Luis Nassif
Até seu último dia na
Procuradoria Geral da República, Roberto Gurgel tratará de submeter o
Ministério Público aos seus objetivos políticos. Pouco importa se aumentarão as
resistências contra os procuradores, se o adversários tratarão de obscurecer o
trabalho legítimo de procuradores na linha de frente com as jogadas políticas
de Gurgel.
Hoje, nos jornais, mais dois
episódios.
O primeiro, o vazamento, por
parte da PGR, de mais um inquérito para a mídia, agora visando o MInistro da
Saúde Alexandre Padilha. Não se considerou a vida limpa do Ministro e a enorme
probabilidade de que seja inocentado da acusação. A manobra consiste em jogá-lo
na mídia, para desgastá-lo; e, depois, esse material poder ser utilizado na
campanha político, caso saia governador.
O segundo ponto, foi seu
parecer contra a invalidação da Reforma da Previdência. Parlamentares do PSOL
argumentaram - com razão - que se o STF e o PGR sustentaram que houve compra de
votos para cada votação, havia vício de origem.
Gurgel, no entanto, admite que
as pessoas envolvidas no mensalão tiveram pouco peso na votação da reforma
previdenciária.
Qualquer conhecedor mínimo
dos meandros do Congresso sabia que a operação mensalão visou comprar apoio de
partidos para a composição da base aliada, jamais para votações específicas.
Embora o método seja condenável, a montagem da base de apoio é essencial para a
governabilidade de qualquer governo, e foi praticada por todos os presidentes,
pós-redemocratização, que permaneceram no cargo até o fim. O único que não seguiu a regra, caiu: Fernando Collor.(aqui eu discordo de Nassif, Collor comprou, sim, apoio parlamentar, no livro Os Anões do Orçamento, de Fernando Rodrigues, está tudo bem explicadinho).
Mas a PGR e o STF julgaram
que, para poder condenar os acusados, havia a necessidade de indícios mais
veementes: por exemplo, casar os dias de pagamento om as votações ocorridas.
Inventaram correlações inexistentes.
Consumadas as condenações,
agora pode-se voltar ao bom senso e reconhecer que os pagamentos não visaram
compra de votos para votações específicas.
O problema do julgamento do
mensalão não foram as condenações: foi se saber que bom senso, análises de causalidade,
análises de indícios e de provas dependem exclusivamente da posição política do
julgador.
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