vídeo em que Waldomiro Diniz, ex-assessor de José Dirceu, aparece pedindo propina a Cachoeira, o senador fez um requerimento de informações ao Ministério da Fazenda, sobre o contrato fechado entre a Caixa e a Getch.


Humberto Costa, tendo por base relatório da CPI dos Bingos, mostra que Cachoeira queria fazer negócio com a Gtech e contava com a ajuda de Waldomiro. Quando a negociação fracassou, no início de 2003, Demóstenes começa a agir no Senado. Em agosto de 2003, ele reclama, no plenário do Senado, que recebeu documentos da Fazenda “mutilados” e denuncia, então, irregularidade no contrato CEF-Gtech. Quando o vídeo veio à tona, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) elogia a “capacidade de antevisão de Demóstenes”.



O relator pergunta: “O que balizou o requerimento, feito nove meses antes que os fatos se tornassem públicos? Qual o interesse de um senador da República em um procedimento licitatório que não possuía, àquele tempo, qualquer questionamento público? Quem estaria a par das tratativas não oficiais entabuladas?”. E arrisca um palpite: “Tudo leva a crer que seriam os vínculos que já ligavam o senhor Carlinhos Cachoeira ao autor do requerimento: o senador Demóstenes Torres“.

Ou seja, Humberto matou uma charada. A denúncia contra Waldomiro Diniz, o primeiro grande golpe no ministro José Dirceu, e um dos prelúdios do “mensalão”, teve como pano de fundo a tentativa (mal sucedida) de Cachoeira de montar um esquema com a Gtech. E mostra, também, que Demóstenes operava em favor de Cachoeira desde o início do mandato.

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Apertem os cintos: os juros devem cair muito ainda este ano. Não sou eu que digo, e sim economistas entrevistados pelo Estadão, que não é exatamente um jornal governista. Eles esperam juros de 8% ou menos até o fim de 2012. A queda dos juros básicos, somada à redução do spread, das taxas administrativas e dos juros reais cobrados pelos bancos, já estão promovendo uma nova revolução no crédito, que deverá se aprofundar até o fim do ano. Como de praxe, os jornais não estão informando a população corretamente, escondendo as notícias mais importantes. Por exemplo, confiram essa informação oculta ao final de uma nota na página 31 do caderno de Economia, do Globo:
Considerando as diferentes linhas de financiamento para pessoa física, a média diária de desembolsos em novas operações do BB cresceu 48,16% nos últimos 20 dias, passando de R$ 190,5 milhões, antes do corte, para R$ 288,5 milhões. Já os desembolsos em operações para empresas cresceram 20% na mesma comparação.


Leandro Fortes publica uma matéria contundente na edição desta semana da Carta Capital, denunciando as ligações da máfia Cachoeira com o governo Perillo e a revista Veja.Fonte:O Cafezinho

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