quinta-feira, 25 de junho de 2015

As razões de Lula presidente em 2018




O ninho tucano está revolto e conforme se verifica todos os dias, os mais emplumados se bicam em uma ferocidade nunca dantes vista. Precipitam-se em anunciar desde já o nome de proa para o longínquo pleito presidencial de 2018. Os tucanos de São Paulo, berço por excelência da "social democracia" brasileira se lançam na vanguarda e entre lapsos e contratempos buscam emplacar o nome de Geraldo Alckmin para o governo central do país.

Isso mesmo... O Alckmin da cordilheira de escândalos envolvendo metrôs superfaturados, de greves e paralisações intermináveis na estruturalmente falida educação paulista, da definitiva e incontornável falta de água, dos flagelos ambientais que tomam conta de São Paulo, do PCC dentre outros absurdos cotidianos.

Pela banda mineira, o cada vez menos entusiasmado Aécio Neves, brinca de presidir a sigla da qual é parte e como bom mineiro que é se equilibra entre forças e influências diversas que o torna indubitavelmente o mais fragmentário e incerto personagem do conturbado cenário politico nacional.

Ele, Aécio, mira em uma presidência que, como se bem sabe, vai lhe sendo afastada gradualmente; flerta com fascistas e golpistas cuja força política mingua a olhos nus mesmo com a tônica midiática onde, de longe, foram beneficiários diretos; protagoniza uma oposição abusada, arrogante e incapaz de propor caminhos elementarmente reais e viáveis para a constelação de dramas e que arrasa o Brasil e; cambaleia trôpego entre escândalos e vacilos que pululam da Operação Lava Jato até aos excessos da vida pessoal. Aécio é uma incógnita política.

A outra arribação tucana, o indefectível José Serra, senador por São Paulo, segue sem novidade, em seu périplo por desmontar o país, sua capacidade produtiva e o que ainda lhe restou de público. Dessa vez, está obstinado na privatização da maior empresa brasileira, a Petrobras e o faz, por etapas. Propõe inicialmente que o modelo de partilha da continental jazida petrolífera do pré-sal seja revisto e que a exploração seja repassada aos pools internacionais de petróleo e gás. É dele o projeto de lei no. 131 que modifica a Lei de Partilha (12.351, de 22 de dezembro de 2010) anulando a importante salvaguarda da participação de, pelo menos, 30% da Petrobras na exploração do petróleo.

É um típico caso de saudosismo colonial ou neocolonial e bastante comum entre elites e oligarquias latino-americanas e seus elevados níveis de subserviência aos interesses imperialistas e internacionais. Serra o exerce com um rigor e deferimento de tal ordem e monta que o coloca como o principal sabujo das corporações internacionais.

E por fora, vindo da província goiana, Marconi Perillo é o tucano menor que aspira disputar o Planalto. O que se identifica, em linhas gerais, é o predomínio do eixo São Paulo-Minas e um Goiás, como sempre, carente de lideranças, mas que provoca possibilidades políticas para atuar no nacional.

No que respeita Goiás, cabem considerações que podem nos orientar a compreender o que, de fato, se passa no cipoal político goiano para identificar as razões do que irei denominar de "fator Perillo". Vejamos: De forma panorâmica, Goiás, sempre teve papel ou atuação menor no plano da política nacional. A última candidatura presidencial de um goiano foi exatamente de Ronaldo Caiado (1989), um fisiocrata cujo juízo ainda não chegou ao século XXI.

Goiás é também, terra de Iris Rezende (PMDB), cacique local que fora derrotado exatamente pelo seu ex-pupilo Marconi Perillo em um distante 1998 e que tangeu o "peemedebezão de guerra" do comando do Estado e que, nada, nada... Perfaz em 2018, vinte longos anos de mando tucano em Goiás.

E que avaliação fazer dessas quase duas décadas de regência tucana em Goiás? Nada de muito diferente das outras experiências tucanas Brasil afora. Trata-se de governo centralizado e orientado a partir de um núcleo duro de quadros do PSDB e apoiadores, em geral, grandes empresários; sem participação ou qualquer tipo de interlocução com a sociedade ou com movimentos sociais; sem conceito, horizonte ou prioridades, sobretudo, sociais e; é evidente e notória a falta de efetivo projeto de desenvolvimento para Goiás. A justificativa governativa é sempre a mesma: o financiamento e a atração de empresas para o Estado.

De outro modo, as empresas atraídas para o Estado geram, quando geram, ocupações ruins, de muito baixos salários, enormes impactos sociais, econômicos e ambientais para municípios ou circunvizinhanças onde se instalam e a partir do binômio custo/benefício se verifica que os cofres públicos empatam um sem-número de recursos e potencialidades outras para empregos medíocres e de remunerações incipientes.

Não é exagero, mas dos 246 municípios, teremos algo como 30 ou 35 cidades com possibilidades econômicas reais, com algum tipo de horizonte produtivo e com algum dinamismo econômico a ser considerado. Afora desses poucos e miúdos municípios citados as municipalidades goianas são pontos econômicos retardatários e sem qualquer perspectiva de real desenvolvimento econômico, tampouco, de democracia econômica.

O reinado tucano sequer discute a possibilidade de repensar o desenvolvimento para a imensa maioria das localidades goianas. Uma forma de intervir nessa espiral de pobreza e destruição ambiental, segundo órgãos como a ONU, seria exatamente o investimento massivo, inteligente e criativo em setores como Educação e Formação Profissional e que, não casualmente, é sob o mando de Perillo, motivo de enormes cortes por parte do Governo de Goiás.

No momento em que traço essas letras, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (SINTEGO) denuncia a manobra de Perillo para fazer passar seu famigerado Projeto de Lei no. 930/15 e que, grosso modo, é o maior calote na Educação e na remuneração e professores e que esse país já viu.

Perillo tem a Assembleia Legislativa na mão, bem como as principais prefeituras do Estado e, de fato, quase não existe oposição ao seu governo autoritário, burocrático e maçante. Goiás é sufocado por uma violência desenfreada, por endemias de dengue e por uma pobreza que se agiganta primeiro, pela precariedade dos serviços públicos, pela marginalidade de grupos sociais e, é claro, pela violência policial. E isso, aceitemos ou não, é Goiás.

Com essa configuração política para 2018, com essa oposição e com as indicações tucanas... Não tenho dúvidas! Aposto todas as fichas em Lula da Silva!


Ângelo Cavalcante

Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

Um comentário:

romainardes disse...

Que blog mais sujo, mentiroso e tendencioso. Pelo menos combina com o personagem da matéria.