segunda-feira, 13 de maio de 2013

Vira-latas do contra, Brasil na OMC e diplomacia dos trabalhistas



Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre

Roberto Azevêdo: diplomata do Brasil é eleito diretor-geral da OMC.
O teólogo e filósofo Leonardo Boff certo dia chamou algumas pessoas que exercem atividades na academia universitária, no jornalismo e no meio empresarial de rola-bostas. Rola-bosta é um besouro africano que recolhe fezes de animais e age como uma ferramenta de limpeza da natureza, a exemplo dos urubus, dos chacais, das hienas, dos dragões-de-komodo, dos lorpas e pascácios e daqueles colonizados marcados na alma com um intangível complexo de vira-lata.

Por seu turno, considerei perfeito o apelido dado por Boff, ainda mais quando se trata de definir os “especialistas” de prateleiras da Globo News e da CBN, por exemplo, além de colunistas e blogueiros de outros órgãos da imprensa de mercado, que, sem sombra de dúvida, tornaram-se, com dedicação canina, porta-vozes de seus patrões magnatas, que torcem contra o Brasil desde o ano de 1500, apesar de terem enriquecido aqui e não nas cortes as quais eles bajulam como cães sentados à espera de comer ossos.

Os barões midiáticos, controladores de concessões públicas de diferentes mídias, bem como são os proprietários dos jornais e revistas mais poderosos do País. A categoria empresarial socialmente a mais atrasada e sempre a serviço de seus interesses pessoais e corporativos, o que a leva a se beneficiar e a usufruir de fartos recursos monetários, proporcionados pelo setor público e pelas grandes corporações privadas, que pagam a preço de ouro para veicularem propagandas em suas publicações e telas de televisores, entre outras ferramentas midiáticas.

Boff tem razão quando apelida homens e mulheres da imprensa de negócios privados de rola-bostas, porque a verdade é que muitos deles são mais do que isto. Eles são os legítimos exemplares dos complexados anacrônicos, pois totalmente colonizados, pois seus DNA possuem princípios químicos intrinsecamente ligados à subserviência, à subalternidade, à baixíssima estima, à pusilanimidade e ao desprezo por tudo o que é do Brasil e o que ele representa, ao ponto de torcerem contra o seu povo e professarem a equivocada ideia de que estamos fadados ao fracasso, como se o Brasil e o seu presente e futuro fossem, nada mais e nada menos, a própria resignação dos derrotados e dos que se satisfazem em atuar em um papel secundário, quando os governantes que assumiram o País há 11 anos e os seus eleitores, que são a maioria dos brasileiros, querem o Brasil no papel de protagonista, em um mundo multipolar, e, portanto, pertencente a todas as nações.

É dessa forma que o Itamaraty de “punhos de renda” e de perucas à moda Luís XV e Luís XVI se conduzia até o fim do Governo de FHC — o Neoliberal I —, também conhecido como o “Príncipe dos Sociólogos”, que, diferentemente do monarca francês Luís XVI, nunca foi guilhotinado, e, sim, paparicado pelos seus súditos encastelados na imprensa de mercado e nos meios acadêmicos aparentemente dominados por diplomatas e catedráticos conservadores, que adoram falar para a imprensa corporativa e alienígena, nos papéis de “especialistas”, cuja “especialidade” é não reconhecer os avanços e as conquistas da sociedade brasileira, e muito menos que os governos trabalhistas de Lula e de Dilma mudaram o Brasil.

E o mudaram para melhor, inclusive no que concerne ao País ser respeitado pelo seu poder econômico e principalmente por sua atuação propositiva e assertiva junto aos mais importantes fóruns internacionais, retratados em ONU, OMC, OMS, OIT, BRICS, G-20, OEA, Mercosul, Unasul e até mesmo no G-7 + 1 (Rússia), país este que abastece a Europa com gás e petróleo, dentre muitos outros produtos e por isto convidado a frequentar os “saraus” dos europeus ricos ocidentais de caráteres imperialistas e historicamente colonizadores. Sem o gás da Rússia, ficaria difícil para os europeus do G-7 aquecerem seus povos no inverno. Ponto.

