O ministro-chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante deu
entrevista coletiva neste sábado (27) para explicar o envolvimento de
seu nome em reportagem da revista Veja que listou 18 políticos
a quem o ex-presidente da UTC Ricardo Pessoa, preso na Operação Lava
Jato, teria dado dinheiro, segundo delação do mesmo. A atitude foi
semelhante à do ministro da Comunicação Social Edinho Silva, que criticou o
que chamou de "vazamento seletivo" de conteúdo de delação premiada.
Mercadante disse que a presidente Dilma Rousseff deve falar em breve com
a imprensa sobre dinheiro de origem duvidosa que sua campanha eleitoral
de 2014 teria recebido, de acordo com a mesma reportagem.
Mesmo
embarcando ainda neste sábado (27) aos Estados Unidos para se encontrar
com Obama e buscar parceiros comerciais, Dilma quer explicar as
denúncias que envolveram tesoureiros de sua equipe eleitoral, informa o
ministro. "Pode ter certeza que ela está com muita vontade de falar",
disse Mercadante.
O ministro da Casa Civil se reuniu na manhã deste sábado com a própria
Dilma, além do ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e da Secom,
Edinho Silva. Ele justificou por que não viajará mais junto à delegação
brasileira aos Estados Unidos. O nome de Mercante estava previsto na
lista de brasileiros que iriam representar o País.
O
ministro negou que o cancelamento da passagem teria se dado por causa da
reportagem de Veja. Mercadante afirma que "nunca mais" conseguiu viajar
depois de se tornar ministro da Casa Civil, "nem pra são paulo para ver
minhas netas", confidenciou. Ele alega ainda que não tomou o avião
porque a agenda no Senado na próxima semana está muito cheia com
assuntos importantes e porque fazia questão de justificar as acusações
envolvendo seu nome. "Eu quero estar aqui, eu quero explicar todas as
vezes que necessário, eu quero transparência", afirmou.
A
revista aponta que o atual ministro teria recebido R$ 250 mil de Ricardo
Pessoa não declarados, segundo delação do próprio dono da UTC. O
dinheiro foi doado na campanha do petista ao governo do estado de São
Paulo em 2010, quando Mercadante perdeu para Geraldo Alckmin (PSDB). O
atual governador de São Paulo "também recebeu das empresas, R$1,4 milhão
pela Constran e pela UTC, devidamente prestados contas na Justiça
Eleitoral", fez questão de enfatizar Mercadante.
O principal
ministro da presidente garantiu que não houve ilegalidades e desafiou os
jornalistas a entrarem no site da Justiça Eleitoral e verificarem
recibos já declarados. Mercadante confirmou que recebeu R$ 500 mil em
duas parcelas de R$ 250 mil, mas diz ter declarado as quantias. Ele
também defendeu a inocência prévia das empreiteiras, que não deveriam
ser condenadas e consideradas inidôneas sem provas. "Não há nenhuma base
jurídica, nem haverá (para isso)", disse.
"Depois de ter o
dano reparado, tomarei as medidas judiciais cabíveis", disse ainda
Mercadante, dando a entender que processará o líder da UTC ou a revista
que divulgou trechos da delação premiada.
Críticas e economia
Questionado
se as recentes denúncias prejudicariam a atração de investimentos
estrangeiros, como os que o governo brasileiro busca nos EUA, Mercadante
disse: "se crítica da imprensa brasileira prejudicasse investimentos no
Brasil, nós não teríamos nos tornado a quinta maior economia do mundo",
disse. "Nós estamos no limite do que nós poderíamos fazer para
amortecer uma crise internacional", afirmou ainda o ministro, destacando
a importância do ajuste fiscal e acordo de fundo de investimentos com a
China assinado nesta sexta de US$ 20 bilhões.
Mercadante
também comentou a parceria política com o PMDB, a quem chamou de "um
partido estratégico para a coalizão", elogiando a atuação do
vice-presidente da República e peemedebista Michel Temer na articulação
política para a aprovação de matérias para o ajuste fiscal.
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