segunda-feira, 29 de junho de 2015

João Auler, o executivo da Lava Jato que pode esclarecer propinas ao PSDB e Aécio

Alberto Youssef disse na Lava Jato que José Janene, em 2002, foi cobrar propina da Camargo Corrêa, sem sucesso. João Auler, executivo da empresa, teria dito que o PSDB chegou primeiro. Auler poderia esclarecer a acusação de que Aécio teria influência em Furnas

Jornal GGN - Está sob custódia da Polícia Federal em Curitiba, desde novembro de 2014, uma das figuras citadas na delação premiada do doleiro Alberto Youssef que implicou o PSDB e o senador Aécio Neves no suposto esquema de pagamento de propina montado em Furnas, ainda na década de 1990. Trata-se de João Ricardo Auler, presidente do conselho de administração da Construções e Comércio Camargo Corrêa.

Segundo Youssef, João Auler foi seu principal contato na Camargo Corrêa durante alguns anos. Depois, foi substituído pelo vice-presidente da empresa, Eduardo Leite. Quem acompanhou as negociações feitas diretamente com o Auler, no final da gestão FHC, foi o ex-deputado federal José Janene, do PP, morto em 2010.
No pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para arquivar investigação contra Aécio na Lava Jato (petição 5283, em anexo), Youssef explica que Janene tinha influência sobre uma diretoria de Furnas, onde ocorria pagamento de vantagens indevidas por empresas que obtinham contratos com a estatal de energia mineira. Caso da Camargo Corrêa. O próprio Janene, muito próximo de Youssef, teria dito ao doleiro que dividia o balcão com o PSDB.

À época, o doleiro também ouviu de Janene e outras fontes que o então deputado mineiro Aécio era beneficiário do esquema, e a operadora do tucano seria a própria irmã. Youssef não soube prover mais detalhes, e a PGR entendeu que não havia indícios suficientes para sustentar um inquérito contra o senador e o PSDB. 

Em reunião com deputados mineiros que insistem na abertura de investigação sobre o caso Furnas, Janot também teria dito, segundo Padre João (PT), que o falecimento de Janene era outro obstáculo à averiguação da denúncia contra os tucanos. A PGR, ao que tudo indica, desconsiderou ouvir outros nomes citados pelo doleiro na Lava Jato. João Auler, por exemplo.

Segundo Youssef, em 2002, Janene decidiu cobrar da Camargo Corrêa cerca de R$ 4 milhões em propina destinados ao PP. O doleiro acompanhou o momento em que João Auler (grafado de maneira errada na petição) teriam informado a ambos que um agente do PSDB teria retirado o montante primeiro.



Segundo as investigações da Lava Jato, o elo entre Youssef e a Camargo Corrêa era o sócio do doleiro, João Procópio de Almeida Prado, concunhado de João Auler. Ele apareceu na mídia após a Polícia Federal apreender uma lista de sua autoria que indica que Youssef também fez negócios com empresas que atuam em obras do setor elétrico. Mas sem destaque para Furnas, embora Youssef tenha dito que operou o esquema para empresários ao menos entre 1994 e 2001.

A defesa de João Auler, na tentativa de revogar sua prisão preventiva, usou trechos das delações de Augusto Mendonça Neto (Toyo) e Paulo Roberto Costa (ex-diretor da Petrobras) para sustentar que ele teria atuado no cartel apenas até 2006.

Apesar de ter condições de ratificar ou desmentir o que Youssef disse sobre Aécio, João Auler, que tem 40 anos de Camargo Corrêa, foi orientado pela defesa a falar muito pouco ou quase nada do que sabe na Lava Jato. 

Em fevereiro, Dalton Avancini, presidente da Camargo Corrêa e o vice Eduardo Leite assinaram acordo de delação premiada com as autoridades da Lava Jato. João Auler resiste. Seus advogados esperam levantar provas robustas de que a acusação contra o empresário - e a própria Operação Lava Jato - tem tantos pontos frágeis que acabará sendo anulada.

Arquivo

 
fonte;GGN

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