Celso Lafer tirou os sapatos e escancarou a subserviência da "elite" deste País.
Mesmo assim a nossa “elite” preconceituosa e provinciana continua a torcer o nariz, porque esses herdeiros da escravidão continuam a desejar um país VIP, ou seja, para poucos se locupletarem com o que há de bom na vida, a exemplo de poder estudar em boas escolas e universidades, viajar, morar em casas confortáveis, ter bons empregos e acesso ao lazer e ao entretenimento, comprar roupas e calçados de qualidade, bem como ser atendido em bons hospitais, além de frequentar bons restaurantes etc etc etc. São os brucutus ou trogloditas, que se disfarçam com uma fina película de civilidade, educação e fino trato, mas que na verdade se recusam a permitir que o Brasil seja independente, autônomo e justo, bem como o povo brasileiro seja definitivamente emancipado.

As seis famílias controladoras das mídias de um País que é a sexta economia do mundo e logo será a quinta. O Brasil de 200 milhões de habitantes e que fica submetido aos capatazes, aos cães de guarda dos barões da imprensa, que manipulam o verbo e a verdade; escamoteiam os fatos e desdizem, malandramente, o que foi dito por aqueles que eles consideram seus inimigos, como ocorre, agora, com o Governo de Dilma e ocorreu anteriormente com o Governo de Lula, pois desacreditam, levianamente, as palavras e os propósitos de autoridades, como, recentemente, aconteceu no caso do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que afirmou ao Jornal Nacional que “a inflação está controlada, porque está dentro da meta, pois que a elevação e a especulação de preços de alguns produtos são de ordem sazonal, mas logo voltarão à normalidade”.

William Bonner, editor-chefe e apresentador do JN, levanta as sobrancelhas e movimenta a cabeça, como a duvidar da autoridade fazendária e monetária, e, consequentemente, tentar desmoralizá-la, com o propósito de disseminar dúvidas aos que assistem ao jornal, que no decorrer das décadas apoiou governos fascistas e entreguistas, bem como sonegou ou tergiversou sobre episódios como a Bomba do Rio Centro, o escândalo Proconsult, que visou derrotar o candidato Leonel Brizola em 1982, as Diretas Já, o sequestro do empresário Abílio Diniz, cuja culpa recaiu, inacreditavelmente, sobre o PT, além da edição criminosa do último debate entre Lula e Collor, em 1989, que favoreceu o candidato da direita e das Organizações(?) Globo, dentre inúmeras manipulações e distorções dignas de serem efetivadas por gângsters.

Agora, a pergunta que se recusa a calar: quem o William Bonner pensa que é para tratar dessa maneira e em público o ministro Mantega como se ele fosse um mentiroso ou não soubesse o que estava a falar? Bonner, jornalista que edita um jornal de péssima qualidade editorial e que se recusa, terminantemente, mostrar o verdadeiro Brasil, pode até duvidar do ministro entre os “seus” e até mesmo nas ruas, mas não pode e não deve emitir dúvida em um jornal que tem milhões de telespectadores e aproveitar para dar uma conotação leviana, talvez por saber que os irmãos Marinho, seus patrões, fazem oposição sistemática ao governo, sendo que um dos “ganchos” oposicionista é a inflação, que na verdade não passa do patamar dos 6,5% quando no governo do “príncipe” dos sociólogos FHC — o Neoliberal I — a inflação atingiu o índice de 12,5%, e nem por isso os cínicos das mídias faziam desse assunto um escarcéu cujo símbolo de tal desfaçatez é o tomate. Ponto.      

É a luta partidária em toda sua essência e volúpia, no que é relativo à imprensa beligerante e de tradição golpista tomar a frente da luta política no lugar dos partidos de oposição e de direita, exemplificados no PSDB, no DEM, no PPS e também no PSOL, que foram derrotados três vezes pelas forças trabalhistas e por isto contam com a adesão de setores conservadores do estado nacional, que se transformaram indevidamente em uma oligarquia, como o STF, presidido pelo juiz Joaquim Barbosa, e pela PGR do procurador-geral Roberto Gurgel, aquele que sentou quase três anos em cima dos processos do bicheiro Carlinhos Cachoeira, correligionário e amigo pessoal do senador cassado Demóstenes Torres (DEM/GO), do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e dos editores de Veja, Policarpo Jr, e de Época (Globo), Eumano Silva. Nunca é tarde para lembrar esses fatos ao juiz e ao procurador, que até hoje não comentaram nada sobre as investigações e o julgamento do mensalão tucano. Temos o Judiciário dos dois pesos e duas medidas.

Eis que para a desilusão da imprensa de negócios privados, o embaixador Roberto Azevêdo vence os países ricos e se torna o primeiro brasileiro e latino-americano a ocupar o importante e estratégico cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio — a OMC. A vitória não se traduz em uma vitória isolada, que contou apenas com o valoroso esforço desse notável brasileiro. A vitória de Azevêdo é muito maior do que consideram os que torcem contra o Brasil, e defendem, de forma subalterna e subserviente, os interesses dos países colonialistas. A vitória de Roberto Azevêdo é, sobretudo, a vitória da diplomacia brasileira, que experimentou uma revolução no Governo Lula, por intermédio do atual ministro da Defesa, Celso Amorim, que comandou o Ministério das Relações Exteriores como nunca se viu antes, porque transformou a nossa diplomacia de “punhos de renda”, subserviente e desmoralizada, em uma diplomacia agressiva, pragmática, autônoma e independente, que cooperou, e muito, para que o Brasil praticamente se livrasse da crise internacional que derreteu as economias da região do Euro e puniu severamente economias poderosas, a exemplo dos EUA e do Japão.

O Itamaraty que começou a se relacionar em termos regionais e geográficos com o hemisfério sul do planeta. O Brasil que se voltou, concretamente, para a África, a Ásia e a Ásia. O gigante sul-americano que transformou a China em seu principal parceiro comercial, a superar os EUA, que nos tempos dos diplomatas de “punhos de renda” de FHC — o Neoliberal I — determinava o que o Brasil deveria fazer, atém mesmo não defender seus interesses na OMC e na OIT no que tange, por exemplo, aos subsídios praticados pelos países ricos, a fim de defender e privilegiar suas indústrias, agriculturas, ou seja, lá o que o valha.

Lula e Celso Amorim riem da torcida contra, que deseja para o Brasil a subserviência.
Essa é a verdade. A diplomacia tucana, uma das mais subservientes da história deste País, que só faltava usar perucas à moda Luís XV, casacas e sapatos altos. A diplomacia tão cara às nossas burguesias metidas a nobres, mas que na realidade não passam de oligarquias decrépitas, mumificadas pelo tempo, saudosas da escravidão e que até hoje pensam em Paris, Londres e Nova York como suas cortes, sendo que eles vivem, moram e ganham muito, mas muito dinheiro mesmo na província que eles, equivocadamente, chamam-na de Brasil.

São de um nonsense ridículo, que dá pena, pois não compreendem que todos os países e suas respectivas sociedades começaram do nada, foram também subdesenvolvidos, muitos deles são da era atrasadíssima da Idade Média e que com o tempo se transformaram em nações desenvolvidas, apesar de terem se beneficiado da colonização, ou seja, da exploração total de outros povos e de suas riquezas, patrimônios e força de trabalho, esta última traduzida em escravidão. Como se percebe, os “desenvolvidos” têm esqueletos reais guardados em seus armários e uma dívida incomensurável com aqueles que eles exploraram e dizimaram. Ponto.

O competente embaixador Roberto Azevêdo incomodou de mais a nossa mídia alienígena, intelectualmente colonizada, que prefere como embaixadores seus “especialistas” de prateleiras nas pessoas de Olavo Setúbal (dono do Itaú), Abreu Sodré (Fundador da Operação Bandeirantes — Oban), Francisco Rezek (o ético tal qual Daniel Dantas), Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I (sim, ele ficou sete meses à frente do Itamaraty), Luiz Felipe Lampreia (“especialista” de prateleira da Globo News) e Celso Lafer, símbolo maior da subserviência dos governos dos tucanos, pois tirou os sapatos no aeroporto de Nova York, a mando de um subalterno da segurança estadunidense. Nada tão mais tucano e com a cara da “elite” brasileira.

A OMC é um dos órgãos internacionais mais importantes do planeta. A Organização é responsável pela regulação e regulamentação do comércio internacional, além de contemporizar, avaliar e resolver os conflitos comerciais entre seus sócios. O Brasil, querendo ou não os que torcem contra, é um jogador importantes desse tabuleiro de xadrez, no que é relativo aos embates e interesses comerciais de cada País. A eleição de Roberto Azevêdo é uma vitória, sim, dos governos trabalhistas de Lula e Dilma, que preconizaram o acesso de outros países, que não fossem somente os ricos, aos órgãos internacionais em termos de comando politico e administrativo.

Celso Amorim, chanceler de Lula, ajudou a liderar a construção e a edificação de órgãos poderosos como o Brics, o G-20, bem como a concretização do Mercosul, que, desprovida de pena, enterrou a Alca, tão defendida pelos EUA e pelos nossos torcedores do contra em terras tupiniquins. Lula passou a falar alto e firme nos fóruns internacionais, a reivindicar, inclusive, uma cadeira para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Um dia, mais cedo ou mais tarde, o Brasil vai ter a cadeira, porque o Conselho de Segurança é dos tempos do fim da Segunda Guerra Mundial, e vivemos em um mundo muito maior, mais rico, tecnológico, globalizado, populoso e com novos protagonistas, como o Brasil, que também é, vale lembrar aos lorpas e pascácios, vencedor da Segunda Guerra. Aliás, o Brasil é o único latino-americano que enviou tropas para a grande guerra. E depois tem gente que não estuda direito para falar mal de Getúlio Vargas, que, para mim, é um verdadeiro gênio.

A vitória de Roberto Azevêdo é, antes de tudo, a vitória do Brics, dos países emergentes, com forte apoio dos países pobres, mas que desejam uma nova ordem internacional, onde não apenas os estadunidenses, os europeus ocidentais, os canadenses, australianos e japoneses se locupletem e seus povos vivam uma vida repleta de realizações, confortáveis, enquanto a maioria do planeta tem de viver à míngua, a enfrentar crises políticas, econômicas, doenças, fome, guerras, rebeliões, invasões militares, a ter muitas vezes à frente da opressão e da violência os seus próprios governantes, patrocinados e promovidos pelas potências ocidentais, que têm interesses geopolíticos e econômicos em inúmeros países e por isso financiam todo tipo de barbaridade, com a finalidade de manter intactos os interesses do establishment.

O Brasil atingiu um patamar elevado, a partir da ascensão de Lula ao poder. Celso Amorim abriu as veredas, e seu sucessor, chanceler Antônio Patriota, está a asfaltá-las. Não interessa aos EUA o Brasil ser autônomo e independente, mas a realidade é que sua política externa o é, como foi comprovado com o esvaziamento do golpe no Paraguai e sua posterior punição na Unasul e no Mercosul, bem como no episódio das eleições da Venezuela quando o EUA pediram a averiguação dos votos e o Brasil, sem vacilar e prontamente, reconheceu a vitória de Nicolás Maduro e a derrota do magnata, Henrique Capriles, filho da terceira família mais rica do país bolivariano.

A má intenção da Secretaria de Estado dos EUA foi esvaziada, e a ordem constitucional e institucional na Venezuela preservada. A conquista da Diretoria-Geral da OMC, repito, sedimenta a vitória do Brasil em âmbito diplomático e se expande aos países emergentes, ao Mercosul, aos africanos, aos árabes e aos asiáticos. A imprensa burguesa brasileira, medíocre, golpista e porta-voz dos interesses dos países ricos vai ter de engolir a derrota do mexicano Hermínio Blanco, candidato apoiado pelos ricos. A eleição contou com a presença dos 159 países membros da OMC, o que valoriza ainda mais a vitória do brasileiro. O Brasil vai ocupar seu lugar de protagonista, querendo ou não os colonizados e subservientes que teimam em viver nesses pagos verdes e amarelos, afinal a recessão mundial tem de acabar. A torcida do contra perdeu de novo, e o Leonardo Boff tem razão. É Isso aí.

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